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Neabi do Ifal Penedo promove visita técnica à comunidade de Ponta Mofina
À medida que se aproxima o Novembro Negro, mês dedicado à valorização da cultura afro-brasileira e à reflexão sobre as lutas antirracistas, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) do Instituto Federal de Alagoas – Campus Penedo destaca uma de suas ações preparatórias: a visita técnica à comunidade de Ponta Mofina, realizada nos dias 13 e 14 de setembro.
A atividade envolveu 22 estudantes do campus, selecionados por meio de sorteio, e teve como objetivo promover o reconhecimento e a valorização das culturas afro-brasileiras e indígenas, além de estimular o debate sobre identidade, pertencimento e combate aos estereótipos raciais. A ação também buscou ampliar o olhar dos participantes para as expressões culturais presentes no cotidiano, para além das manifestações tradicionalmente associadas às matrizes africanas e indígenas.
Na visita de dois dias ao povoado localizado na zona rural de Penedo, o grupo visitou pontos de relevância histórica e cultural, como a Casa dos Ex-votos, antigo portal religioso de entrada da comunidade; a Casa de Farinha de Dona Sônia, uma das últimas do tipo na região; a Capela de São José, datada de 1773 e marcada por uma lenda popular sobre o “sequestro” de São José por agricultores locais; e o Cruzeiro Vivo, único cruzeiro ainda em funcionamento na região.
No primeiro dia de atividades, os participantes também se reuniram em rodas de conversa com agricultores e agricultoras da comunidade, que compartilharam saberes sobre as tradições, as práticas econômicas e o modo de vida em Ponta Mofina. À noite, os alunos participaram da tradicional Festa de Exaltação à Santa Cruz, principal evento cultural e religioso do povoado, celebrado com carimbó, dança da peneira e banda de pífano, além de comidas típicas e milho assado na fogueira.
No último dia, antes do retorno ao Ifal Penedo, houve ainda passeios de barco e a cavalo. A visita à Ponta Mofina foi guiada pelo condutor local Edenilson Alves da Silva e acompanhada pelos professores Marcos Paixão, Carlos Marcelo e Évelyn Pôssa, todos membros do Neabi.
Para além da vivência, a experiência teve caráter formativo e artístico. “A ideia é que os registros fotográficos e escritos produzidos pelos estudantes sejam apresentados em uma exposição no Ifal Penedo durante a programação do Mês da Consciência Negra, em novembro”, disse o professor de Sociologia, Marcos Paixão.
Segundo o docente, a proposta da atividade partiu da compreensão de que as manifestações culturais de povos negros e indígenas não se limitam a símbolos tradicionais ou estereotipados. “Neste trabalho, buscamos reconhecer e valorizar expressões culturais afro-indígenas presentes nas festas religiosas locais, nas formas de trabalho comunitário, na oralidade e nos modos de vida típicos que resistem e se reinventam cotidianamente”, destacou Paixão, completando que foram dois dias de imersão cultural que permitiram ao grupo aprender com a comunidade, valorizar suas tradições e fortalecer os vínculos entre o Ifal e o povoado de Ponta Mofina.