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Servidores colaboram com a comunidade na luta por causas humanas e animais
Professor e técnicos atuam no combate à pobreza, à fome e os excessos de consumo da humanidade
Bartolomeu Honorato e Gabriela Rodrigues - jornalistas
Em mais uma reportagem do Talentos da Casa”, vamos conhecer a trajetória de três servidores dos campi Maceió e Penedo que vêm se engajando em atividades de proteção à causas indígenas, animais e das necessidades básicas da comunidade da qual fazem parte.
Mas foi pensando além de seu círculo social que a assistente em administração Elessandra Dias, do Campus Maceió, passou a atuar em assistência à etnia Xucuru Kariri, localizada na Mata Cafurna, no município de Palmeira dos Índios. O projeto oferece semanalmente um sopão para crianças e idosos indígenas residentes na aldeia.
“É enriquecedor contribuir, ser útil para quem tanto precisa, nossa alma se agiganta”. É com essas palavras que define a sua atuação como voluntária responsável pela entrega de mudas de plantas para o projeto beneficente Magia da Terra. A oportunidade surgiu quando conheceu a líder indígena Koran Xucuru, conhecida como “Meizinheira”, uma mestra dos saberes populares sobre cura e manutenção da saúde, por meio do uso plantas medicinais.
“Tive contato com Koran no ano passado numa oficina que aconteceu em um sítio em Ipioca sobre o uso medicinal das plantas e soube do sopão para a comunidade. Entrei em contato com ela, perguntando como poderia ajudar com o projeto e ela me pediu que conseguisse as ervas medicinais”, relata Elessandra.
Naquele momento, a servidora mobilizou amigos e órgãos governamentais e conseguiu 300 doações de mudas, obtidas a partir de doações e do apoio da Universidade Federal de Alagoas, com o projeto Arboretum, e da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado.
A ação comunitária transformou-se no projeto de extensão. “A natureza sagrada das plantas medicinais” busca a promoção da saúde e valorização da tradição cultural das comunidades indígenas de Alagoas. A perspectiva é de interagir com a comunidade, pesquisando sobre o uso das principais plantas medicinais usadas pelas comunidades indígenas em Alagoas e como eles aplicam na saúde em práticas terapêuticas e culturais.
“Com o apoio do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), a ação vai se estender para outras comunidades, como o município de Pariconha. E a gente aprende muito! Eles têm muitos ensinamentos ancestrais. É um prazer estar com eles procurando incorporar um pouco dessa sabedoria. É uma experiência de troca, na qual nós doamos, mas recebemos muito mais em atenção, experiência e aprendizado, principalmente por conta da forma como somos acolhidos”, destaca a servidora.
Aptidões à serviço da fé e da comunidade
Para Sérgio Henrique Barros, suas aptidões não devem ficar restritas ao trabalho, como técnico em audiovisual do Campus Maceió, ele aproveita seu talento como músico e comunicador para auxiliar a comunidade da qual faz parte.
“Em 2010, assumi o pastorado da Igreja Batista com o objetivo de promover apoio espiritual à comunidade e desenvolver trabalhos sociais para amenizar os impactos decorrentes do ambiente e das condições financeiras desafiadoras, da maior parte dos moradores da Utinga”, conta Sérgio.
A Utinga é um bairro de Rio Largo e tem esse nome por conta da usina Utinga Leão, que conta com mais de 100 anos de atuação no ramo sucroalcoleiro de Alagoas. O local se tornou o ponto de atuação de Sérgio, que logo virou líder comunitário e um pastor atuando diretamente no apoio social e espiritual a famílias carentes do local.
Na comunidade, o servidor atua no atendimento a famílias mais necessitadas, na distribuição de cestas básicas e medicamentos, em ações de acolhimento e orientação espiritual, na mobilização de ações com médicos e enfermeiros em prol da saúde dos moradores além da celebração de cultos e em palestras.
“Os trabalhos sociais desenvolvidos pela Igreja Batista, na Utinga, têm alcance amplo e contemplam todos os moradores, independente do credo que professem ou de conhecerem ou não a comunidade religiosa”, relata.
Sérgio ainda celebra casamentos comunitários. Mais de 50 casamentos foram realizados em cooperação com o Tribunal de Justiça – TJ/AL, por meio do projeto Justiça Itinerante.
Ao recordar pontos marcantes de sua atuação na comunidade, Sérgio relata o acolhimento aos desabrigados por conta da enchente do Rio Mundaú, em 2010. A tragédia destruiu casas e levou os recursos, já escassos, de moradores da região.
“Fizemos, então, uma mobilização nacional para arrecadação de mantimentos e cerca de 250 famílias receberam roupas, alimentos, eletrodomésticos, colchões, etc”, recorda-se.
Em sua atuação à frente da igreja, Sérgio também passou a dar aulas de música/canto coral para a comunidade, com o apoio da direção da Usina. “Também recebemos doações de violões para a escola de música, onde crianças da comunidade puderam aprender a tocar o instrumento e, ao final do curso, todas as crianças ganharam os violões de presente”, destaca.
Ainda que a igreja tenha fechado as portas, durante a pandemia, as atividades comunitárias tiveram continuidade. “Iniciamos os trabalhos on-line com uma excelente adesão, com a realização de celebrações e atendimento pastoral, através das ferramentas disponíveis. É muito gratificante por contarmos com uma rede de solidariedade”, revela técnico em audiovisual.
Causa animal
No Campus Maragogi, o professor Renato Libardi Bittencourt usa formação em Filosofia para levar conhecimentos da disciplina aos alunos do ensino médio e promover discussões sobre temas da atualidade. Mas um outro Renato entra em cena, quando fora da sala de aula: o ativista em defesa dos direitos dos animais. Ele costuma protestar nas ruas centrais do Recife (PE) contra as consequências do abate de boi e de frango para a natureza e promove rodas de conversas sobre o consumo sustentável de alimentos.
Panfletagens, teatro de rua e passeatas são algumas das estratégias utilizadas para alertar a população sobre o tema, no Centro de Recife. “A gente usava megafone, sangue falso e até fantasias, para chamar a atenção das pessoas. Também distribuíamos comida vegana de boa qualidade e barata, feita por produtores locais”, cita.
As ações do grupo ainda incluíam visitas às escolas públicas, palestras em faculdades e formulação de denúncias em órgãos ambientais da capital pernambucana. Contudo, por conta da pandemia de Covid-19, a militância de rua migrou para debates, palestras e congressos em perfis de redes sociais, além de campanhas online para resgate e adoção de cães e gatos.
“O trabalho na causa animal é dinâmico e não para, até porque muitos estão em situação de rua ou sendo abatidos enquanto estamos em casa”, argumenta.
O ingresso de Renato no ativismo animal ocorreu em 2018, quando fez a transição do vegetarianismo para o veganismo. Ambas as dietas são baseadas no consumo de vegetais. A diferença é que o vegetariano ainda ingere com ovos, leites e seus derivados.
“Antes disso, em 2016, paguei uma cadeira no Mestrado e tive conhecimento sobre a bioética, área que estuda os direitos dos animais e ambientais”, conta o professor.
Para o ativista, sua causa é ainda um alerta à sociedade, em relação ao consumismo excessivo e ao desrespeito à natureza. O professor ressalta que os bovinos para abate, por exemplo, vivem geralmente três anos.
“São gastos 17 mil litros de água para cada quilo de carne que se consome. Isso não é sustentável. Morrem em plena juventude e podemos dizer que são até crianças, apesar do tamanho”, destaca.
Seu próximo compromisso será um congresso virtual organizado pela Universidade Federal de Ouro Preto, onde apresentará sua experiência sobre defesa do direito animal e ambiental.
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