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Professora e estudantes do Ifal Penedo lançam livro com relatos de experiências

Publicação reúne textos escritos por 31 alunos; lançamento na biblioteca incluiu segundo livro de autoria solo da docente
por Lidiane Neves publicado: 02/04/2024 20h23, última modificação: 03/04/2024 18h09

Nesta terça-feira, 2, a biblioteca do Instituto Federal de Alagoas – Campus Penedo agregou ao seu acervo exemplares de dois novos títulos especiais. Um dos livros, intitulado O meu e o deles sob a organização da docente Kleyse Galdino Francisco, reúne textos escritos por estudantes dos cursos técnicos integrados ao ensino médio da própria unidade de ensino. O outro, A descoberta: novos sentimentos em uma mente adolescente, é de autoria solo da professora de Língua Portuguesa.

Ambos contaram com o apoio financeiro do Ifal Penedo para a publicação impressa pela Editora Diversa. No lançamento ocorrido na biblioteca, nesta manhã, houve a participação de alguns dos 31 alunos coautores. Na ocasião, Kleyse autografou parte dos exemplares doados.

A docente explanou que O meu e o deles é uma coletânea de relatos de experiência, fruto de um trabalho realizado em suas aulas, durante o ano de 2023, quando ministrou a disciplina de Língua Portuguesa para três turmas de 1º ano dos cursos de Meio Ambiente e Química.

“Solicitei que fossem feitos relatos de experiência, a partir do que a gente trabalhou em sala de aula com esse tema. Quando fui fazendo a leitura desses textos, observei que eles eram realmente condizentes com o solicitado, no caso, relatos de experiências que causassem alguma emoção, que trouxessem realmente fatos pitorescos da vida de Penedo e da região circunvizinha, e que fossem relatos espontâneos”, destacou.

Nas três turmas em que desenvolveu atividades sobre o gênero discursivo, ela recebeu 80 produções de textos, das quais selecionou 30. “Mas, por um acaso, teve mais uma que me surpreendeu e aí entrou no livro também”, completou Kleyse, que é pesquisadora do ensino de escrita, tema que integra seu doutorado em Linguística, já em fase de conclusão, pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). “Esse livro é também uma resposta da minha tese, na qual deixo claro que o ensino de escrita deve ser desenvolvido para que todo aluno possa escrever, ser lido e ser compreendido”, salientou.

Como traz a apresentação da coletânea, os textos narrados em primeira pessoa contam “situações pessoais engraçadas, polêmicas, relevantes da vida dos alunos e de parentes deles, destacando a memória, o lugar de onde vêm e por onde passaram, circunstâncias sociais e individuais. Não devem servir como exemplo, mas como representação de sua identidade”.

 Com a iniciativa, a expectativa da professora é incentivar os alunos a serem futuros escritores, bem como a apreciação do conteúdo produzido por parte da comunidade acadêmica e outras pessoas de fora da instituição. “Espero que isso mexa com a autoestima de cada um dos autores e que os colegas possam entender que a escrita é um processo lento e agradável, que pode realmente levar a todos para outros lugares, quem sabe um lugar importante. Os grandes autores começaram devagarzinho, publicando textos pequenos, simples, e eu quero que eles tenham esse olhar para a escrita, que é uma coisa que pode ser desenvolvida por qualquer pessoa”, reforçou.

Enxergar-se escritor. Por que não?

Um dos alunos empolgados com a publicação de O meu e o deles é Claudenilson Silva Dantas, do curso técnico em Meio Ambiente. O texto de sua autoria, “Tudo na vida tem um propósito”, discorre sobre seu ingresso no Ifal, um breve relato sobre os medos associados aos momentos pré e pós aprovação no processo seletivo, em 2023.

 Oriundo de escola da rede municipal de Penedo, o jovem de 16 anos contou que sempre teve afinidade com a escrita, mas a prática nunca o levou a se ver como escritor. “Escrevo textos, geralmente contos ou crônicas, sobre a vida. Não costumo compartilhar muito. Escrevo para mim, pois ajuda na ansiedade, é um ótimo aliado”.

A partir da publicação de seu relato de experiência, ele disse que pretende produzir mais textos e até explorar outros gêneros. “Fiquei muito feliz e saí comentando com diversas pessoas, ‘vendendo meu peixe’, pois não é todo dia que você ajuda numa obra literária”, comentou. Para Claudenilson, a iniciativa da professora Kleyse, ajudou diversos alunos a perderem um pouco do medo de escrever ou vergonha de compartilhar o que escrevem. “Ela abriu portas para muitos que nem se viam como escritor, como aconteceu comigo”.

Sobre A descoberta

Trata-se de um livro de poesias, que a professora Kleyse já tinha por intenção publicar devido ao doutorado em andamento. “Já estava todo organizado, só faltando realmente o patrocínio”, disse, destacando que a publicação representa um sonho na vida dela. “Até era um manuscrito, e há muitos anos que eu o tinha guardado. Comecei a escrevê-lo em 1992 e passei muitos anos escrevendo poesias à mão e colocando numa pasta. Até os alunos sabiam da existência dele, pois faz sete anos que estou no Ifal e sempre na primeira aula ou durante o ano letivo, eu declamo uma poesia minha”, relatou.

Segundo ela, a necessidade de publicação foi acentuada durante o doutorado. “Eu voltei para aquele meu antigo sonho e pensei ‘agora é a hora’, não só porque há a obrigação de se publicar trabalhos no doutoramento, mas porque também é hora de deixar claro que todos podem escrever”, justificou. Kleyse argumentou que, para além do fato de ter recebido apoio financeiro do campus, seu interesse em fazer o lançamento de A descoberta na unidade de ensino e deixá-lo disponível na biblioteca passa pelo desejo de que os atuais e futuros alunos tenham acesso e possam considerar o feito como exemplo.

Apoio financeiro

Para a editoração e publicação dos livros O meu e o deles e A descoberta: novos sentimentos em uma mente adolescente, o Ifal Penedo destinou o montante de R$ 4.200,00. Ao todo, foram 200 exemplares. Do primeiro título, 31 foram entregues aos estudantes que compõem a obra e 50 ficarão no acervo bibliográfico do campus. Quanto ao segundo livro, 50 foram doados à biblioteca da unidade de ensino. A ideia é que o restante seja destinado às bibliotecas de outros campi do Ifal.

A viabilização do recurso fez com que a gestão do campus vislumbrasse a possibilidade de incluir esse tipo de demanda em seu orçamento anual e, já a partir de 2024, a unidade de ensino pretende lançar um edital para contemplar servidores e estudantes. “Já é algo certo, mas definiremos ainda o valor possível para este ano e as regras de submissão das publicações”, finalizou o diretor-geral Felipe Thiago Souza.