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Rodas de conversa e exposições marcam o Dia da Consciência Negra no Ifal Penedo
Por Emerson Lima (estagiário de Jornalismo) e Lidiane Neves
O Instituto Federal de Alagoas – Campus Penedo celebrou o Dia da Consciência Negra (20 de novembro) na última quarta-feira (19), com uma programação diversificada que movimentou a área de convivência nos turnos da manhã e da tarde. Organizadas pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), as atividades reuniram estudantes, servidores e convidados em rodas de conversa, apresentações musicais, exposições e painéis que estimularam a reflexão sobre as raízes, heranças e vivências da população negra e a necessidade diária de combate ao racismo.
Após a abertura do evento com a fala do coordenador do Neabi, Marcos Paixão, o público participou da roda de conversa ministrada por Lucimar Ângelo, educador e membro do Quilombo do Oiteiro, reconhecido pela Fundação Cultural Palmares desde 2006. Com mediação da professora Taciana Santos, ele falou sobre como a comunidade, localizada na zona urbana de Penedo, é um território que guarda histórias de resistência e uma presença viva na identidade da cidade.
Na sequência, estudantes que integram o Grupo Artifal e professores fizeram apresentações musicais. Completou a programação da manhã, o professor do curso de Direito da Faculdade Raimundo Marinho, Ulisses Pinheiro, que conduziu a roda de conversa “Racismo e injúria racial no contexto escolar: um olhar do direito”, mediada pelo docente Filipe Augusto.
A proposta, segundo Ulisses, foi falar um pouco sobre esses dois crimes previstos na legislação brasileira, explicar as diferenças entre eles e abordar como incidem em nossa sociedade, as formas de coibi-los e as instituições que existem para proteger as vítimas.
“São delitos de preconceito que vão de encontro a nossa Constituição Federal, que é antirracista”, pontuou, referindo-se ao Inciso IV, art. 3º da CF de 1988, que estabelece como um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
“Embora tenhamos uma grande parcela da nossa população de cor preta, é uma população que ainda é considerada minoria por sofrer muitos dos resquícios da história”, evidenciou Ulisses, reconhecendo que houve avanços na legislação. “Temos diversos instrumentos legais para proteger as vítimas desse racismo, e não só pelo direito penal, mas também por uma lei protetiva, onde entram as redes de apoio, os núcleos dentro das instituições, que servem para amparar a vítima e combater o racismo estrutural no dia a dia, principalmente com muita educação, muito acesso à informação e conscientização do que esse tipo de delito pode trazer na vida das pessoas”, concluiu.
Ações do Neabi
No turno da tarde, a área de convivência foi transformada em palco para que o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas apresentasse os resultados de parte das suas atividades realizadas ao longo do ano. Uma das exposições foi sobre a Monitoria do Neabi, conduzida pelos próprios estudantes bolsistas: Iannara Costa, Vinícius Santos e Nathália Oliveira. “A ideia é que a apresentação também incentive outros alunos, despertando neles o interesse em se tornar monitores”, explicou o coordenador Marcos Paixão.
O trabalho de monitoria executado pelos bolsistas e voluntários consiste em ajudar na realização das atividades do núcleo, produzir material digital, intercambiar informações com os estudantes e cumprir expediente na sala do Neabi para acolher quem procura o setor.
Em outro espaço da área de convivência, o público também acompanhou a apresentação do painel “Grau de curvatura de cabelos afro”, que teve orientação da professora Kleyse Galdino. A partir de fotos de estudantes da própria comunidade acadêmica, a equipe de monitores explicou as características, classificações e significados socioculturais das diferentes categorias de ondulação e crespamento afro. “O objetivo foi mostrar a diversidade capilar que existe dentro do campus”, enfatizou uma das monitoras.
Sob a coordenação da professora Selma Bezerra, uma outra exposição incluiu bordados produzidos pelas alunas Maria Fernanda e Thifani July. O trabalho envolveu a confecção de peças que dialogam com identidade, memória e expressões da cultura negra.
Os resultados de duas visitas técnicas promovidas pelo Neabi ao povoado de Ponta Mofina, em Penedo, e à Serra da Barriga, em União dos Palmares, encerraram a programação do dia. Sobre Ponta Mofina, território de importância histórica para os penedenses, foram compartilhadas impressões e aprendizados por meio de fotos e relatos. A apresentação do painel teve como mediadores os estudantes Nathália Lima, Raíssa Santos, Flávio Guilherme e Maria Vitória.
A abordagem sobre a visita à Serra da Barriga ocorreu em uma roda de conversa mediada pelo professor Wellinghton Santos, no auditório do Ifal Penedo. A partir do que conheceram no Parque Memorial Quilombo dos Palmares, os participantes da visita refletiram sobre o legado do maior símbolo da resistência negra no Brasil, destacando a força histórica do território e a importância de vivenciar in loco esse patrimônio afro-brasileiro.
“Cada estudante que vai numa visita dessa, a nossa intenção é que, em alguma medida, ele seja um agente multiplicador das informações que lá eles vivenciam. Então, essas apresentações visam isso, multiplicar informações, tanto da atividade que o Neabi fez, como dos elementos que compõem, que fazem parte das comunidades visitadas”, ressaltou o professor Marcos Paixão.