Você está aqui: Página Inicial > Campus > Satuba > Notícias > Ciência e negritude: ex-aluna do IFAL divulga o trabalho de cientistas negros
conteúdo

Notícias

Ciência e negritude: ex-aluna do IFAL divulga o trabalho de cientistas negros

Sendy Nascimento ministrou a oficina Personagens Escondidos nas Ciências Exatas durante a Semana da Consciência Negra do IFAL - Campus Satuba

por Pedro Barros publicado: 27/11/2018 08h37, última modificação: 16/10/2023 10h58

Por Pedro Barros - jornalista colaborador 


Mulher, negra, jovem (26 anos), ex-aluna do Instituto Federal de Alagoas (IFAL) e mãe de Alice, Sendy Nascimento é doutoranda em Física pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e divulgadora da ciência.

Em seu perfil no Instagram (@send.science), ela explica, numa linguagem acessível, sobre sua pesquisa - que envolve expressões como “Termo-óptica de Surfactantes Catiônicos”. Além disso, divulga o trabalho de negros e mulheres na ciência. Fora do mundo digital, porém, a primeira vez em que abordou exclusivamente a questão da representatividade negra no meio acadêmico foi na Semana da Consciência Negra do IFAL - Campus Satuba, ministrando, na última quarta-feira (21), a oficina Personagens Escondidos nas Ciências Exatas.

Sendy demonstrou exemplos de pesquisadores como o matemático David Blackwell, a cientista Katherin Johnson, a engenheira aeroespacial Mary Jackson, a física Shirley Ann Jackson e Ufot Ekong, o estudante nigeriano que, em seu primeiro semestre na universidade, resolveu uma equação matemática que há 30 anos estava sem solução.

Isso internacionalmente, mas os exemplos no Brasil também não são poucos: temos a química Joana D'arc Félix, a física e filósofa da ciência Katemari Rosa, as físicas Zélia Ludwig e Sônia Guimarães, primeira negra brasileira doutora em Física e a lecionar no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Ao final da exposição, os alunos produziram cartazes sobre esses cientistas.

Confira detalhes na entrevista:


Como você poderia resumir esta atividade?

Realizei pela primeira vez uma oficina dedicada à representação do povo negro nas Ciências Exatas, com o título "Personagens Escondidos". Muitos alunos e alunas não pareciam querer estar ali, achavam que iríamos fazer contas, carregando aquele peso que inserimos sem nem saber porquê sobre a área das Exatas. Quando questionei porque ninguém conhecia algum cientista negro, houve a resposta, "porque não existe". Pois bem, mostrei pra eles e elas que existem vários nomes importantes, homens e mulheres negras, que atuam nessas ciências e se destacam (mas são escondidos e escondidas). Saí convicta de que o pouquinho que fiz fará essa galerinha repensar muitas coisas, e reconhecer nós, negros e negras, para além das artes e culturas midiáticas.


O nome da oficina é inspirado no filme Hidden Figures (“Estrelas além do tempo”, na versão brasileira)?

Sim. Uma "verdadeira" tradução, já que a "versão brasileira" romantizou o título.


Qual a importância de falar sobre essa representatividade?

Representatividade é algo muito importante, especialmente para as crianças e o imaginário. Eu costumo dizer que "não poderemos querer ser, sonhar em ser, algo que nunca vimos".


Dessas personalidades que você citou, qual história você acha mais interessante ou se identifica mais?

Todas! Mas, internacionalmente, Dorothy Vaughan, pela sua dedicação à profissão e a constante busca de novos conhecimentos; e também a sua percepção e ação de nos entendermos como coletividade: mulheres negras são as que mais sofrem, temos duas opressões acumuladas, então, pelo menos, devemos apoiar uma a outra.


Se interessa ou quer entender o que é divulgação científica? Quer se integrar aos debates sobre a participação de negros e indígenas na sociedade? Conheça o Núcleo de Divulgação Científica (NDC) e o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) do IFAL - Campus Satuba. Envie um e-mail para comunicacao.ifalsatuba@gmail.com ou procure informações na Biblioteca.