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Novos produtos, design repaginado: estabelecimentos de Batalha se reinventam com apoio de programa do Ifal

Cinco pequenos negócios da região estão sendo atendidos pelo IF Mais Empreendedor

por Roberta Rocha publicado: 11/11/2021 19h09, última modificação: 13/11/2021 10h18

Desde o último mês de junho, a dinâmica de cinco pequenas empresas sediadas na região sertaneja de Alagoas tem se modificado. Elas receberam capacitação, foram desafiadas a elaborar novos produtos, repensar embalagens e rótulos, além de adotar boas práticas de fabricação e medidas de biossegurança. Tudo isso porque estão sendo atendidas pelo projeto "Estratégias para o 'renascimento' de estabelecimentos produtores/distribuidores de alimentos no sertão alagoano na pandemia causada por COVID-19", iniciativa vinculada ao programa IF Mais Empreendedor do Instituto Federal de Alagoas - Ifal Campus Batalha.

Integram a equipe do projeto a professora da unidade de ensino e coordenadora da ação, Danielle Martins Lemos, e cinco estudantes do curso técnico em Agroindústria do Campus Batalha: Vivian Cristianny Monteiro, Sophia Freitas da Rocha, Maria Edwarda Santos, Emyllyn Karolayne Soares, Milena Nery dos Santos e Gileade da Silva Marques. 

As empresas beneficiadas foram selecionadas através de edital público. Estão participando das ações a Churrascaria Panela de Barro e a Avícola São Jorge, ambas no Centro de Batalha; a Doces Caseiros Santo Antônio, localizada no Povoado Saúde de Baixo, zona rural da cidade, a Pizzaria Pit, Zaz do município de Monteirópolis e a Ideal Salgados do município de São José da Tapera.

Com o objetivo de aplicar soluções focadas em evitar a disseminação do coronavírus nos empreendimentos atendidos, bem como impulsionar as vendas e incrementar a renda para a manutenção dos negócios afetados pela pandemia, o IF Mais Empreendedor de Batalha iniciou as atividades pelo diagnóstico das práticas de fabricação de cada negócio, observando os pontos de conformidade e não conformidade com as normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa e a da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa.

Reunião entre equipe do projeto e participante para repassar o diagnóstico feito no estabelecimento e as alterações recomendadasDesse modo, cada bolsista compareceu a um estabelecimento, onde aplicou uma lista de checagem e tirou fotos da estrutura interna e das condições de atuação do negócio. A partir daí, ocorreram as rodas de conversa on-line entre coordenadora do programa, estudante responsável pelo check list e proprietários das empresas, com a finalidade de discutir as adaptações necessárias. 

A etapa seguinte do projeto envolveu a capacitação de colaboradores atuantes nos cinco empreendimentos, por meio de encontros virtuais e exibição de vídeos explicativos. 

Depois da aplicação do check list inicial e diagnóstico, professora Danielle Martins coordenou a distribuição de cartazes aos estabelecimentos participantes, com informações sobre as Boas Práticas de Fabricação que devem ser seguidas pelos manipuladores de alimentos e clientes.

Em seis módulos, a professora Danielle Martins e seus bolsistas abordaram temas como qualidade da água; a importância da higienização adequada de equipamentos, instalações e utensílios; comportamento e saúde de manipuladores; controle de matérias-primas e fornecedores; manejo de resíduos e controle integrado de pragas; manutenção preventiva e calibração de equipamentos e programa de recolhimento de alimentos.

"Todo começo de mês nós temos uma reunião para planejar o que a gente vai fazer durante o mês. No caso das capacitações, cada um ficou com um tópico, pesquisou seu tema e trabalhou em cima disso. Preparamos a aula, cada um gravou a sua e esses vídeos que fizemos, todos os dias disponibilizávamos um, às 19h, para os participantes. No final, eles tinham que responder a um questionário no Google Forms e só teria acesso ao certificado quem obtivesse pontuação adequada", detalhou a bolsista Vivian Monteiro.

Para a estudante, o programa é uma oportunidade de colocar em prática os aprendizados de sala de aula e ver esse conhecimento fazer diferença na vida das pessoas e em seus negócios. "Dos pequenos comércios de Batalha, eu fiquei responsável pela Avícola São Jorge, onde além de vender frangos vivos e abatidos, eles têm uma pequena fábrica de doces. E a minha função foi prestar consultoria para que o trabalho acontecesse de acordo com as normas higiênico-sanitárias, com fardamento adequado, fazendo elas [as funcionárias] entenderem a higienização correta dos utensílios, a importância da higiene pessoal, da organização da matéria-prima", contou Vivian.

Em outubro passado, o IF Mais Empreendedor de Batalha propôs a cada estabelecimento a elaboração de novos produtos, a fim de conquistar e fidelizar clientes. Mas não bastava ter a ideia, era necessário colocá-la em prática para avaliar sua viabilidade. E foi assim que tiveram início as análises sensoriais dos produtos pensados pelos colaboradores dos estabelecimentos e pelos bolsistas.

Análise sensorial de doce de umbu em tablete feita pela Doces caseiros Santo AntônioNa Doces Caseiros Santo Antônio, surgiu o doce de umbu em tablete. Na Churrascaria Panela de Barro, o cardápio ganhou os pratos "vaca atolada", salada de batata doce e escondidinho de carne de sol.  A pipoca feita com óleo a partir da pele de frango e o iogurte natural com calda de goiabada incrementaram o menu da Avícola São Jorge. "A análise sensorial de alimentos é um instrumento para avaliar a qualidade de alimentos de acordo com suas preferências e percepções, valendo-se de atributos sensoriais. Todos os produtos foram bem aceitos pelos consumidores.", explicou a professora Danielle Martins.

Mas como os estabelecimentos têm reagido a esse desafio de inovar? Conforme integrantes do projeto, as novas ideias vêm encontrando receptividade. "Na avícola, a proprietária se mostrou aberta a novos conhecimentos. Ela foi prestativa e está levando a sério tudo que a gente está passando para ela e para as colaboradoras", comentou a bolsista Vivian.

Análise sensorial de iogurte natural com calda de goiabada feita na Avícola São Jorge

A estudante Sophia Freitas concorda que os impactos da atuação do programa nos pequenos negócios já são notáveis. As recomendações como uso de toucas, coletes e aventais pelos funcionários foram colocadas em prática. "De lá para cá, deu para mudar algumas coisas na empresa que não estavam tão de acordo com as normas, tipo lixeira sem tampa, panos de pratos usados por muito tempo. É motivador ter a oportunidade de por em prática o que aprendi no Ifal e ajudar outras pessoas, pequenas empresas", pontuou.

Avanços notados

Quem também se diz bastante satisfeito com os resultados da participação no IF Mais Empreendedor é o proprietário da Doces Caseiros Santo Antônio, Valmir Pereira da Silva. Ele relembrou os percalços que enfrentou para consolidar o negócio, desde a época em que os doces eram feitos na lenha, passando pelo preparo no carvão, até chegar à aquisição do fogão industrial. Com a expansão dos negócios e a parceria com o programa do Ifal Batalha, novas necessidades estão se apresentando, entre elas a busca de visibilidade para a empresa nas mídias sociais. 

"A experiência com o Ifal é muito boa: em boas práticas de manipulação dos alimentos, na assistência vindo aqui para nos orientar direitinho como se trabalhar. Aí veio o projeto da cocada do umbu, que logo logo nós estaremos com ela aqui no comércio. E o programa também nos ensinou a criar o Instagram da empresa, criar a conta on-line para oferecer nosso produto. Esse foi um grande incentivo também para a gente", afirmou o empreendedor. 

Conforme a professora Danielle, até o encerramento das ações do projeto, em dezembro, ainda está prevista a consultoria para ajudar na elaboração do produto final com correta embalagem e rotulagem. "E fazer o check list higiênico-sanitário final, para vermos se ações e interferências que fizemos junto aos estabelecimentos tiveram resultados".

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