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Mesa redonda no campus discute diversidade sexual e de gênero e cobra mais respeito e direitos
Em mais uma atividade da disciplina de Língua Portuguesa, lecionada pela professora Káthia Leite, o Campus Benedito Bentes promoveu na tarde de quinta-feira (18) uma Roda de Conversas, desta vez, sob a temática: “Arte, Cultura e Diversidade Sexual e de Gênero: por mais respeito e direitos. O evento ocorreu no auditório do campus com a participação dos alunos do curso técnico em Logística e teve a presença de duas mulheres trans, um homem trans e um gay. A atividade foi alusiva à celebração do mês de combate à LGBTFobia, lembrado no dia 17 deste mês
Participaram da mesa Isis Florescer, mulher trans e autora do livro premiado “Segunda Pele”, Roniel Rodrigues, homossexual, graduando em Pedagogia, integrante do Centro Acadêmico de Pedagogia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e secretário geral da Artgay em Alagoas; Augusto Romeiro, homen trans negro, professor de História, estudante de Economia e pesquisador e Luz Vasquez, psicanalista, advogada, pós-graduada em Direito da Família, membra da comissão de Diversidade Sexual e Gênero da OAB.O público foi formado por estudantes e servidores da unidade de ensino do Ifal.
Isis Florescer explicou o processo de transgeneridade e afirmou parao público presente, que não é o corpo que vai definir o comportamento sexual de alguém. “ O público LGBTQI + sempre existiu desde os tempos romanos, passando pela Idade Média e alcançou a américa e a África. No entanto, por influência da religião, especificamente da igreja católica, esse público sofreu preconceito, perseguição, ameaças e tortura”, afirmou a escritora.
Os avanços obtidos no mundo deveu-se, segundo Ísis, à Declaração Universal dos Direitos Humanos, quando a ONU (Organização das Nações Unidas) se preocupou com os direitos civis e sociais, no período pós-guerra mundial.A escritora referiu-se ainda às escolhas políticas pelos eleitores, por meio de políticos que não têm compromisso com a sociedade.
O Homem trans Augusto Romeiro explicou que o processo de transformação foi bastante doloroso, porque teve que trabalhar para cuidar da mãe e da casa, antes de se casar com uma mulher.Exemplificou casos de preconceito no trabalho. Romeiro declarou que passou por um longo processo de terapia, depois que tomou hormônios para ganhar feições masculinas.Formado em Economia, Augusto pretende fazer mestrado na área para se tornar professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal)
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Luz Vasquez também contou sua experiência e disse que buscou na qualificação buscar novos espaços para ser reconhecida. Raniel Rodrigues afirmou que desistiu do curso técnico para curso Pedagogia na Ufal onde desponta, segundo ele, como líder como Centro Acadêmico.Ela citou para os estudantes, a importância de encarar a luta pelos direitos sociais, a partir do movimento estudantil.
Ao contarem suas histórias de vidas, os convidados intencionaram despertar o público sobre as dificuldades de convivência social que têm devido a opção sexual que escolheram. "É preciso ter consciência crítica e entender o seu papel como ser humano em um grupo social para promover as mudanças necessárias e que busquem a igualdade das pessoas, independentemente de credo, raça ou de gênero. Tivemos vários avanços nas últimas décadas, principalmente no Brasil, um país historicamente conservador, mas precisamos todos os dias derrubar estereótipos que nos afeta e atingir a toda uma minoria desprezada pela classe dominante", declarou Isis Florescer.
Barreiras estruturais
O evento teve a finalidade de transmitir iniciativas que combatam o preconceito por meio do acolhimento, da educação e da mobilização. A união civil entre pessoas do mesmo sexo é assegurada por uma decisão do Supremo Tribunal Federal e a Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda aos governos de todo o mundo garantir medidas para promover a igualdade e deter as barreiras estruturais que enfrentam as pessoas com orientações sexuais e identidades de gênero diversas.
As pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e gênero-diversas estão desproporcionalmente representadas entre pobres, pessoas em situação de rua e que não têm atenção médica. Essas pessoas foram profundamente afetadas no período de pandemia.
Segundo o Observatório Nacional de Saúde Integral LGBT, o Brasil é um dos países que mais mata pessoas LGBTI+ e pouco tem sido feito para mudar esse panorama. Pessoas LGBTI+ têm que lidar com violências que marcam seus corpos e tiram suas vidas, mas as violências invisíveis são igualmente preocupantes e matam tanto quanto as violências mais explícitas.
Os serviços de saúde que deveriam acolher essas pessoas são locais onde elas não se sentem seguras. Muitas pessoas que se reconhecem enquanto LGBTI+ evitam buscar qualquer auxílio com medo de sofrer mais violência e também porque ainda temos profissionais de saúde despreparados para atender às demandas dessa população e isso se traduz em obstáculo para o acesso a um direito muito básico: o direito à saúde.