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Dicas para cuidar da saúde mental em um ano letivo atípico
A pandemia de Covid-19 e o distanciamento social mudaram muitas rotinas no decorrer deste ano e essas alterações exigem uma atenção maior com a saúde mental. É importante investir em uma alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos e também ter um cuidado especial para manter a mente saudável neste período. A psicóloga Jussara Ramos do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), campus Arapiraca destaca algumas orientações, confira!
1 – Entenda que alguns sintomas são considerados “normais” nesta nossa vivência “anormal”. Um quadro de isolamento social superior a dez dias já pode causar consequências psicológicas consideráveis e isto somado à ruptura ou à perda da rotina usual podem gerar, principalmente, frustração e tédio, o que muitas vezes é confundido com um falso estado depressivo diante da sensação de isolamento. Logo, não se desespere e tente readequar essa nova rotina, esse novo momento de vida, tendo a certeza de que é passageiro e tentando focar no que de positivo este momento pode estar trazendo. Por exemplo: nesse tempo tivemos o aumento do convívio e do vínculo familiar, a diminuição da correria e estresse do dia a dia, inclusive com o tempo gasto no trânsito, tivemos a oportunidade de crescer em maturidade, valorizar as coisas simples da vida, valorizar a saúde, o cuidar e o tempo para melhorar o contato com nossa essência interior por meio de reflexão, entre outras coisas.
2 – Seja mais crítico com as informações. Busque fontes confiáveis e adequadas, tomando as decisões baseadas nesse tipo de conteúdo e, principalmente, abdique de estar sempre em contato com informações altamente negativas.
3 – Estabeleça uma nova rotina diária (rotina saudável de sono e mantenha uma alimentação saudável. Além disso, divida o tempo em cursos e leitura de livros – que são bons exercícios cognitivos; pratique atividade física e meditação, que ajudam a liberar o estresse. Divida bem os momentos do dia e não foque em hora ou misture as atividades dos períodos. Por exemplo: período da manhã reservo para estudar ou trabalhar, período da tarde reservo um momento para atividade física, período noturno reservo um momento para o lazer, alguma atividade que me seja prazerosa e construtiva). E respeite seu ciclo circadiano, o relógio biológico.
4 – Faça boas escolhas! Foque em conteúdos e práticas que possam restabelecer a confiança em si mesmo, na capacidade de superação (como, por exemplo, experiência anterior, espiritualidade, etc).
5 – Limite o tempo gasto em mídias e redes sociais (principalmente gerenciando melhor o que se vê).
6 – Controle o consumo de bebidas (energéticos, bebidas que contenham cafeína e bebidas que contenham álcool).
7 – Siga as determinações de saúde, se puder fique em casa, mas mantenha uma relação de proximidade com colegas e familiares. Hoje temos a opção de chamadas de vídeo. E lembre de não ficar só trancado no quarto ou escritório, o convício familiar é importante.
8 – Evite o consumismo (principalmente tenha cuidado com a facilidade das compras online).
9 – E o mais importante: preste atenção nos próprios sentimentos e pensamentos. Entender os próprios limites; como estou lidando com tudo isso? Que estratégias tenho utilizado? Quais meus recursos íntimos?
A psicóloga ainda explica que a instabilidade do cenário local e mundial em decorrência da pandemia, o volume de informações, a incerteza e as mudanças constantes podem gerar queda na capacidade de concentração, sensação de letargia e diminuição do interesse para realizar atividades cotidianas. No entanto, é possível utilizar recursos internos para se adaptar a este momento.
“Como recado aos educadores, além do que já foi citado acima, é sugerido o que se vem falando em toda a reunião de equipe: a quantidade de atividades não deve ser excessiva, esse é um momento altamente denso emocionalmente e requer uma reserva emocional que muitas vezes não é facilmente alcançável por nossos alunos. A nossa carga emocional não é a mesma neste período e por diversos fatores como perdas, dificuldade financeira, acesso insuficiente à internet, espaço físico domiciliar insatisfatório, dificuldade para manter a privacidade, convivência familiar complicada, distanciamento dos colegas dentro do ambiente escolar (rede de amigos), interferências domésticas que envolve ter que estudar (ou até trabalhar) em casa, e etc. Logo, uma sobrecarga de atividades somadas a este período só tende a levar os adolescentes à improdutividade, à sensação de impotência, à desmotivação e à incapacidade. E a piorar (ou emergir) quadros psicopatológicos”.
“Precisamos focar no que de bom podemos tirar de tudo isso e lembrar que se trata de um momento, uma fase. E como toda fase difícil, devemos focar não no problema, mas na solução, nas estratégias positivas que podemos utilizar para que possamos enfrentar o problema da melhor maneira possível, tendo a certeza de que vai passar”, finaliza Jussara.