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Professor do Ifal Penedo publica artigos com resultados de pesquisa desenvolvida no campus

Experimentos feitos em microdestilaria abordam a produção de etanol e agregam valor a subprodutos da fermentação do melaço de cana
por Lidiane Neves publicado: 14/05/2025 16h00, última modificação: 15/05/2025 09h26

O professor Renan Atanázio dos Santos, do Instituto Federal de Alagoas – Campus Penedo, teve dois artigos científicos publicados recentemente em periódicos de destaque, com resultados de uma pesquisa desenvolvida no campus. Os estudos abordam a produção de etanol e de álcoois superiores a partir do melaço de cana-de-açúcar, com foco na eficiência do processo e no aproveitamento de subprodutos da fermentação.

Os artigos resultam da pesquisa de doutorado do docente, concluída em 2024 pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Química da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Todos os experimentos foram realizados no Ifal Penedo. Já a parte das análises ocorreu no Campus Maceió”, disse Renan. Na unidade de Penedo, ele usou a microdestilaria instalada no Laboratório de Processos Industriais. A estrutura simula, em escala reduzida, o processo de destilação utilizado em usinas industriais, como as do setor sucroalcooleiro.

“Minha tese de doutorado teve como objetivo geral avaliar a interferência de determinados fatores [pH, suplementação com sulfato de amônio e refrigeração] na formação dos alcoóis superiores, sem comprometer a formação do etanol, que é o principal produto de interesse das usinas”, resumiu o professor, ressaltando que ter acesso ao conjunto de equipamentos do Ifal Penedo foi o grande diferencial do estudo, pois possibilitou a condução das fermentações em condições muito próximas das adotadas pela indústria.

 “A microdestilaria permite gerar dados mais realistas do que os obtidos em laboratório convencional e desenvolver tecnologias com aplicação direta na indústria, além de promover a formação prática de alunos”, enfatizou Renan.

Sobre as publicações

Um dos artigos, publicado no Journal of the Brazilian Chemical Society, trata da formação seletiva dos álcoois isoamílico e isobutanol durante a fermentação. Esses compostos, chamados de álcoois superiores, fazem parte do chamado “óleo fúsel” – um subproduto da produção de etanol que, embora atualmente pouco valorizado, tem potencial de uso na indústria química e pode representar uma nova fonte de receita para usinas, especialmente as de pequeno e médio porte.

Já o outro artigo, divulgado pela Revista de Gestão Social e Ambiental, foca na eficiência da produção de etanol e como ela pode ser otimizada com ajustes simples no processo. “Os resultados demonstraram que a combinação de pH mais ácido, ausência de suplementação e controle de temperatura foi a mais eficiente, contribuindo para uma fermentação mais produtiva e sustentável”, afirmou o professor do Ifal Penedo.

Também assinam os artigos a equipe que orientou e colaborou com a pesquisa de doutorado de Renan Atanázio, sendo duas professoras da UFPE, além de dois docentes e uma ex-aluna do curso de Química do Ifal Maceió.

Produção mais econômica e sustentável

Para além do ponto de vista científico, a pesquisa é capaz de gerar impactos econômicos e ambientais no setor sucroalcooleiro, já que os resultados obtidos contribuem para uma produção mais eficiente, com maior aproveitamento dos subprodutos do melaço. “Ao otimizar esses parâmetros, é possível melhorar o rendimento da fermentação sem necessidade de grandes investimentos em tecnologia, o que é estratégico para as pequenas e médias usinas”, destacou Renan, referindo-se às variáveis simples de controle (pH, suplementação e refrigeração), objetos de sua pesquisa.

No aspecto ambiental, o professor pesquisador ressaltou que melhorar o desempenho do processo de fermentação significa reduzir desperdício de matéria-prima, consumo energético e emissão de resíduos. “Como o etanol é um biocombustível estratégico para a matriz energética brasileira, aprimorar sua produção contribui diretamente para a transição energética e o enfrentamento das mudanças climáticas”, acrescentou.

O docente ainda destacou a relevância da pesquisa na produção de conhecimento científico voltado às necessidades regionais e ao desenvolvimento socioeconômico local. “O tema estudado tem conexão direta com a realidade econômica de Alagoas e da região Nordeste, que concentra diversas usinas e depende fortemente do setor sucroalcooleiro. Melhorar o aproveitamento de subprodutos e a eficiência dessa produção pode fortalecer a competitividade regional, gerar renda e empregos e promover uma economia mais sustentável. Além disso, demonstra o papel do Ifal como agente de transformação e desenvolvimento local”, concluiu.

 Docência e pesquisa

Renan Atanázio atua como professor no Ifal Penedo desde setembro de 2010, quando o campus foi implantado, e atualmente dá aulas na formação técnica em Química (integrada e subsequente) e no curso superior em Química Industrial. Em abril deste ano, assumiu a Coordenação de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação.

O docente é engajado na realização de pesquisas envolvendo o universo sucroalcooleiro desde a instalação da microdestilaria na unidade de ensino. “Trata-se de estudos voltados à fermentação alcoólica de melaço e caldo de cana-de-açúcar, que possibilitaram avanços significativos na operação e adaptação da própria microdestilaria, ampliando seu potencial como ambiente de pesquisa aplicada”, salientou.

Para Renan, além de consolidar a estrutura de equipamentos do Ifal Penedo como um importante ambiente de pesquisa aplicada e formação prática de estudantes, toda essa trajetória contribuiu diretamente para o amadurecimento técnico e metodológico que viabilizou o desenvolvimento de sua tese de doutorado com maior precisão e aprofundamento.