Êxito do primeiro estágio em laboratórios do Ifal Penedo abre caminho para fortalecer oferta

A rotina de trabalho e estudos remotos dominou quase o ano de 2020 inteiro. No entanto, antes que as atividades presenciais no Ifal Penedo fossem suspensas, em razão da pandemia da Covid-19, uma prática pioneira no campus já havia se concretizado. Durante os cinco meses que antecederam a suspensão das aulas, a estudante Karoline Marielle Dantas, do curso técnico em Açúcar e Álcool, fez seu estágio profissional dentro da própria instituição, sendo a primeira aluna concluinte a desenvolver essa experiência em laboratórios do campus.

Nos meses seguintes, já de forma remota em sua casa no povoado Ponta da Ilha, ela se dedicou à elaboração do relatório de estágio, apresentado no final de dezembro como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), sob a orientação da professora Taciana Santos e coorientação do técnico em Química, Jean Nascimento. Juntamente com o técnico em Meio Ambiente, Carlos Miranda, Jean também foi supervisor das atividades desenvolvidas por Karoline nos laboratórios de Química Geral, Química Analítica Instrumental, Química Orgânica e Microbiologia.

De aprendiz à profissional

Ao longo dos cinco meses em que vivenciou a rotina desses laboratórios do Ifal Penedo, a agora técnica em Açúcar e Álcool pôde aplicar conhecimentos teóricos obtidos em sala de aula e aprimorar habilidades e competências, sem precisar sair do campus. “Na parte da manhã, eu era a aluna Karoline. À tarde, a estagiária que proibia a entrada de pessoas sem jaleco ou sem sapato fechado nos laboratórios. Inclusive, me acharam até chata por tentar fazê-las cumprir todas as normas de segurança”, disse rindo, ao lembrar de um dos conhecimentos aplicados e seguidos à risca por ela.

As atividades, que totalizaram 400 horas de prática profissional, eram pré-estabelecidas pelos supervisores, e a estudante também auxiliava no trabalho de montar as aulas práticas de cada semana, com base nos protocolos enviados pelos docentes à equipe técnica. “Aprendi a manusear vários equipamentos e a importância da organização em cada laboratório. Uma coisa é você ser aluna, onde você está ali aprendendo. Outra, é colocar em prática tudo o que aprendeu e ainda ter a chance de passar sua experiência para outras pessoas”, afirmou Karoline.

A recém-formada técnica destacou que a experiência do estágio a fez confirmar a área de atuação escolhida. “Sempre tive a vontade de estagiar em laboratório, porque amo essa parte do curso. Já sabia que nos 4º anos havia essa possibilidade, mas geralmente era estágio em usinas da região. Então, quando me chamaram para falar da chance de estagiar no próprio campus, mesmo não sendo remunerado, eu fiquei muito feliz. Para mim, foi sensacional porque era algo que me interessava muito e eu tinha conseguido”, disse a jovem de 21 anos, que fez as provas do Enem neste início de 2021 e já se decidiu pela graduação em Química.

“Como orientadora, pude ver a evolução profissional da aluna, que passou a frequentar os laboratórios sob outra perspectiva, absorvendo a rotina desses ambientes, as preocupações em seguir as normas, em oferecer segurança e qualidade para os alunos, durante as aulas e demais atividades, internalizando conceitos aprendidos em sala de aula”, destacou a professora Taciana. Ela também ressaltou os ganhos para a instituição. “Foi também positivo para o campus, visto que a aluna efetivamente contribuiu para a realização das atividades, ainda que como aprendiz e sob supervisão”.

O coorientador e supervisor do estágio, Jean Nascimento, compartilha da fala da docente e espera que o Ifal Penedo possa estabelecer novas oportunidades de estágio interno e consolidar essa oferta nos próximos anos. “Não falo só como técnico, mas também como um ex-aluno. Considero o estágio em laboratório um diferencial no currículo do estudante, para que continue atuando na área. Sobre o impacto dessa experiência no Ifal, entendo o estágio como um processo de aprendizagem indispensável. Fornecê-lo faz parte do nosso papel como instituição: ensinamos e colocamos em prática”.

Antigo anseio do Campus Penedo

Quem quer iniciar no mercado de trabalho, sabe que a falta de experiência pode dificultar essa inserção. Nesse sentido, o estágio realizado na fase final do processo de formação técnica ou superior surge como uma oportunidade de romper um ciclo, já que a maioria das vagas de emprego no mercado exige experiência. E, sem a chance de uma primeira, o profissional terá sempre dificuldades em conquistar uma vaga.

Considerando a pouca disponibilidade de estágios na região onde Penedo está inserida, oferecer esse tipo de experiência aos estudantes, dentro do próprio Ifal, representa um grande passo e a concretização de um antigo anseio da comunidade acadêmica. “Essa prática já é adotada por outros campi, a exemplo de Maceió, e nós estávamos perdendo essa oportunidade, pois temos infraestrutura e profissionais capacitados para supervisionar os estagiários”, afirmou José Paulo Gonzaga, coordenador de Extensão do Campus Penedo, pasta que agrega ações relacionadas a estágios e egressos.

A iniciativa foi tomada no segundo semestre de 2019, quando a referida coordenação passou a disponibilizar um formulário on-line, de caráter permanente, para que estudantes dos cursos técnicos manifestassem interesse em estagiar e, a partir das vagas que surgissem, fossem indicados a ocupá-las. Essa espécie de banco de estágio foi criada tanto para atender as vagas internas que estavam sendo planejadas, quanto para facilitar o encaminhamento dos alunos a empresas localizadas em Penedo ou cidades circunvizinhas.

Para as vagas de estágio supervisionado abertas no campus, três alunas foram inicialmente selecionadas, com base no perfil informado no formulário on-line. “Utilizamos como critério de seleção a ordem de inscrição, mas priorizando estudantes concluintes. Logo no início do estágio, duas das alunas selecionadas acabaram desistindo porque já tinham concluído o TCC, e somente a Karol foi quem continuou até o final”, explicou José Paulo.

Na apresentação do relatório de estágio como trabalho de conclusão, ocorrida de forma remota pelo Google Meet, Karoline Marielle foi aprovada com média 9,0. A banca avaliadora teve como membros a equipe de orientação formada por Taciana e Jean, e a professora Martha Suzana Rocha, atual coordenadora do curso técnico em Açúcar e Álcool.

Segundo o coordenador de Extensão, uma vez finalizada com êxito essa primeira experiência, o objetivo é continuar com a oferta e intensificar a prática, se possível, até aumentando o número de vagas a cada ciclo, conforme a disponibilidade dos supervisores e orientadores. “Dentro do critério de formação dos cursos técnicos que o Ifal Penedo oferta, o estágio nos laboratórios é muito bom para a formação profissional dos alunos, e penso que os espaços de aprendizagem do campus devem ser também aproveitados para essa prática mesmo”, concluiu José Paulo.