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Mesa redonda discute a importância dos canabinóides para uso terapêuticos e medicinais

Bacharelandos em Ciências Biológicas da Ufal expõem aspectos históricos, sociais e científicos dos fármacos

por Gerônimo Vicente Santos publicado: 26/10/2023 11h52, última modificação: 26/10/2023 11h52

Alunos do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Alagoas ( Ufal) expuseram na manhã de quarta-feira (25),  “Os Mitos e Verdades sobre os  Canabinóides”, a partir de aspectos sociais, médicos e científicos  para os estudantes do curso técnico subsequente em Enfermagem do Campus Benedito Bentes do Instituto Federal de Alagoas (Ifal). O evento ocorreu a partir de uma parceria entre a coordenação do curso técnico em Enfermagem e a graduação de Ciências Biológicas da Ufal, sob a orientação da professora Eliane Campesatto. A realização do evento vinha sendo discutida desde o primeiro semestre deste ano com a coordenação do curso. Participaram da exposição, a coordenadora do curso, Roseanne Nobre, as professoras Kely Rocha e Patrícia Cavalcante e a coordenadora de Assistência Estudantil, Alessandra Vieira. 

“Esta ação está relacionada a uma  disciplina implantada há pouco tempo na Ufal e que trabalha com os fármacos. A ACE1 atua com plantas medicinais e comestíveis e a  ACE2 está relacionada aos fármacos que têm ação depressora. Então, nós falamos  sobre os canabinóides de uma forma  científica e  de histórico social e medicinal. Não se trata de fazer apologia ao uso da maconha, muito  menos  para esquecer todo o histórico que essa planta representa. Depois de muitos trabalhos, muitos estudos científicos, foi possível encontrar fármacos  que têm aplicação farmacológica de forma muito simples”, explicou a professora. 

A tecnologia canabinóide é utilizada para classificar  as substâncias derivadas da cannabis sativa ou compostos sintéticos  que possuem a capacidade de  atuar em receptores canabinóides. Em 1960 foram identificados e isolados  os principais componentes bioquímicos da planta pelo professor e pesquisador israelense  Raphael Mechoulam. Mais de 80 canabinóides foram encontrados em todas as extremidades da cannabis sativa, segundo a explanação de um dos bacharelandos.

Histórico

Os estudantes universitários começaram a apresentação com os aspectos históricos e sociais e citaram livros como  “Shennong  Bencaojing” e "Divino Agricultor" como referências iniciais sobre o uso do canabidiol entre os anos 206 a 206 antes de Cristo. 

No Brasil, a planta chegou  em 1500, ano do descobrimento, e a maconha  era conhecida como cânhamo. Dados apresentados pelos estudantes revelaram que esta variedade de plantas era utilizada nas velas das naus e caravelas portuguesas. A maconha fumada chegou ao Brasil, a partir de 1549 por intermédio de escravizados de Angola que transmitiram o cultivo aos indígenas de acordo com os relatos dos alunos. Ainda nos aspectos históricos, o grupo estudantil  explicou que  por milhares de anos, a planta teve  seu uso liberado e recomendado. Houve modificação na metade do século 19 e, na ocasião, a planta era tida como lícita, sendo o uso para fins medicinais, inclusive com anúncios na imprensa. Após a 2ª Guerra Mundial, houve um levante cultural no mundo e artistas assumiram o uso de forma aberta. O Brasil fazia parte deste movimento. Deste modo, conforme explanação, o uso da maconha saiu das classes marginalizadas e ganhou espaçona classe média branca.

Contexto científico

Um levantamento domiciliar realizado em 2001 sobre o consumo de psicotrópicos mostrou que 6,7% da população já havia experimentado maconha pelo menos uma vez. Pessoas internadas  por intoxicação aguda ou dependência da maconha  não ultrapassaram a 300 por ano no período de 1997 a 1998. Em contrapartida, as internações por álcool totalizaram 119.906 no mesmo período.

Os canabinóides são produzidos naturalmente pelo corpo, segundo  os estudantes  que  expuseram sobre  o tema. Durante as explicações para os  alunos e alunas do Campus Benedito Bentes, os universitários  citaram os dois receptores dos canabinóides, como o CB1 receptor e CB 2. O primeiro emite sinais para os neurônios, enquanto o outro emite sinais para as células. Recebem o sinal do CB1, os pulmões, o sistema vascular, o trato gastrointestinal, o sistema imunológico, a medula óssea. O CB2 emite sinais para  o baço, fígado, pâncreas e medula óssea.

De acordo a exposição do grupo de estudantes, os benefícios dos canabinóides para a saúde humana são,  mediante a utilização desses fármacos nos casos de epilepsia refratária ao reduzir as frequências de convulsões, na esclerose múltipla, para aliviar os sintomas de espasticidade muscular, dor e disfunção urinária e doença de Crohn e colite ulcerativa, nos quais os canabinóides demonstram potencial de redução na inflamação. 

Na exposição, os estudantes  afirmaram que  a Lei antidroga  proíbe em todo o território nacional  qualquer  tipo de uso  de vegetais e substratos  dos  quais possam ser extraídas  ou produzidas drogas. A trajetória  de  discussão para a legalidade dos canabinóides  no Brasil teve início em 1998, e a Resolução  2.324 de   outubro de 2022 aprovou o uso do canabidiol para tratamento de epilepsia da criança e do adolescente  refratárias das terapias convencionais na Síndrome de Dravet e Lennox-Gastaut e no Complexo de Esclerose Tuberosa. Com a nova legislação, a importação de produtos com cannabis medicinal cresceu 93% nos últimos meses, apontam  os dados da Anvisa.

Em Alagoas a Assembleia Legislativa de Alagoas,, promulgou em novembro de 2022, a lei de número 8.754, permitindo o acesso universal ao tratamento de saúde com produtos de cannabis e seus derivados. Sendo assim, o Estado passa a fomentar a pesquisa sobre o uso medicinal e industrial de medicamentos com o canabidiol (conhecido popularmente como CBD), substância extraída da planta cannabis sativa, que atua no sistema nervoso central. 

Os alunos do curso técnico subsequente em Enfermagem assistiram atentos às explanações dos bacharelando  do curso de Ciências Biológicas da Ufal e destacaram a importância dos canabinóides para fins medicinais.. Ao final, os estudanrtes do ifal participaram de uma dinâmica sobre verdades e mitos sobre os canabinóides.