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Docente e alunos do curso técnico em Enfermagem refletem sobre a pandemia e o legado da vacinação

por Gerônimo Vicente Santos publicado: 21/01/2021 09h46, última modificação: 21/01/2021 09h56

 Um navio americano chamado Hope e que desembarcou em Maceió em 1973 com cerca de 300 profissionais de saúde trouxe, naquela ocasião, a esperança de salvar vidas  humanas, quase perdidas, em um estado com precariedades expostas nas áreas de saúde, saneamento, educação e habitação requisitos esses essenciais para que o poder público ofereça qualidade vital para uma população. A embarcação  chamada Esperança, na língua portuguesa e comandada pelo casal de médicos Martin e Lori Shearn, cumpriu, rigorosamente o seu papel ao recuperar milhares de alagoanos com doenças crônicas e expostas, além de crianças desnutridas .Antes de voltar aos Estados Unidos, a equipe estimulou a reforma de um prédio inacabado e sujo na capital alagoana e o transformou em  uma clínica ambulatorial com 75 leitos. A oportunidade fez com que muitos pais  levassem, pela primeira vez naquela ocasião, seus filhos aos médicos e aproveitassem para serem consultados. Essas ações da equipe do Hope foram concluídas em 1974 e como legado delas,  foi criado o curso de Enfermagem em Alagoas.

Vários profissionais de nível superior e  médio  dessa área de cuidados e proteção à  vida das pessoas foram formados, a partir dessas instituições de ensino, quer sejam públicas ou privadas. Todavia, nenhum deles havia vivenciado um desafio humanitário e ocupacional tão grave como nesses últimos dez meses de pandemia da Covid-19  no país e que, somente em Alagoas, provocou a morte de mais de 2100 vidas. Se o técnico em Enfermagem, diretamente  na linha de frente no combate ao coronavírus, vivenciou momentos angustiantes nesse período, esse profissional  já vislumbra alívio com a chegada da vacina, porque, diretamente, também está na vanguarda do processo de imunização. 

Como essas circunstâncias tão adversas têm refletido na vida acadêmica do curso técnico em Enfermagem como o queProfessor Salomão França é  ofertado pelo Campus Benedito Bentes do Instituto Federal de Alagoas (Ifal)? O professor Salomão Patrício França, doutor e mestre em Ciências e coordenador do curso na unidade de ensino, dá a resposta  e a direciona aos  estudantes: “Tenho falado pra eles. Prestem muito a atenção neste momento histórico que vocês estão vivendo. Daqui há uns anos, este momento será escrito em livros e todos vocês estão tendo a oportunidade de vivenciar esta experiência”, explicou o docente.

Na opinião do professor,  passar por uma pandemia enquanto profissional ou aluno de saúde, principalmente os de enfermagem, é muito enriquecedor, tanto do ponto de vista pessoal, quanto do ponto de vista ocupacional. Para ele, todo esse  processo resultará em um aprofundamento maior nas disciplinas que permeiam a Saúde Coletiva e a Epidemiologia que já são trabalhadas no campus juntas com a Bioestatística e a Saúde Ambiental.

"Tenho falado pra eles. Prestem muito a atenção neste momento histórico que vocês estão vivendo. Daqui há uns anos, este momento será escrito em livros e todos vocês estão tendo a oportunidade de vivenciar esta experiência”.
Prof. Salomão França

No processo de imunização, o professor do Ifal avalia que o esforço  unindo nações e saberes para a chegada da vacina foi a novidade dessa vacinação em relação a outras etapas de erradicação de doenças no mundo.”Isto fez com que o tempo fosse reduzido.As novas tecnologias também ajudaram muito e fizeram toda a diferença”, acrescentou.

A pandemia deixou expostas as dificuldades de atuação profissional na área de enfermagem, notadamente dos técnicos em enfermagem. Esses aspectos ganharam visibilidade na mídia nacional, porém sob a ótica depressiva e sempre nos momentos mais críticos da doença. “Com a chegada da vacina, esperamos inicialmente o respeito e valorização de todos. Realmente fazemos a diferença na promoção de saúde e proteção da vida. Além de, obviamente, recebermos o respaldo da liderança política do País e dos governantes locais. Sem oportunidade de trabalho e com a mercantilização e precarização do labor da enfermagem, não haverá a chance de desenvolver bons trabalhos e obtermos bons resultados frente à população”, opinou o professor. 

Futuros profissionais

Carlos Henrique Lima, estudante de EnfermagemOs alunos  do curso técnico em Enfermagem do Campus Benedito Bentes  vêem a pandemia e o início da imunização como um grande aprendizado para o futuro exercício profissional. Na opinião de Carlos Henrique Lima, 25 anos e estudante do terceiro período, “a pandemia evidenciou as problemáticas que giram em torno da enfermagem, como as longas horas de trabalho, a falta de uma lei que garanta o descanso, mas também  possibilitou que as pessoas tomassem conhecimento desta prática da enfermagem. Falta muito, mas pouco a pouco estamos caminhando para uma ganhar valorização”.

Sobre o processo de aprendizagem, Henrique destacou que o momento mais  importante foi ter acompanhado o processo de fabricação da vacina. "Sabemos da importância da vacinação para a prevenção conjunta, infelizmente nós temos múltiplas realidades e que precisam ser evidenciadas em saber científico para que juntos a gente chegue a um consenso”, declarou.

Já o aluno Breno Gomes Monteiro, 18 anos e que cursa o quarto período, disse que, como estudante, aprendeu nestaBreno Monteiro, estudante de Enfermagem pandemia que ainda há ainda ausência de informação e conscientização das pessoas sobre a gravidade  da doença. O estudante destacou que a anti-informação, ou seja, as fakes-news sobre a vacinação, têm dificultado o trabalho dos profissionais e sobrecarregado o sistema de saúde, por meio da superlotação dos centros de internação hospitalares. “Vejo os técnicos da enfermagem e toda linha de frente como heróis que estão dando sua vida e saúde para salvar pessoas, apesar da desvalorização profissional ainda existente. Tenho orgulho de, futuramente, ser como eles.