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Evento sobre campanha Setembro Amarelo conscientiza público no combate ao suicídio

"Vamos falar sobre isso?. A temática despertou interesse em docentes, profissionais de saúde, estudantes e comunidade externa

por Gerônimo Vicente Santos publicado: 14/09/2021 12h38, última modificação: 14/09/2021 12h41
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Mais de 60 pessoas participaram do debate no dia mundial do combate ao suicídio

 Uma pessoa no mundo comete suícidio a cada 40 segundos. No Brasil, 35  tiram a vida a cada dia, a maioria jovens. Esses dados alarmantes foram tema de um debate online promovido no dia 10 deste mês, dedicado ao combate  ao suicídio, pela Coordenação de Apoio Acadêmico do Campus Benedito Bentes do Instituto Federal de Alagoas (Ifal). Com o tema: Suicídio: vamos falar sobre isso?, o evento reuniu estudantes, professores, servidores técnicos administrativos, profissionais de saúde e a comunidade externa. Participaram como palestrantes, a técnica em enfermagem e gestora do campus Alessandra Vieira, a coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário Cesmac, Evanisa Helena Maio de Brum e Tamira Faustino, voluntária do Centro de Valorização à Vida (CVV), entidade não-governamental de apoio emocional.

Alessandra Vieira foi a  primeira a apresentar e discutir o tema e destacou algumas expressões utilizadas e que podem  resultar em fatores prejudiciais a uma pessoa que tente se suicidar. 

Na noite do evento online foi o dia de uma campanha mundial de combate ao suicídio. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 35  pessoas se suicidam por dia no Brasil, número que supera os casos de mortes por aids ou por câncer. 

Em sua exposição, a técnica em Enfermagem, Alessandra Vieira  apresentou dados importantes sobre  os casos de suicídios no Brasil, mas, antes disso, fez uma pergunta à plateia online: O que você pensa, quando ouve a palavra suicídio? As respostas foram variadas e, entre as palavras citadas estavam: depressão, coragem, ansiedade, angústia, desespero, desistência, etc. A partir de então, a profissional de saúde apresentou os dados alarmantes sobre o suicídio como o de que, no mundo a cada 40 segundos uma pessoa perde a vida para o suicídio. No Brasil, esses casos ocorrem a cada 46 minutos. “Esse encontro nosso vai durar uma hora e meia  e, enquanto estamos conversando sobre este assunto, duas pessoas teriam cometido suicídio”, exemplificou Alessandra Vieira.

O fato  evidencia que os casos ocorrem a cada momento e não apenas no mês de setembro. “Segundo a OMS, 32 pessoas se suicidam no Brasil por dia. Por ano, este total chega até 13 mil, o que significa que o suicídio mata mais do que doenças como a aids e o câncer, essas últimas  com campanhas durante o ano inteiro”, explicou. 

O motivo de falar sobre o  suicídio é uma forma de entender a situação de quem passar por esse momento, porque, de acordo com a apresentação da técnica em Enfermagem, o assunto é envolto a tabus e, por isso é na opinião dela, necessário ajudar as pessoas nesta condição, a partir do momento em que o caso é identificado.

Durante o evento, foi relatado um referencial histórico  dos casos de suicídios, a partir  da Filosofia grega que considerou o suicídio um crime brutal, das referências religiosas, onde o suicídio foi considerado como pecado e da era moderna, quando se observou que o suicídio decorre de transtorno mental.

A relação da pandemia da Covid-19 também foi relatada pela primeira palestrante do evento. Segundo a OMS, os casos de coronavírus no mundo também são fatores de risco para o suicídio, o que incita, segundo a profissional de saúde,  a discussão mais aberta sobre o assunto. “ Há casos de ansiedade, angústia e depressão, especialmente entre os profissionais de saúde. Somam-se a isso, questões como violência, transtornos, consumo de álcool, abusos de substâncias e sentimento de perda que podem contribuir para que uma pessoa decida tirar a própria vida”, ressaltou.

Na palestra, Alessandra Vieira destacou algumas expressões que não se pode dizer a uma pessoa disposta a cometer suicídio. “São palavras muito comuns que alguém já falou ou já ouviu o outro falar”, acrescentou, exemplificando-as:

 

 

 

 

 

1.”Quem pensa em suicídio tem a mente fraca” -

Não julgue

2. “Pense positivo!” . 

Apenas não diga isso que não resolve

3. “Sua vida é melhor do que a de muita gente".

A sensação de desesperança é individual e intransferível.

4. “Quem quer se matar não avisa, vai e faz” .

Parece mais incentivo do que ajuda ao desafiá-la.

5. “Porque você está pensando em se matar?” 

Pergunta carregada de julgamentos e pode ser devastadora para quem se sente na obrigação de dar explicações.

Mas,  de que forma falar?  A técnica em Enfermagem explica que  uma simples pergunta seria acolhedora na ajuda a uma pessoa com tendência suicida; Você poderia falar mais sobre isso? “Nesse caso, você não está fazendo uma pergunta especulativa nem julgamento e  se abrindo para ouvir o que aquela pessoa deseja falar  naquele momento que você se mostre disponível, mesmo que a pessoa não queira falar”, explicou.

UM PROBLEMA DE TODOS

A palestra seguinte  foi da psicóloga Evanisa Helena Maio de Brum, pós-e coordenadora que expôs o tema: “Suicídio, um problema de todos nós” Para ela, o suicídio é um transtorno multidimensional e que corresponde um tipo de violência autodirigida e os fatores ambientais  são mais preponderantes para a prática do que  questões biológicas. “É importante pesquisar esses ambientes porque é neles que podemos trabalhar para atenuar a situação”, explicou Evanisa Brum.

A professora  destacou ainda, durante a palestra, os estados emocionais de uma pessoa com tendência suicida, caracterizados pela ambivalência, impulsividade e pela rigidez. “O suicídio é um fenômeno impulsivo. É um rompante que a pessoa tem e, é preciso intervir antes dessa impulsão. Quanto à rigidez, muitas vezes são pessoas que têm pensamentos e afetos mais rígidos. Se a gente pensa no “é tudo ou nada” é uma questão de rigidez e sem saída”, destacou.

Os quatros sentimentos principais de quem pensa em se matar, de acordo com a apresentação da pesquisadora, são; depressão, desesperança, desamparo e desespero.

Dados apresentados durante o debate, mostram que o quadro econômico mundial também influencia nos casos de suicídio. Segundo Evanisa Brum, 1,4% de todas as  mortes ocorridas no mundo, em 2016 foram relacionadas ao suicídio, sendo 79% desse índices de mortes ocorridos em países de média e baixa renda. O tipo de transtorno mental é  18ª causa de mortes no mundo. Entre os jovens entre 15 a 29 anos, é a segunda causa de mortes.

Os comportamentos de risco entre jovens e adultos jovens são, aqueles que contribuem para lesões não intencionais e violência, uso de tabaco, uso de álcool e outras drogas, comportamentos sexuais de risco, inatividade física, comportamento de risco no trânsito, envolvimento em brigas e presença de transtornos mentais. Algumas características para o aumento de risco de suicídio na depressão são: insônia persistente, negligência dos cuidados pessoais, doença-grave, déficit de memória,  agitação e ataques de pânico.

188: O NÚMERO DO APOIO EMOCIONAL

A última palestra foi Tamira Faustino, voluntária do Centro de Valorização à Vida (CVV), uma entidade que já existe desde 1962. A partir de 2003, a OMS junto IASPS (Associação Internacional do Estudo da Dor) iniciaram o 10 de setembro, dedicado ao combate ao suicídio. 

O CVV tornou-se um movimento de conscientização. “Hoje em dia nós  conseguimos falar, porque o suicídio sempre foi ladeado por muitos tabus, porque as pessoas, antes  eram rotuladas como loucas”, explicou.

Com o passar dos anos, a entidade teve atendimento de doação de alimento e de várias formas  e hoje dispõe do número de 188 é gratuito, funciona 24 horas todos os dias com um profissional para atender a pessoas nesta situação. “Se, por exemplo, alguém que se sinta só no réveillon, basta ligar e temos um serviço de apoio emocional para atender”, declarou Tamira Faustino.

  • São 4 mil voluntários, cerca de 3 mil atendimentos por ano. Há sigilo, porque, segundo a palestrante, o  voluntário não sabe com que fala. É uma organização não-governamental que dá apoio emocional e que atende a todos os tipos de pessoas de forma acolhedora sem julgamento, há 60 anos, explicou Tamira Faustino.

Durante o evento foi aberto espaço para questionamentos do público online e, a maioria avaliou  o evento como bastante explicativo e conscientizador.