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Docente do Campus São Miguel recebe prêmio de melhor dissertação em Literatura e Linguística da Ufal
A professora Maryana Josina Tavares da Rocha, do Campus São Miguel dos Campos, foi uma das agraciadas pelo Prêmio Propep/Ufal Dissertação e Tese 2022, realizado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A docente do Ifal foi a vencedora da melhor dissertação do Programa de Pós-Graduação em Linguística e Literatura, com a pesquisa intitulada “Feminismo e letramento crítico em aulas de inglês no Instituto Federal de Alagoas: desconstruções e condutas propositivas”.
A pesquisa da professora Maryana foi realizada no Campus Santana do Ipanema do Ifal, com as alunas de um curso da área agrícola. O trabalho mostra as dificuldades enfrentadas pelas alunas de uma formação com perfil muito voltado para o público masculino e as implicações das ações que valorizam a atuação feminina neste tipo de curso.
“A pesquisa foi motivada devido as crenças na divisão sexual do trabalho e aos discursos sexistas que advogam pela incapacidade feminina em diversos cursos da nossa instituição, a exemplo, dos cursos de ensino médio técnico integrado em mecânica, informática, agropecuária, eletroeletrônica”, destacou a professora Mayara Rocha.
“Infelizmente, as alunas matriculadas nesses cursos tendem a escutar com frequência dos colegas de sala e, às vezes, até mesmo de docentes que os cursos que elas escolheram não são para elas, que elas não possuem a mesma aptidão que os meninos, que terão muita dificuldade para acompanhar as disciplinas voltadas para as áreas técnicas, dentre outros”, complementou a docente do Campus São Miguel do Ifal.
Além do seu mestrado, a professora Maryana desenvolve seu trabalho no sentido da valorização das causas feministas e do combate ao machismo e às formas de opressão das mulheres. Além do Prêmio Propep/Ufal Dissertação e Tese 2022, a professora Maryana também recebeu menção honrosa pelo Programa de Pós-graduação em Linguística e Literatura da Ufal.
“Ter a dissertação como uma das premiadas demonstra a importância das nossas ações de ensino, pesquisa e extensão. Outrossim, ratifica a importância das instituições públicas de ensino para/na formação continuada de docentes, repercutindo assim no ensino e na educação de inúmeros jovens e adultos”, afirmou Maryana Rocha.
Mais sobre a pesquisa
O estudo ocorreu em 2020 (durante a pandemia) e foi realizado por meio de uma ação de ensino aprovada pelo Campus Santana do Ipanema. O curso de inglês ocorreu online, sendo um dos pioneiros nesse formato durante o período pandêmico, e de forma optativa para as/os estudantes.
Dentre os objetivos do curso estavam a aprendizagem da língua inglesa e a melhoria das habilidades linguísticas das/os estudantes nessa língua adicional. Outro ponto que merece destaque foi a compreensão de que o processo de ensino/aprendizagem deve ser sensível e significativo para as/os estudantes, com temáticas que fazem parte da vida das/os alunas/os e que podem auxiliar na reconstrução de significados e em mudanças sociais efetivas.
Logo, as temáticas do curso foram organizadas mediante o diálogo e a participação das/os estudantes nas aulas. Os temas abordados durante os encontros online foram: a violência doméstica, os estereótipos de gênero nas profissões, a desigualdade salarial, a divisão sexual do trabalho doméstico, as trabalhadoras domésticas, o machismo nos esportes, a objetificação feminina, consentimento e feminismo.
As discussões e debates em aula, geraram o desejo das/os alunas/os do curso em atuar perante o mundo e se posicionar sobre o aumento da violência doméstica no período pandêmico. Então, as/os alunas/os se engajaram em uma campanha online contra a violência de gênero. As produções podem ser vistas no Instagram por meio da hashtag #ifalcontraaviolenciadomestica
Os resultados da pesquisa mostraram que o ambiente escolar não está isento de reproduzir ações preconceituosas e que se faz necessário práticas pedagógicas que venham a corroborar pelo fim da desigualdade de gênero na escola.
“Enquanto pesquisadora, professora e mulher feminista, foi extremamente significativo presenciar as minhas/meus alunas/os refletindo sobre suas próprias vivências na instituição, modificando perspectivas e crenças preconceituosas e se tornando pessoas engajadas por uma sociedade igualitária e justa para todas/os”, destacou Maryana Rocha.
De acordo com a docente, foi extremamente gratificante poder corroborar ao empoderamento feminino dessas meninas. Segundo Maryana, era crucial que as alunas passassem a acreditar em si mesmas, entender que são extremamente inteligentes, capazes e competentes em qualquer área do conhecimento que elas desejassem/desejem se engajar.