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Professoras do Ifal desenvolvem tecnologia de produção de álcool a partir da folha de coqueiro
Processo teve registro de patente depositada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).
No último dia 18 de março, o Instituto Federal de Alagoas (Ifal) recebeu mais uma notificação de depósito de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Desta vez foi o processo de produção de bioetanol, a partir das folhas do coqueiro anão, desenvolvido pelas professoras Márcia Gomes e Martha Rocha, respectivamente dos campi de Santana do Ipanema e Penedo, além de outros seis pesquisadores, de mais duas universidades.
A ideia surgiu da necessidade de pensar formas alternativas de produção do álcool, como fonte para diversificação da matriz energética, aliado ao reaproveitamento de resíduos que geralmente são descartados. Como o coqueiro é uma cultura adaptada ao clima e solo nacional, pensou-se nessa cultura, como possibilidade viável para a exploração comercial de seus frutos e reutilização de seus insumos na geração de energia.
Ainda no mestrado, desenvolvido no Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Márcia experimentou formas de produção de biocombustível, a partir de culturas alternativas, como a palma, o abacaxi, a mandioca, além da própria cana-de-açúcar, que é a fonte mais tradicional na indústria de produção de bioetanol, no Brasil. No entanto, naquele momento, ela focou sua pesquisa no uso da casca de coco, como fonte de energia. Os resultados obtidos em suas análises fizeram com que continuasse suas investigações no doutoramento, na Universidade Federal da Bahia (UFBA).
“Durante a pesquisa, eu percebi que outros resíduos poderiam ser utilizados na produção de etanol. Mas quando nos aprofundamos, foi percebido que isso já não era mais novidade, foi quando comecei a observar o que acontecia no meu entorno e me deparei com as folhas de coqueiros, que estavam nas praias”, recordou.
Ao perceber que além das cascas de coco, as folhas amadurecidas dos coqueiros eram podadas e descartadas, ela viu nesse material o potencial para ser uma fonte, ainda não utilizada, para a produção do biocombustível. A ideia foi levada para o seu grupo de pesquisa, onde pesquisadores das três instituições envolvidas puderam fazer os primeiros testesMartha Rodrigues vem trabalhando com a Márcia desde o mestrado com diferentes biomassas na produção de álcool.jpg.
Como ainda durante o mestrado, Márcia, Martha e outro colega do Laboratório de Tecnologia de Bebidas e Alimentos, (LTBA-Ufal), Kledson Lopes, se aprofundaram em diferentes etapas da produção de etanol, após entrarem no doutorado, eles focaram suas pesquisas em biomassas diferentes. Cinco semestres de análises foram necessários até que obtivessem resultados satisfatórios. Porém, Márcia lembra que a falta de pesquisas para a obtenção de álcool, a partir das folhas dos coqueiros, dificultou um pouco esse trabalho.
“A medida que eu obtinha os resultados, com a folha do coqueiro anão, eu não tinha o comparativo na literatura. Eu tenho sim, em relação a outras culturas, como a palha e o bagaço da cana-de-açúcar, mas nada referente a biomassa que escolhi, então essa dificuldade existia em como lidar com a estrutura e quebrá-la ao máximo, para obter o etanol”.
Ainda que esse conhecimento tenha sido obtido, Márcia lembra que a utilização de biomassas alternativas, para a produção de biocombustível, em larga escala, não é um processo de fácil adesão. Isso dependeria do reposicionamento da finalidade do plantio do espécime escolhido. “Uma região que eu vejo em potencial para o desenvolvimento desse processo é na região Nordeste, porque é nesta região que existe a maior área plantada e de cultivo de coqueiros do Brasil”.
Além dos pesquisadores acima, são autores da invenção os professores da Ufal, Renata Rosas, Wagner Pimentel; da UFBA, Elaine Albuquerque outros dois pesquisadores, Íthalo Barbosa e Jumelice dos Santos.