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Ifal Satuba realiza o Baobá 2025 com o tema "Rito, raízes e resistências"
O Instituto Federal de Alagoas (Ifal) Campus Satuba realizou, nos dias 18 e 19 de novembro, a edição 2025 do evento "Baobá: Cultura e Resistência". Organizado pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) do campus, o evento teve como tema "Ritos, Raízes e Resistências: saberes afro-brasileiros e afro-indígenas pela cura da Terra". A programação foi desenvolvida no período diurno no Auditório e áreas externas do Campus, complementada por atividades noturnas no Casarão.
18 de Novembro: palestra, teatro, oficinas e cinema
A abertura do evento, no dia 18, iniciou-se com o acolhimento cultural, com a performance da discente Marília Walesca, seguida da solenidade oficial de abertura, que contou com uma mesa composta pela diretora-geral do Campus Satuba, Uilliane Faustino de Lima; pelo diretor de ensino, Pedro Juvencio de Souza Junior; e a pela coordenadora do Neabi Satuba, Adriana Cirqueira Freire.
Uilliane realizou a abertura do evento reafirmando a importância do Baobá no calendário do campus. "É com grande emoção que damos as boas-vindas à edição 2025 do nosso Baobá: Cultura e Resistência! Que estes dias, dedicados aos Ritos, Raízes e Resistências, sejam de profundo aprendizado, valorização dos saberes tradicionais e de reafirmação do nosso compromisso institucional com a equidade e o combate ao racismo", afirmou a DG.
Após os pronunciamentos, Maria Madalena Souza de Aquino, coordenadora da Juventude da Rede Mulheres de Comunidades Tradicionais proferiu a conferência de abertura com o tema "Ritos, Raízes e Resistências" .
A mediação da conferência foi realizada pelo professor Luiz Domingos do Nascimento Neto. Durante e após a palestra muitos estudantes realizaram intervenções e fizeram perguntas à Madalena, não só sobre a temática da palesyra mas a respeito de sua infância na comunidade quilombola e sua trajetória de vda e acadêmica.
Madalena parabenizou os estudantes e profissionais do Neabi pela atuação no combate ao racismo e ressaltou que o momento foi "maravilhoso" para compartilhar sua trajetória e a história de sua comunidade. A palestrante focou em transmitir a sua experiência à audiência, com o objetivo de reforçar a importância de ocupar espaços. "Foi maravilhoso pode falar sobre minha trajetória e minha comunidade, passar minhas experiências para esses jovens, ouvir suas indicações e mostrar que temos que lutar pelos nossos espaços e garantir que ninguém irá tomar o nosso lugar de fala, que mais ninguém irá contar nossa história e se apropriar das nossas conquistas", pontuou.
A manhã foi concluída com uma apresentação da peça teatral interativa "Racismo é crime", do programa de extensão ArtIfal.
O almoço temático "Sabores da Ancestralidade", que ofereceu pratos étnicos de origem africana, afro-brasileira e afro-indígena no refeitório. No período da tarde, foram promovidas oficinas temáticas: Oficina de Turbantes (Identidade e Estética Afro), no Auditório, e Oficina de Cerâmica (Ancestralidade e Arte Sustentável), na área coberta entre o prédio central e a biblioteca.
A programação prosseguiu no Auditório com a Mostra de Cinema, que exibiu o documentário "Entremeios: Teias de relações socioambientais - o fazer artístico através do Reisado no Quilombo da Tabacaria, Palmeira dos Índios". O
documentário é produto técnico do mestrado profissional do seu diretor, Daniel Andrade Cavalcanti, professor de Ensino da Arte do Ifal Campus Palmeira dos Índios. A exibição foi sucedida por uma roda de conversas com a participação de Daniel e de seu professor orientador, Selenobaldo de Sant’Anna. "Recebi com imensa alegria, o convite do Neabi do campus Satuba, para exibir o documentário na mostra de cinema local. Finalizei o ENTREMEIOS; teias de relações socioambientais, este ano, fruto de um produto técnico do Mestrado do PPGASA-CESMAC. E esta foi minha primeira exibição em um campus do IFAL, uma lisonja para mim", avaliou.
Uma segunda sessão, noturna, com a mesma dinâmica (exibição e debate), foi realizada no Casarão, direcionada aos estudantes da Educação para Jovens e Adultos (EJA). " A recepção dos dois públicos foi matavilhosa, embora de cursos distintos, um do eEnsino médio, o outro do EJA, interagiram com a produção quase que em uníssono", destacou. Daniel. O primeiro dia foi encerrado com uma observação astronômica, conduzida pelo Polo de Astronomia e Astronáutica do Campus Satuba, que incluiu explanação sobre Etnoastronomia.
19 de Novembro: cultura, concurso e ciência
O segundo dia do evento iniciou-se com uma atividade cultural de karaokê, na qual as estudantes Sara Pietra e Maria Clara (1AB), Sofia e Suellen (2C) e Sarah (1C) dos cursos técnicos integrados realizaram interpretações de canções de MPB.
Durante todo o dia esteve aberta a exposição "História preta das coisas: 50 invenções científico-tecnológicas de pessoas negras", uma atividade vinculada ao Projeto Resbi, disposta na área dos murais próxima à secretaria. Os/as estudantes ligados ao projeto estiveram no local para apresentar a obra exposta e tirar dúvidas a respeito do tema.
O ponto central da manhã foi o Concurso de Mini Documentários – Reels Neabi 2025, que visou valorizar a história, cultura e identidades negras, afro-indígenas e indígenas. O concurso convidou turmas dos cursos técnicos integrados ao ensino médio de Agropecuária e Agroindústria a produzirem mini-documentários sobre o tema central do evento. Quatro trabalhos foram inscritos e avaliados: “Ritos, Raízes e Resistências”, “A cor da ausência - Educação sem raiz não floresce”. “Do barro à vida; raízes que curam Satuba” e “Édson Gomes — A voz da consciência negra”.
A Comissão Julgadora, foi composta pelos/as professores externos ao campus Satuba para garantia a imparcialidade. A equipe formada por Adriana Thiara Oliveira (Ifal Campus Maceió), Daniel Andrade Cavalcanti (Ifal Campus Palmeira dos Índios) e Diego dos Santos Alves (Ifal Campus Santana do Ipanema), avaliou as produções com base nos critérios estabelecidos em edital: Adesão à Temática (40 pontos), Qualidade Técnica e Estética (20 pontos), Roteiro e Narrativa (20 pontos), e Criatividade e Originalidade (20 pontos).
O mini documentário “Do barro à vida; raízes que curam Satuba!” foi o vencedor, obtendo a maior média final do concurso, com 84,67 pontos, e alcançando a pontuação máxima de 100 pontos por um dos avaliadores. A equipe responsável receberá o Certificado de 1º Lugar e um prêmio de R$ 400,00, além de ter seu audiovisual incluído nas exibições oficiais do Neabi Satuba.
O Baobá 2025 foi oficialmente encerrado com a atividade "Roda de Saberes: Despoluir a Sociedade", o Sarau Ancestral. Organizada projeto de ensino "Conexões Ancestrais: Arte, Cultura e Consciência Antirracista através da Cerâmica e Narrativas Indígenas e Africanas", a atividade ocorreu no gramado em frente ao refeitório, proporcionando um espaço para diálogo, declamação de poemas, apresentações de textos e esculturas inspiradas em lendas africanas e indígenas, e interpretações musicais. O sarau contou ainda com a participação da monitoria e de servidoras ligadas ao Neabi e do professor convidado Daniel Cavalcanti.
O professor Daniel expressou grande satisfação em participar do evento, que incluiu duas exibições de seu documentário, a participação na avaliação do concurso de minidocumentários e no Sarau Ancestral. O professor ainda mencionou que a culminância do evento, "um suave Sarau Ancestral, com peças em argila produzidas pelos estudantes, decorando o ambiente em plena sintonia com arbustos, flores e árvores" foi um belo arremate.
O Neabi Satuba avalia que a edição 2025 do "Baobá: Cultura e Resistência", evento que já se consolidou como um marco na agenda institucional de combate ao racismo estrutural e valorização da diversidade no campus, deu mais uma contribuição para uma educação antiracista e inclusiva no Ifal Satuba.
O evento mobilizou a comunidade acadêmica em torno de uma programação estratégica que incluiu a escuta de lideranças tradicionais, apresentações culturais, promoção de produção audiovisual, espaços para divulgação científica, entre outras atividades na linha da temática escolhida, reafirmando o compromisso da instituição com a legislação e com a formação de cidadãos/âs conscientes e antirracistas.