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Docente do Ifal toma posse na Academia de Letras, Ciências e Artes de Palmeira dos Índios

Cosme Rogério assume a cadeira do patrono da instituição, Monsenhor Odilon

por Jhonathan Pino publicado: 24/09/2021 09h30, última modificação: 24/09/2021 10h54

Na última segunda-feira (20), o professor de Filosofia dos campi Batalha e São Miguel dos Campos, Cosme Rogério, tomou posse como sócio efetivo da Academia Palmeirense de Letras, Ciências e Artes. Ele ocupa agora a cadeira de número 37, que tem como patrono o Monsenhor Odilon Amador dos Santos, filósofo e antigo mentor intelectual do docente do Instituto Federal de Alagoas (Ifal).

A Solenidade de Posse e Outorga de Títulos ocorreu na sede da Academia, onde Cosme comentou sobre a sua trajetória. “Quem diria que o moleque da Rua Vila Nova, filho da periferia, descendente de roceiros, um dia estaria aqui, comendo da ambrosia literária e se tornando um imortal? Olha, que peso tem esse negócio? Hoje estou representando uma utopia, para mostrar onde um menino da Vila Nova pode chegar, através da Literatura”, discursou.

Em sua fala, o homenageado também relatou a sua relação com Monsenhor Odilon e sua admiração pela capacidade de diálogo que o clérigo exercia no município.

“Eu percebo que essa missão que nos é colocada, essa cadeira me obriga, de certo modo, a ser também um instrumento de conciliação de paz, nesse mundo tão marcado pelo ódio, pelas desavenças, pelas intrigas, pelas distâncias. Ao assumir a cadeira do Odilon, assumimos também a responsabilidade de unir o que está solto, aquilo que está perdido”, pontuou.

A solenidade foi encerrada com uma de suas poesias premiadas pela própria Academia; “Décimas para Mestre Graça”.

Trajetória do imortal

Cosme Rogério é natural de Majé, Rio de Janeiro, mas reside desde a infância em Palmeira dos Índios. Em entrevista para uma série de reportagens do Ifal, o “Talentos da Casa”, ele comentou que foram nas vivências do Agreste alagoano e no contato com poetas populares que se inspirou para dar seus primeiros passos no campo da poesia.Em série, o docente lembrou que sua formação literária teve início em casa, com as trovas populares recitadas pela avó.jpg

Antes de ser docente do Ifal, Cosme foi aluno do Campus Palmeira, no antigo Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), e disse que lá deu continuidade à sua formação literária.

“Graças ao estímulo dado por professores, que promoviam saraus, recitais e concursos de poesia. Mas o gosto pela poesia vem de muito cedo, vem de casa, das trovas populares alagoanas que vovó recitava, dos cordelistas e emboladores do meio da feira, dos rezadores de benditos nas romarias ao Juazeiro”, relatou à época.

O professor coleciona prêmios e participações em festivais literários. Em 2015, ele foi selecionado em concurso realizado pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos, por meio do projeto de Incentivo à Cultura Literária, e pôde lançar, no ano seguinte, o livro Radiações de Fundo Cósmico.Rogério Cosme também é sócio efetivo da seção pernambucana da União Brasileira de Escritores - UBENúcleo Garanhuns.jpg

Ainda em 2015, o docente publicou, pela Edufal, o livro na área da sociologia literária Habitus, campo e mercado editorial: a construção do prestígio da obra de Graciliano Ramos, obra que também contemplada pelo Prêmio Diversidades Literárias 2020 para uma segunda edição, revista e ampliada. Ela será viabilizada com recursos da Lei Aldir Blanc e ganhará o selo da Imprensa Oficial Graciliano Ramos.

Em 2016, o docente lançou o livro de poemas Radiações de fundo cósmico, agraciado pelo Prêmio de Incentivo à Cultura Literária (PICL) e publicado pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Pela mesma editora, após vencer o Edital de Livros Fotográficos, será lançado em 2022, seu primeiro ", livro de fotografias etnográficas sobre o povo Xukuru-Kariri: “Aqui nunca foi de branco.

Ao longo dos anos, Cosme também participou de obras coletivas: Alagoas: a herança indígena (2017), publicado pelo Senado Federal, sob a coordenação dos professores Jairo Campos e Douglas Apratto; Direito em perspectiva a partir do conhecimento sertanejo, publicado em 2018 sob a coordenação da Comissão de Educação da 3.a Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Palmeira dos Índios; Graciliano, Gracilianos (2020), publicado pela Eduneal, sob a coordenação do professor Cristiano Cezar Gomes da Silva. Em 2021, o docente integrou Histórias de quarentena, organizado pela editora suíça Helvetia Éditions.