Você está aqui: Página Inicial > Campus > Benedito Bentes > Notícias > Pesquisa avalia Lei Maria da Penha no ensino técnico integrado
conteúdo

Notícias

Pesquisa avalia Lei Maria da Penha no ensino técnico integrado

Tema fez parte da sétima defesa do Mestrado em Educação Profissional do Ifal

por Gerônimo Vicente Santos publicado: 03/07/2020 12h38, última modificação: 03/07/2020 12h38
Exibir carrossel de imagens Reprodução Google Meet Aplicação da Lei Maria da Penha nos cursos técnicos integrados foi o produto educacional de Lidiane Barbosa.

Aplicação da Lei Maria da Penha nos cursos técnicos integrados foi o produto educacional de Lidiane Barbosa.

 

A Lei Maria da Penha como ação afirmativa no combate à violência contra a mulher no contexto do ensino médio integrado foi tema da sétima defesa de dissertação do mestrado em Educação Profissional (Profept-Ifal) ofertado pelo Instituto Federal de Alagoas, no Campus Benedito.A apresentação do trabalho ocorreu no dia 27 de junho, por intermédio de  videoconferência pela mestranda Lidiane Barbosa Bonfim sob a orientação da professora Géssika Cecília Carvalho da Silva.

O produto educacional apresentado por Lidiane Bonfim propõe estratégias de enfrentamento e de prevenção contra a violência contra a mulher com envolvimento da comunidade escolar. Por isso, a mestranda estabeleceu como proposta uma sequência didática que aborda a questão da violência de gênero no contexto do cursos técnicos integrados ao ensino médio de Agroecologia e de Agroindústria, ofertados pelo Campus Murici, localizado a 40 quilômetros de Maceió.

Na ocasião, foi investigado o modo como a temática é discutida na disciplina de Sociologia, as metodologias de ensino aplicadas e se essas são suficientes para o aprofundamento do conhecimento dos alunos. “Elegemos a Pesquisa-ação como instrumento metodológico e, para o levantamento dos dados, foi utilizado o questionário, aplicado a docentes e discentes de ambos os cursos que serviu de base para o desenvolvimento da sequência didática como produto educacional. Concluiu-se que a temática é trabalhada, porém as metodologias existentes não são suficientes para o aprofundamento da mesma, tendo em vista o exíguo tempo semanal que a disciplina dispõe”, afirmou a mestranda.

Lidiane Bonfim acredita que a pesquisa realizada contribui para uma formação dos alunos mais humanizada e comprometidas com os problemas sociais que afligem certos grupos, para ela, historicamente excluídos como é o caso das mulheres. “Não basta que a educação profissional e tecnológica desenvolvida pelos Institutos Federais forme apenas para o mercado de trabalho, como sugere a própria nomenclatura. É preciso ter em mente, sempre, a ideia de omnilateralidade que um ensino integral proporciona, na medida em que viabiliza o desenvolvimento das potencialidades humanas, facilita a apreensão e difusão do conhecimento e, por consequência, forma cidadãos mais ativos e participativos no processo de tomada de decisões em sua comunidade”, ressaltou a concluinte do mestrado Profept-Ifal, durante a defesa.

Sequência didática

O projeto educacional foi intitulado “Sequência Didática: discutindo a violência contra a mulher no contexto do Ensino Médio Integrado” com o objetivo de investigar as práticas de ensino que vêm sendo aplicadas em aulas de Sociologia no Ifal – campus Murici, na abordagem da temática violência de gênero, de modo a contribuir com o aprimoramento e inovações dessas práticas educativas, visando a conscientização social, a formação proativa dos discentes e, consequentemente, uma mudança positiva no sentido da diminuição dos casos de violência contra a mulher.

O produto educacional se constituiu de três aulas sobre a temática. A primeira com exposição de imagens de violência contra a mulher e apresentação musical. A segunda, de apresentação de um documentário sobre o tema e a terceira de exposição de cordel. Além das imagens de vítimas de violência doméstica, houve apresentação da música “Coração pede Socorro”, interpretada pela cantora Nayara Azevedo e o documento “Porque ela não denuncia”.

Questionários foram aplicados junto aos alunos e professores do Campus Murici sobre a Sequência Didática e o resultado apontou que 81% dos alunos consultados consideraram satisfatório a aplicação da temática na sala de aula, 61% responderam que as aulas podem contribuir para a mudança de comportamento dos jovens em relação à violência contra a mulher e 84% disseram que o estudo da canção aplicada em sala de aula foi necessário para o aprendizado deles. Já os professores apresentaram como satisfatório o estudo da Lei Maria da Penha no formato aplicado durante as aulas como também o documento exibido. Mas os docentes não avaliaram a música como suficiente para o aprendizado dos estudantes.

Nas considerações finais, Lidiane Bonfim conclui que buscou se aproximar da realidade vivenciada no campus Murici para desconstruir a ideia de centralidade dos cursos técnicos voltados para o mercado de trabalho para direcionar os esforços na promoção de uma formação mais humana, identificou também que a violência de gênero é pouco explorada no cotidiano escolar e que as práticas pedagógicas existentes não fornecem suporte necessário para a apropriação do conhecimento, de maneira satisfatória já que, segundo ela, o fator tempo é o grande empecilho para isso.

A banca examinadora da defesa foi composta pelos professores Edson Peixoto de Vasconcelos Nerto (UEPB), Cristiano das Neves Bordat (Ufal), Ana Paula Santos de Melo Fiori (Ifal) e Géssika Cecília Carvalho da Silva (Orientadora).