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Professora do Ifal Penedo ganha Prêmio Inventor 2023 concedido pela Petrobras
Docente premiada e, à direita, no laboratório com parte do equipamento desenvolvido
A professora do Instituto Federal de Alagoas – Campus Penedo, Simonise Figueiredo Amarante Cunha, foi contemplada com o Prêmio Inventor Petrobras 2023. Docente do Ifal desde 2019, ela recebeu a honraria por ter desenvolvido um projeto de pesquisa que resultou no depósito da patente intitulada "Sistema para Monitoramento On-line da Separação Gravitacional de Emulsões de Petróleo em Sistema Pressurizado e Aquecido".
Financiada pela Petrobras, a pesquisa também gerou sua tese de doutorado em Engenharia de Processos pela Universidade Tiradentes (Unit), defendida em agosto do ano passado. Além de Simonise, trabalharam no projeto outros quatro pesquisadores do Núcleo de Estudos em Sistemas Coloidais (Nuesc) da Unit de Aracaju (SE): Gustavo Rodrigues Borges (orientador do doutorado), Cláudio Dariva (coorientador), Ayslan Santos Pereira da Costa e Elton Franceschi.
A invenção patenteada se refere a uma tecnologia capaz de monitorar determinadas propriedades de emulsões de petróleo do pré-sal, sem a necessidade de trazer alíquotas dessa mistura para a superfície. “O poço de petróleo está sob altas pressões e altas temperaturas. Quando retiramos alguns mililitros de dentro dele no fundo do oceano e trazemos essa alíquota até a superfície para analisar, não estamos analisando a realidade daquele poço, porque houve despressurização e mudança de temperatura”, explicou a docente.
Segundo ela, até então, não existia uma tecnologia capaz de fazer essa análise, sem alterar as reais condições às quais estão sujeitas o petróleo extraído da camada pré-sal. “Precisávamos entender, por exemplo, o quanto de gotas de água estavam imersas nesse petróleo, dentro da realidade do próprio poço”, reforçou. Na tecnologia desenvolvida, esse monitoramento é possível através do infravermelho próximo, um tipo de luz que incide sobre a amostra de petróleo.
“Trabalhamos na construção de um equipamento feito em aço inox, bastante robusto, que pesa entre 40 e 50 quilos, com um cilindro de aço maciço que aguenta altas temperaturas e altas pressões. Além desse aparato experimental, acoplamos a ele o infravermelho e um microscópio óptico. A inovação está na junção dessas tecnologias, que fez com que a gente conseguisse simular o que acontece dentro do poço de petróleo”, completou.
Vitória e reconhecimento
Instituído em 2001, o Prêmio Inventor Petrobras é um reconhecimento concedido aos profissionais da própria empresa e de instituições parceiras que contribuam para o desenvolvimento de projetos tecnológicos de seu interesse, que resultam em depósitos de patentes pela Petrobras. Para conceder o troféu e certificado, a cada ano, a empresa faz uma seleção interna que aponta as invenções de grande impacto para o setor de petróleo, gás natural e energia.
“Para mim, ganhar esse prêmio significa o resultado de uma batalha muito longa, que foi o desenvolvimento desse estudo. Nos primeiros anos da pesquisa, nada estava dando certo com relação ao desenvolvimento do meu doutorado e, no meio dele, ainda ocorreu a pandemia, que me fez ficar quase um ano sem poder entrar no laboratório, sendo que meu doutorado era experimental, ou seja, eu precisava estar no laboratório para desenvolver o estudo e conseguir os resultados”, afirmou Simonise, que confessou ter, em alguns momentos, pensado em desistir.
“Em um doutorado, a gente passa por muitas pressões psicológicas e físicas, são muitos os desafios. No meu caso, na fase pós-pandemia, apesar de o Ifal ter me concedido horário especial de aulas, eu precisava me desdobrar para estar dois dias da semana no Campus Penedo e três dias na Unit em Aracaju, às vezes, tendo que chegar às 6h da manhã no laboratório e só sair às 22h, para conseguir os resultados esperados”, relatou Simonise, que é natural de Itabaiana, município localizado a cerca de 60 km da capital sergipana.
Hoje com 32 anos, a docente sempre residiu no interior de Sergipe e o deslocamento diário para estudar em Aracaju fez parte de sua rotina desde 2009, quando ingressou na Universidade Federal de Sergipe (UFS) para cursar o bacharelado em Engenharia Química. “Depois, entre 2014 e 2016, fiz o mestrado na mesma instituição, onde também tive uma experiência como professora substituta do Departamento de Engenharia Química. Somando tudo, são quase 15 anos de viagens diárias para finalizar minha vida acadêmica, a maior parte deles fazendo uso do transporte escolar”.
Ainda sobre a conquista do Prêmio Inventor Petrobras 2023, Simonise acrescenta: “na verdade, o momento do depósito da patente, em 23 de agosto de 2022, já indicou uma grande vitória. O certificado e troféu recebido agora só trouxe o reconhecimento desse momento que foi tão difícil. Me sinto reconhecida pela minha vida acadêmica, por ter conseguido mostrar que algo desenvolvido na universidade consegue resolver o problema de uma empresa que trabalha com uma tecnologia, hoje indispensável para a humanidade, que é a extração e exploração de petróleo”, comemorou.
No Ifal Penedo, Simonise integra a equipe docente da formação técnica em Química e já ministrou minicursos e componentes curriculares que dialogam com a área temática de seu doutorado. “Atualmente, ministro a disciplina Tecnologia Química 3, que tem como um dos pontos da ementa a tecnologia do petróleo, onde abordo sua extração, exploração e refino, inclusive, as amostras de petróleo bruto que utilizo nas aulas são provenientes do pré-sal. Elas foram fornecidas pela Petrobras à Unit, que nos cedeu uma pequena parte”, concluiu.