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Atividades do 4º Quilombos de Ontem e Hoje movimentam área de convivência do Ifal Penedo

Evento reuniu projetos do Neabi apresentados em roda de conversa, oficina, roda de samba e exposições de arte e fotografia
por Lidiane Neves publicado: 30/11/2023 19h28, última modificação: 04/12/2023 16h44

O mês da Consciência Negra foi celebrado no Instituto Federal de Alagoas – Campus Penedo com mais uma edição do Quilombos de Ontem e Hoje. As atividades presenciais programadas aconteceram na última terça-feira, 28, com a apresentação de projetos do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) executados em 2023. O evento reuniu as equipes de estudantes e docentes orientadores, na área de convivência, para que pudessem compartilhar suas iniciativas com a comunidade acadêmica.

Um dos projetos envolve a produção do conto Domingo Ensolarado, de autoria do aluno Israel Lucas, do 3º ano do curso técnico em Química integrado ao ensino médio. O texto escrito por ele, sob a orientação dos professores Marcio Abreu (Sociologia) e Aguimario Pimentel (Língua Portuguesa), agrega uma série de representações da cultura afro-brasileira.

Os professores Agrumario Pimentel e Marcil Abreu com o aluno Israel Lucas.A iniciativa foi compartilhada no formato roda de diálogo. Na ocasião, Israel Lucas falou sobre suas motivações, referências e processo criativo. “Domingo Ensolarado é uma história que se passa no Tabuleiro dos Negros [comunidade quilombola de Penedo], foi inspirada num ambiente rural e conta um momento entre dois personagens que são afrodescendentes, que é a Samarina e o Jeremias”, resumiu o autor. A produção literária está na fase final e ganhará uma versão ilustrada com desenhos da aluna Kaylhane Vasconcelos, voluntária do projeto.

Oficina de finalização de cabelos com estudantes do projeto de pesquisa Encrespando as Ideias.Na apresentação do projeto de pesquisa “Encrespando as ideias: relação entre racismo e a dificuldade de aceitação dos cabelos no Ifal Penedo”, o momento incluiu uma oficina de finalização de cabelos conduzida pelos bolsistas Yara Pereira e Mário Daniel Alves e pelo voluntário Paulo André Rocha. Com orientação da professora Eliza Vianna (História), o projeto está em andamento desde junho e já foi levado ao 7º Encontro Nacional de Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Enneabi), que aconteceu em setembro deste ano, em Minas Gerais (CLIQUE AQUI para ler notícia sobre o assunto).

Para ouvir, cantar e dançar

As atividades na área de convivência também contaram com uma roda do projeto Samba em Prelúdio. Para uma plateia que não hesitou em mostrar samba no pé, os integrantes da ação artístico-cultural vinculada ao Neabi fizeram uma apresentação musical contextualizada com breves digressões sobre história e estilos do samba.

Roda de samba para apresentar o projeto Samba em Prelúdio.No repertório escolhido, estava a composição Pelo Telefone, de Mauro de Almeida e Donga, consagrada na história cultural brasileira como a primeira música a ser registrada e gravada como samba, em 1916. As outras foram: Zé do Caroço, composta e originalmente interpretada por Leci Brandão; Carinhoso, de Pixinguinha; Tiro ao Álvaro, de Adoniran Barbosa; Conto de Areia, eternizada na voz de Clara Nunes; Não Deixe o Samba Morrer, interpretada por Alcione; e Deixa a Vida Me Levar, composta por Serginho Meriti e Eri do Cais e famosa na voz de Zeca Pagodinho.

A equipe do projeto é formada pelos estudantes Adrian Gama e Maria Clara e pelos professores Marcio Abreu e Marcos Paixão (Sociologia). Na ocasião, o grupo contou com a participação especial do aluno Mário Daniel e a colaboração do docente Wcleuton Oliveira (Educação Física).

Para ver, apreciar e aprender

Exposição do projeto Bordando Nossas Raízes.Duas exposições completaram a programação do Quilombos de Ontem e Hoje: a do projeto Bordando Nossas Raízes, orientado pela professora Selma Bezerra (Língua Inglesa), e a da visita ao povoado Pixaim, comunidade quilombola de Piaçabuçu (AL). Na primeira, o público pôde conferir os trabalhos de bordado em bastão executados pela estudante Natália Vilela, com a colaboração dos colegas Denis Lourenço e Vinícius Feitosa de Lira.

Filha de bordadeira profissional, Natália tem uma relação com a arte desde os 5 anos de idade. Hoje aos 15, como aluna do Ifal Penedo, ela teve a oportunidade de unir suas habilidades de bordar à mão com o conhecimento adquirido sobre povos tradicionais, a partir do projeto vinculado ao Neabi, o qual integra como bolsista. Os bordados feitos por Natália buscam retratar parte da rotina dessas populações. Mulheres da Nascente, Pescador de Memórias, Cotidiano na Roça, Artesão da Farinhada e Roda de Arte Negra são alguns dos títulos dados aos trabalhos que ficaram expostos durante o evento na área de convivência.

Equipe do projeto Bordando Nossas Raízes.

A outra exposição trouxe fotografias dos estudantes que participaram da visita técnica ao Quilombo Pixaim, último povoado banhado pelas águas do rio São Francisco. A ida à comunidade que vive sobre dunas em uma área próxima à foz do Velho Chico, em Piaçabuçu, aconteceu no início de novembro.

“Inicialmente, levaríamos o grupo de 19 estudantes sorteados para uma visita à Serra da Barriga, em União dos Palmares, mas houve problemas com nosso micro-ônibus e tivemos que mudar os planos. O que foi também positivo, pois os alunos puderam conhecer uma comunidade quilombola próxima, até então, desconhecida pela maioria do grupo”, explicou a professora Selma, que está à frente da coordenação do Neabi do Campus Penedo.

Exposição fotográfica resultado da visita à comunidade quilombola Pixaim, em Piaçabuçu (AL).Além das imagens captadas pelos olhares dos estudantes, a exposição intercalou as fotos com depoimentos sobre suas impressões durante a visita. Os trechos impressos evidenciaram que, para alguns, o contato com o Quilombo Pixaim representou descobertas, uma espécie de acesso ao novo, ao que é alheio. Para outros, o sentimento foi de encontro.

“Ser, se perceber, se sentir representado. É através de fazeduras como essa que nos conectamos com nossos antepassados. Poder vivenciar e ouvir histórias de pessoas sábias que carregam no sangue uma história de luta e resistência faz com que o processo de autoaceitação seja mais leve. Como mulher preta e quilombola, é sempre um prazer viver experiências que me façam lembrar de que a cultura a que pertenço é extremamente riquíssima e de peso incalculável”, trouxe o depoimento exposto da aluna Yara Pereira.