Notícias
Enneabi e Enneal propõem o fortalecimento e autonomia dos Neabi na Rede Federal
Fortalecer os Núcleos de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) nos Institutos Federais, propor autonomia no gerenciamento de recursos financeiros e a descentralização das atividades do núcleo estão entre as principais deliberações tomadas pelo 5º Encontro Nacional de Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas e grupos correlatos da Rede Federal de Educação Profissional Tecnológica (Enneabi) e o Encontro Estadual dos Neabi, eventos ocorridos nesta sexta-feira (18) e sábado (19) no Campus Satuba do Instituto Federal de Alagoas (Ifal). As propostas foram apresentadas ao final do encontro com a participação dos representantes de núcleos das instituições presentes.
O evento contou com os Neabi dos campi do Ifal, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e dos institutos federais do Ceará, Maranhão, São Paulo, IF Baiano e Cefet de Minas Gerais. Durante a deliberação das propostas, cada representante dessas instituições fez um relato sobre as atividades dos núcleos. Uma das dificuldades apresentadas foi a falta de recursos para desempenho das atribuições, pois a maioria relatou a existência de centralização de verbas nas pró-reitorias a que os núcleos estão vinculados. “Na maioria, há apenas o coordenador com ações isoladas, inclusive com gastos pessoais como, deslocamento para reuniões externas e realização de eventos específicos”, detalhou a coordenadora do Neab da Ufal, Lígia Ferreira.
Contudo, os relatos feitos pelos representantes mostram que houve avanço nas ações inclusivas em prol das raças negras e indígenas nas instituições públicas de ensino. A coordenadora do Neabi Campus Satuba, Tâmara Silva, disse que as atividades por igualdade racial ocorrem na unidade de ensino, antes de o Conselho Superior do Ifal aprovar a proposta de criação do núcleo. “Já trabalhávamos com alunos que, de forma voluntária, envolviam-se com a causa, de forma que esse comportamento favoreceu, não só a criação do Neabi no Ifal como a extensão do projeto para outros campi”, declarou.
Oficinas e exposições
Os dois eventos também foram mais uma oportunidade para apresentações de trabalhos e mostras de produtos de artesanato, arte, beleza e publicações. Rosiléa Viana, ex-aluna do curso técnico de Química do Ifal, e Renata Oliveira expuseram para o público, produtos de maquiagem voltados para a beleza negra. Elas disseram que, por meio de uma pesquisa de mercado identificaram a dificuldade de atendimento nesse segmento comercial para as pessoas negras e resolveram apostar no projeto. “Houve uma necessidade devido ao desemprego e começamos por meio das redes sociais. No início, a aceitação foi difícil porque tudo que é novo há uma dificuldade de introdução no mercado, porém com algumas parcerias conseguimos crescer bastante. E esses eventos têm sido a melhor forma de expandir o negócio”, destacou Rosicléa Vianna.
Já o índio Eduardo Roberto Celestino mostrou ao público presente peças artesanais da cultura indígenas como cocal, colar, calçados, pinturas e indumentárias. Ele pertence à comunidade Xucurus-Kariri, de Palmeira dos Índios e, além do artesanato, os indígenas têm na agricultura outra forma de sustento das famílias. Enquanto, Eduardo Celestino vendia os produtos, outro índio desenhava a arte indígena nos rostos dos participantes do evento.
A tarde de sexta-feira foi reservada também para apresentação de oficinas com temática negra e indígena. O professor Leandro Costa falou sobre “as ações afirmativas e o combate ao racismo institucional: um debate além das cotas”, temas que atraiu cerca de 20 pessoas. Rosilea Viana e Renata Oliveira expuseram sobre o Afromake, com apresentação de produtos de beleza. Pablo Fabrício, do Campus Piranhas, realizou uma oficina sobre Jogo, Gênero, Sexualidade e Descolonização. Emanuelle Santos foi responsável pela oficina “a arte de trançar na perspectiva estética e de empoderamento de um povo. O ex-reitor da Uneal, Jairo Campos, apresentou “as narrativas de barro da mestra Irinéa Rosa, artista popular da comunidade quilombola Muquém, em União dos Palmares”. Edeneide Ferreira expôs “negritude em versos com exposição de livros e literatura de cordel”. E Fernando Rosendo promoveu a oficina mais procurada sob o tema “Hip-hop como movimento sociocultural e pedagógico” e, nela o artista de rua indicou os novos talentos alagoanos da cultura popular e expôs o preconceito pelo ritmo ter origem em comunidades pobres.
Houve também apresentações culturais, sendo uma delas a dos alunos do Campus Buriticupu no Maranhão, com o musical “Como Éramos Antes de Vocês” que, segundo a estudante Nábila Soares, refere-se às invasões ocorridas nas terras indígenas brasileiras pelos brancos europeus que dizimou milhões de pessoas e colocou seus descentes à margem da sociedade. O grupo musical Mama África também executou músicas dedicadas ao povo negro. O evento foi aberto na manhã de sexta-feira com apresentações de maculelê e da capoeira, danças da cultura negra, por meio dos integrantes da Associação Cultural Muarama do município de Satuba.