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Pesquisa avalia Lei Maria da Penha no ensino técnico integrado
Tema fez parte da sétima defesa do Mestrado em Educação Profissional do Ifal
![Aplicação da Lei Maria da Penha nos cursos técnicos integrados foi o produto educacional de Lidiane Barbosa.](https://www2.ifal.edu.br/campus/benedito/noticias/pesquisa-avalia-lei-maria-da-penha-no-ensino-tecnico-integrado/mestrado-profept/@@images/bfb2c9a8-653e-4af7-b5c3-9613ae465541.jpeg)
Aplicação da Lei Maria da Penha nos cursos técnicos integrados foi o produto educacional de Lidiane Barbosa.
A Lei Maria da Penha como ação afirmativa no combate à violência contra a mulher no contexto do ensino médio integrado foi tema da sétima defesa de dissertação do mestrado em Educação Profissional (Profept-Ifal) ofertado pelo Instituto Federal de Alagoas, no Campus Benedito.A apresentação do trabalho ocorreu no dia 27 de junho, por intermédio de videoconferência pela mestranda Lidiane Barbosa Bonfim sob a orientação da professora Géssika Cecília Carvalho da Silva.
O produto educacional apresentado por Lidiane Bonfim propõe estratégias de enfrentamento e de prevenção contra a violência contra a mulher com envolvimento da comunidade escolar. Por isso, a mestranda estabeleceu como proposta uma sequência didática que aborda a questão da violência de gênero no contexto do cursos técnicos integrados ao ensino médio de Agroecologia e de Agroindústria, ofertados pelo Campus Murici, localizado a 40 quilômetros de Maceió.
Na ocasião, foi investigado o modo como a temática é discutida na disciplina de Sociologia, as metodologias de ensino aplicadas e se essas são suficientes para o aprofundamento do conhecimento dos alunos. “Elegemos a Pesquisa-ação como instrumento metodológico e, para o levantamento dos dados, foi utilizado o questionário, aplicado a docentes e discentes de ambos os cursos que serviu de base para o desenvolvimento da sequência didática como produto educacional. Concluiu-se que a temática é trabalhada, porém as metodologias existentes não são suficientes para o aprofundamento da mesma, tendo em vista o exíguo tempo semanal que a disciplina dispõe”, afirmou a mestranda.
Lidiane Bonfim acredita que a pesquisa realizada contribui para uma formação dos alunos mais humanizada e comprometidas com os problemas sociais que afligem certos grupos, para ela, historicamente excluídos como é o caso das mulheres. “Não basta que a educação profissional e tecnológica desenvolvida pelos Institutos Federais forme apenas para o mercado de trabalho, como sugere a própria nomenclatura. É preciso ter em mente, sempre, a ideia de omnilateralidade que um ensino integral proporciona, na medida em que viabiliza o desenvolvimento das potencialidades humanas, facilita a apreensão e difusão do conhecimento e, por consequência, forma cidadãos mais ativos e participativos no processo de tomada de decisões em sua comunidade”, ressaltou a concluinte do mestrado Profept-Ifal, durante a defesa.
Sequência didática
O projeto educacional foi intitulado “Sequência Didática: discutindo a violência contra a mulher no contexto do Ensino Médio Integrado” com o objetivo de investigar as práticas de ensino que vêm sendo aplicadas em aulas de Sociologia no Ifal – campus Murici, na abordagem da temática violência de gênero, de modo a contribuir com o aprimoramento e inovações dessas práticas educativas, visando a conscientização social, a formação proativa dos discentes e, consequentemente, uma mudança positiva no sentido da diminuição dos casos de violência contra a mulher.
O produto educacional se constituiu de três aulas sobre a temática. A primeira com exposição de imagens de violência contra a mulher e apresentação musical. A segunda, de apresentação de um documentário sobre o tema e a terceira de exposição de cordel. Além das imagens de vítimas de violência doméstica, houve apresentação da música “Coração pede Socorro”, interpretada pela cantora Nayara Azevedo e o documento “Porque ela não denuncia”.
Questionários foram aplicados junto aos alunos e professores do Campus Murici sobre a Sequência Didática e o resultado apontou que 81% dos alunos consultados consideraram satisfatório a aplicação da temática na sala de aula, 61% responderam que as aulas podem contribuir para a mudança de comportamento dos jovens em relação à violência contra a mulher e 84% disseram que o estudo da canção aplicada em sala de aula foi necessário para o aprendizado deles. Já os professores apresentaram como satisfatório o estudo da Lei Maria da Penha no formato aplicado durante as aulas como também o documento exibido. Mas os docentes não avaliaram a música como suficiente para o aprendizado dos estudantes.
Nas considerações finais, Lidiane Bonfim conclui que buscou se aproximar da realidade vivenciada no campus Murici para desconstruir a ideia de centralidade dos cursos técnicos voltados para o mercado de trabalho para direcionar os esforços na promoção de uma formação mais humana, identificou também que a violência de gênero é pouco explorada no cotidiano escolar e que as práticas pedagógicas existentes não fornecem suporte necessário para a apropriação do conhecimento, de maneira satisfatória já que, segundo ela, o fator tempo é o grande empecilho para isso.
A banca examinadora da defesa foi composta pelos professores Edson Peixoto de Vasconcelos Nerto (UEPB), Cristiano das Neves Bordat (Ufal), Ana Paula Santos de Melo Fiori (Ifal) e Géssika Cecília Carvalho da Silva (Orientadora).