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Projeto aponta alternativa para descarte de resíduos orgânicos das feiras livres

publicado: 06/12/2019 15h18, última modificação: 06/12/2019 15h21
Exibir carrossel de imagens Arquivo pessoal Poliana da Silva, Evely Gabriele e Mayara Ferreira durante a realização do projeto de extensão

Poliana da Silva, Evely Gabriele e Mayara Ferreira durante a realização do projeto de extensão

Uma feira livre é o termômetro social do consumo dos produtos mais acessíveis, em relação  a preço e a facilidade de negociação entre vendedor e clientes de uma cidade e de um bairro. Contudo, para os alunos do Campus Benedito Bentes,  por trás de uma jornada diária de montagem e desmontagem de barracas e tendas, há aspectos longe da vista dos consumidores que, na maioria das vezes, passam também despercebidos pelos feirantes  e que, se não houver orientação podem comprometer a saúde dos consumidores e também dos negociantes.

 Deste modo, dois projetos de extensão realizados pelos estudantes do Ifal Benedito Bentes tiveram como foco o principal ponto de venda de produto que é o mercado público do bairro localizado na parte alta de Maceió. Um deles foi divulgado neste espaço no dia 27 do mês passado (veja a reportagem) e a ação envolve alunos do curso técnico de Logística que pesquisaram as formas de armazenamento dos produtos no local. Paralelo a esse foco, estudantes do curso técnico de Enfermagem colocaram em prática o projeto Saúde na Feira para identificar vários fatores sobre as condições sanitárias do local e dos alimentos vendidos aos compradores.

O projeto foi realizado no ano passado e a coleta de dados junto aos feirantes feita pelas alunas Poliana da Silva Nascimento, Evely Gabriele dos Santos e  Mayara Eduarda Ferreira contribuiu para revelar um problema crônico e que, na avaliação delas precisa ser solucionado por meio de outras frentes de extensão que é o descarte dos resíduos orgânicos produzidos.

Ação começou em março de 2018 e foi realizada por quatro meses na área de hortifruti do mercado público do BeneditoTestes do  sistema de compostagem Bentes. Setenta feirantes foram consultados e, por meio dessa quantidade, realizou-se um mapeamento da área para identificar cada dos vendedores e o espaço  onde vendiam seus produtos. Os primeiros indicativos de que era necessário a atuação do projeto Saúde em Feira foram percebidos, a partir de análise que detectou a inadequação de conhecimentos dos vendedores quanto à higiene, a falta de profilaxia (prevenção de doenças), de biossegurança, de descarte de resíduo orgânico e não-orgânico e do aproveitamento dos produtos alimentares ofertados. 

Segundo Evely Gabriele foi necessário identificar as formas de manipulação, armazenagem , transporte e descarte dos insumos orgânicos  para se estabelecer medidas preventivas. Na primeira etapa do projeto, aplicou-se estratégicas de educação em saúde para facilitar o trabalho e promover ações de prevenção aos feirantes, principalmente quanto ao processo de contaminação de produtos.

Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 50% da população mundial tem parasitoses  intestinais e que afetam 36% da população brasileira, sendo 53% das crianças. As verminoses são veiculadas pelas mãos que não são higienizadas e por alimentos contaminados e atingem todas as camadas socioeconômicas. “A prevenção, o tratamento e o controle de verminoses podem ser feitas a partir da adoção de medidas simples no cotidiano familiar e domiciliar”, recomenda  Poliana Nascimento.

As formas de manipulação, armazenamento e transportes de alimentos são importantes fatores  propiciadores de contaminação por agentes veiculadores de doenças e, por isso, a razão da prática do projeto Saúde em Feira  ser evidenciada pelas alunas do campus.

Educação em Saúde

Identificados os problemas, as alunas, orientadas pelos professores Salomão França e Paulyanne Magalhães, desenvolveram atividades  de educação em saúde, por intermédio da distribuição de folhetos sobre boas práticas, além de  iniciarem a coleta de dados. “Outra dificuldade encontrada foi que a maioria dos feirantes era analfabeta e passamos a utilizar folhetos ilustrativos com dicas sobre a higienização das mãos, exposição de mercadorias e contaminação dos produtos.Também expusemos um banner na feita com essas orientações”, explicou Evely Gabriele.

Conhecendo sistema de compostagem do Campus SatubaA segunda etapa do projeto consistiu da solução para o gerenciamento dos resíduos orgânicos  e, para isso, as alunas desenvolveram uma composteira doméstica, instrumento utilizado para reaproveitar  o material orgânico descartado e transformá-lo em adubo. A experiência foi adquirida em uma visita técnica ao Campus Satuba. 

“Houve bastante dificuldade de convencimento dos feirantes sobre a solução encontrada por descrédito que  eles tinham no próprio poder público quanto à questão do descarte de lixo orgânico. Isso impactou na adesão ao projeto por parte dos feirantes cadastrados. Para eles, não adiantava fazerem sua parte enquanto os órgãos de controle de limpeza urbana não fazia a sua. Daí identificamos a necessidade de o projeto ser associado a outros cursos ou disciplinas  em relação à conscientização ambiental no local”, ressaltou Polianna Nascimento.

Como funciona o sistema de composteira doméstica

A composteira doméstica transforma resíduos orgânicos em húmus a ser usado como adubo de plantas. Para as alunas, o material desenvolvido no campus e usado entre os feirantes teria um retorno de 100%, pois  não exigiria gastos financeiros ao ser colocado em prática. “Para isso, realizamos oficinas em cada banca da feira para apresentar o produto e sobre como os resíduos orgânicos deveriam ser gerenciados e, no final seria aproveitado um líquido utilizado como biofertilizante, além do adubo.

Produtos alimentos expostos na feira livreNa avaliação das alunas, o projeto Saúde em Feira rendeu-lhes  frustrações, mas também vontade de prosseguir a ação atingindo outras frentes do ponto de vista da saúde e do meio ambiente. “A frustração vem da participação das pessoas envolvidas. Dos 60 feirantes, somente dois utilizam o sistema de composteira doméstica devido a fatores como, a  baixa instrução,o descrédito no poder público e o comércio ambulante, pois alguns deles são deslocados, frequentemente para outras localidades. No entanto, a análise que faço é de que o projeto é transformador social que contribuiu bastante para meu crescimento, uma oportunidade rentável que o Ifal me ofereceu”, declarou Poliana da Silva.