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Ifal na COP30: professores apresentam estudos sobre educação e meio ambiente
Dois professores do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) participam da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em Belém (PA). Com estudos sobre o meio ambiente, Cosme Rogério Ferreira, do Campus Batalha, e Demétrius Morilla, do Campus Maceió, contribuem com gestores, pesquisadores e especialistas no debate sobre questões climáticas, trazendo o olhar da educação profissional e tecnológica.
O professor Cosme Rogério conta que seu credenciamento para o evento foi resultado da atuação em projetos de Bioética e Biossegurança, educação ambiental, justiça climática e estudos sobre o bioma Caatinga, vinculados ao Campus Batalha. Um projeto que se destacou foi a Mini COP30, com estudantes do 1º ano do curso técnico de Biotecnologia, que resultou na “Carta da Juventude Sertanejo-Alagoana pela Caatinga”.
“Essa carta repercutiu nacionalmente, sendo respondida por órgãos como a Presidência da COP30, a Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, o Ministério dos Povos Indígenas, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). O projeto final foi o e-book ‘Caatinga Viva: Bioética, Ciência e Justiça Climática no Sertão Alagoano’ (leia aqui), produzido coletivamente com a nossa turma da Mini COP, que estou divulgando aqui, juntamente com o livro ‘Diálogos sobre o Cuidado da Casa Comum’, lançado recentemente na Bienal pelo selo do Ifal”, detalhou o docente.
Durante o evento, Cosme Rogério encontrou o ministro da Educação, Camilo Santana, a quem entregou as publicações. Outro encontro importante foi com a delegação da China, principal mercado consumidor de ejiao, um medicamento tradicional feito a partir do colágeno extraído da pele de jumento. O docente entregou à delegação o e-book e uma carta pedindo apoio pela preservação do jumento no Brasil (leia aqui).
“Nos últimos anos, tem-se observado o avanço da caça e do abate indiscriminado de jumentos em território brasileiro, motivado pela demanda internacional por produtos derivados da pele desse animal – notadamente o ejiao, produzido e comercializado em larga escala. Essa prática vem conduzindo à quase extinção do jumento no Nordeste brasileiro, com impactos ambientais e sociais profundos”, relata a carta.
Em defesa da Caatinga
Na quarta-feira, 12, Cosme Rogério participou de um painel sobre comunidades de fé e o cuidado da casa comum, promovido pelo Movimento Laudato Si', no Pavilhão do Balanço Ético Global. “Nesse painel eu apresentei a Caatinga e os preceitos dos romeiros do padre Cícero como exemplo de sabedoria ancestral nordestina de ecologia integral, muito antes das conferências da ONU”, explicou.
A inclusão do bioma no centro das políticas climáticas nacionais também é uma pauta levantada pelo professor. Na Carta da Juventude Sertanejo-Alagoana pela Caatinga, há assuntos como a convivência com o semiárido e segurança hídrica; a necessidade de valorização da educação climática baseada nos territórios, especialmente nas escolas públicas do Nordeste; a pauta da proteção dos jumentos nordestinos, e a articulação de iniciativas como a Mini COP30, Comissões de Sustentabilidade e pesquisas do Ifal que dialogam com clima, memória e justiça socioambiental.
“Tem sido uma experiência transformadora, tanto pela dimensão global do evento quanto pela possibilidade de mostrar que o Sertão, a Caatinga e o interior do Nordeste produzem conhecimento, pauta, pesquisa e resistência. Eu era criança na ECO-92, participei como palestrante da Rio+20, e estou aqui na COP30. O que a história me revela, de forma clara, é que não existe justiça climática sem justiça territorial, e que nenhum bioma brasileiro pode ser invisibilizado. Participar das discussões na Zona Azul, que é o espaço das decisões, reforça a responsabilidade de levar as vozes da região para esse debate”, destacou o docente, que participa do evento até esse domingo, 16.
Biorremediação na Amazônia
Na próxima semana, o professor Demétrius Morilla participa de uma apresentação no estande do Conselho Federal de Química para discutir o tema “A Amazônia como laboratório vivo da biorremediação”. O foco da abordagem é as contribuições da Química e da Biotecnologia para a recuperação de áreas degradadas e para o enfrentamento das mudanças climáticas.
“Na proposta que será levada à COP30, a floresta amazônica é apresentada como um laboratório vivo, onde microrganismos, fungos, algas e plantas são utilizados em estratégias de biorremediação para desintoxicar solos, águas e sedimentos contaminados por atividades como mineração, extração de petróleo, desmatamento e agricultura intensiva”, explica Demétrius, que tem a apresentação prevista para o dia 18, das 16h às 17h15, na Green Zone (Zona Verde), espaço destinado ao diálogo com a sociedade civil, universidades, instituições científicas e organizações internacionais.
Mais uma vez, questões ambientais receberão a contribuição da educação profissional e tecnológica na COP30. “A ideia é mostrar que a Química que ensinamos e pesquisamos no Ifal está diretamente conectada às grandes questões do século XXI, como clima, biodiversidade, energia e justiça ambiental”, sintetiza Demétrius Morilla.
