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Ifal sedia Enneabi e Enneal com reflexões sobre lutas negras, quilombolas e indígenas
Palestra de abertura questiona os modos de ler o mundo com pesquisadora da Bahia
A representatividade negra, quilombola e indígena se fez presente no Instituto Federal de Alagoas (Ifal), Campus Satuba. Começou nesta sexta-feira, 18, o Encontro Nacional de Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas e grupos correlatos da Rede Federal de Educação Profissional Tecnológica (Enneabi). Também acontece o primeiro Encontro de Coordenadores e Membros de Neab’s e Neabi’s e Grupos Correlatos do Estado de Alagoas (Enneal).
A abertura do evento foi marcada pela apresentação artístico-cultural de estudantes, seguida pela formação da mesa oficial com o reitor do Ifal, Carlos Guedes, a reitora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Valéria Correia, o diretor-geral do Campus Satuba, Valdemir Chaves, a diretora de Políticas Estudantis do Ifal, Emanuelle Teixeira, o representante da Fundação Cultural Palmares, Balbino Praxedes, a representante da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, Silvani Valentim, e as organizadoras do evento, Tâmara Silva e Lígia Ferreira.
Tâmara Silva lembrou que o Neabi do Ifal foi institucionalizado no dia 18 de dezembro do ano passado, tem menos de um ano. “E a gente já mostra a força que todos os campi têm em fazer esse evento”, reforçou. “É uma imensa responsabilidade para o Ifal e, principalmente para o Campus Satuba, recebê-los aqui hoje para o V Enneabi e para o I Enneal. Que esse primeiro encontro, aqui plantado, ele germine, cresça e frutifique. É muito importante o fortalecimento desse espaço, dessa discussão sobre a temática dos grupos historicamente excluídos”, complementou Valdemir Chaves, diretor-geral do campus.
Nesta sexta e também no sábado, os participantes vão ter acesso a atividades para refletir sobre a cultura, educação e currículos escolares de/para negros e indígenas; assistência social e políticas públicas para negros e indígenas; identidade, território e territorialidades; religiosidades afro-brasileiras e indígenas; feminismos, movimentos LGBTQIA+ e violência e Etnociência e Tecnologias da Informação.
“Esse encontro é muito simbólico e representa o momento de resistência das universidades e dos institutos federais frente a uma realidade de extermínio do povo indígena, do povo negro e de atrocidades cometidas e violação de direitos que a gente vem observando no país”, ressaltou a reitora da Ufal, Valéria Correia.
Para o Ifal, a relevância das discussões faz com que o assunto também esteja pontuado no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). Um dos objetivos estratégicos da instituição é ‘criar condições para atender às demandas das pessoas com necessidades específicas e grupos sociais historicamente excluídos’.
“Que esse evento possa fortalecer as políticas públicas e deixar a marca da resistência, principalmente pela luta contra qualquer tipo de preconceito. Que o momento atual, de muito preconceito, seja apenas um eclipse passageiro na história do nosso país. Respeito não tem preço e provavelmente seja a pedra fundamental do relacionamento humano do nosso país”, afirmou o reitor do Ifal, Carlos Guedes.
Modos de ler o mundo
A palestra de abertura do evento foi ministrada pela professora doutora Ana Lúcia Souza, da Universidade Federal da Bahia, sobre letramentos e modos de ver o mundo.
“Eu vou dialogar um pouco a respeito dessa trajetória de pensar a educação para a população negra, a educação gestada, reinventada por esses grupos. Muitas reivindicações acabam se tornando políticas públicas e políticas públicas sustentadas por intelectuais e ativistas negras e negros e que nos dão hoje a dimensão do quanto nós ainda precisamos avançar, mas também o quanto nós ainda precisamos nos unir para manter essas políticas públicas conquistadas. Nenhuma política pública é dada, ela é conquistada”, reforçou a professora.
Ao fim da palestra, alguns participantes elogiaram a clareza e a didática abordada na palestra. “Eu lido com um projeto de visibilidade da literatura afro-brasileira, então é de extrema importância essa questão para essa reexistência, para essa visibilidade. Eu vim agradecer a você [Ana Lúcia] por me mostrar um caminho para esse letramento, para toda essa ideia da cultura negra através da literatura brasileira e de toda a nossa cultura”, disse a estudante Fernanda Nery, do Instituto Federal do Maranhão, Campus Pedreiras.
Saiba mais sobre o evento, aqui!
Veja a abertura do evento e a palestra no vídeo abaixo: