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Estudantes do Ifal Penedo apresentam projeto de pesquisa do Neabi em encontro nacional
Por Imarlan Gabriel (estagiário de Jornalismo)*
Entre os dias 14 e 16 deste mês, o Instituto Federal de Alagoas (Ifal) participou do 7º Encontro Nacional de Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Enneabi) e grupos correlatos da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. O evento aconteceu no Campus São João del-Rei do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste MG), reunindo delegações de todas as regiões do país.
Do Campus Penedo, a comitiva do Ifal contou com três discentes, que levaram a experiência do projeto de pesquisa “Encrespando as ideias: a relação entre racismo e a dificuldade de aceitação dos cabelos no Ifal Penedo”. O trabalho foi elaborado e apresentado pelos estudantes do 3º ano dos cursos técnicos integrados ao ensino médio, Yara Pereira (Meio Ambiente), Mário Alves (Meio Ambiente) e Paulo Rocha (Química).
A apresentação foi feita oralmente e com o auxílio de um pôster para uma plateia composta por pessoas de diferentes unidades da Rede Federal, além dos avaliadores. “Foi importante levar o projeto ao encontro, porque o evento abrange muito mais gente e de todo lugar do Brasil, além de Alagoas. A experiência de estar lá foi inovadora e revigorante. Ver tanta gente nova e de várias etnias é algo muito bom. O que mais me marcou foram as apresentações, porque nós vemos cada dia mais o nosso espaço sendo conquistado e tomando proporções gigantescas”, disse o aluno Paulo Rocha.
O projeto de pesquisa levado ao Enneabi foi aprovado no edital 02/2023 do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) do Ifal Penedo. Ainda em fase inicial e sob a orientação da professora Eliza Vianna, a pesquisa tem como objetivo mostrar a relação entre a discriminação a cabelos crespos e cacheados e a influência desse preconceito no processo de aceitação dos cabelos, principalmente os de pessoas negras. Inserindo a discussão no ambiente escolar, o grupo busca saber o que pensam os estudantes do campus sobre o assunto e fazê-los conhecer os diferentes tipos de cabelos, com ênfase nos crespos e cacheados, através da representatividade de pessoas públicas.
“O projeto é importantíssimo, pois percebe-se a dificuldade de aceitação dos discentes e de cidadãos do município [de Penedo], assim como a carência de representatividade na vida dos mesmos. Buscamos promover uma consciência de pertencimento e de aceitação de pessoas negras partindo dos cabelos e desmascarar o racismo estrutural que está enraizado na sociedade e na mídia. Promover o conhecimento acerca da temática vai além da comunidade onde se inicia e se aplica o projeto. Tem importância para toda comunidade historicamente oprimida”, explicou a aluna Yara Pereira.
O grupo acredita que a pesquisa pode colaborar para o aumento da autoestima das pessoas com relação ao cabelo delas e aceitação do cabelo de outras pessoas, além de ajudar na quebra de estereótipos e ensinar os estudantes a agir de modo respeitador, dentro e fora do campus, tornando os ambientes educacionais mais harmônicos e respeitosos. Para isso, entre as ações do projeto estão: rodas de conversas, elaboração de cartazes, criação de formulários e outras atividades que promovam o combate ao racismo nas ações cotidianas.
Os estudantes do Campus Penedo viajaram para participar do evento no ônibus disponibilizado pela Coordenação de Ações Inclusivas (CAI) do Ifal, setor ligado à Pró-Reitoria de Ensino (Proen), que coordena, além dos Neabi’s da instituição, os núcleos de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (Napne) e de Gênero, Diversidade e Sexualidade (Nugedis). Segundo a coordenadora da CAI, Bárbara Guerreiro, a comitiva do Ifal que marcou presença no 7º Enneabi contou com 29 pessoas, entre estudantes e servidores de oito campi (Arapiraca, Batalha, Coruripe, Murici, Palmeira dos Índios, Penedo, Piranhas, Satuba) e da reitoria.
O encontro nacional e o papel dos núcleos**
O 7º Enneabi trouxe como tema principal a “Rede Federal na Encruzilhada: entre resistências e reconstruções”, com a proposta de discutir o papel dos institutos federais no cotidiano escolar com relação aos fenômenos excludentes que envolvem a discriminação racial, de gênero, sexualidade, religião, entre outras. A perspectiva é de que tais práticas discriminatórias prejudicam o acesso, a permanência e o sucesso escolar dos estudantes que pertencem aos grupos discriminados.
Daí, entram o papel dos núcleos dedicados aos estudos afro-brasileiros e indígenas, como os Neab’s e Neabi’s, que têm se tornado importantes espaços para discussão e aprimoramento de conversas sobre a temática no ambiente escolar. Os núcleos reconhecem que ainda precisam resistir ao racismo estrutural e institucional que permeia a sociedade e as instituições educacionais. Mas, eles também veem uma reabertura do diálogo em nível federal, para que as pautas identitárias e os processos de inclusão possam fazer mais parte do cotidiano educacional e permitir pensar em reconstrução.
(*) Sob a supervisão de Lidiane Neves
(**) Com informações do site do evento: www.even3.com.br/enneabi_eras2023