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Pesquisa do Ifal Penedo avalia potencial do bagaço de cana no tratamento de efluentes têxteis
Desenvolvido no Instituto Federal de Alagoas – Campus Penedo, um estudo que explora o uso do bagaço de cana-de-açúcar para o tratamento de efluentes têxteis teve os seus resultados compartilhados no 15º Encontro Brasileiro sobre Adsorção (EBA). O evento, considerado o maior da área no Brasil, ocorreu entre os dias 20 e 22 de novembro, em Maceió (AL), reunindo especialistas de todo o país e do exterior para discutir avanços e aplicações da adsorção, tecnologia usada no tratamento de poluentes e outros processos industriais.
A apresentação foi conduzida pelo estudante do curso superior em Química Industrial, João Igor Andrade Moreira, sob a orientação da professora Simonise Amarante, da área de Engenharia Química. A pesquisa está vinculada ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e inclui como outras duas integrantes a aluna do 3º ano do curso técnico em Química integrado ao ensino médio, Ângella Haíssa Farias Silva, e a docente Martha Suzana Rocha, também da área de Engenharia Química.
Conforme explicou Simonise, o que o estudo buscou foi investigar como o bagaço de cana-de-açúcar pode ser utilizado para limpar a água usada por fábricas de tecidos, que muitas vezes fica contaminada com corantes. Nos testes aplicados, avaliou-se como diferentes condições de uso do bagaço, a exemplo da quantidade do material e da velocidade da água passando por ele, influenciam a remoção desses corantes no processo de despoluição.
A docente ressaltou que a pesquisa trouxe resultados promissores. Segundo ela, a equipe concluiu que o resíduo que sobra da produção de açúcar ou etanol, ao conseguir prender em sua superfície (adsorver) de maneira eficaz os corantes, apresenta-se como uma solução tecnológica de baixo custo, sustentável e acessível para tratar a água de indústrias têxteis, ajudando a preservar o meio ambiente e a dar um novo uso a esse material que é comumente descartado pela indústria sucroalcooleira.
“Os testes mostraram que o bagaço é um adsorvente promissor especialmente para tratar corantes catiônicos, demonstrando grande potencial para aplicações industriais”, reforçou Simonise. Para entender melhor a importância do estudo, no tratamento de águas residuais, os corantes catiônicos são desafiadores porque podem causar impacto ambiental significativo se não forem removidos de maneira eficaz.
“Esse trabalho é resultante do projeto Pibic executado entre 2023 e meados de 2024. A mesma equipe continua trabalhando no Pibic que teve início no segundo semestre deste ano e vai até 2025. Na nova pesquisa, o bagaço de cana será ativado em meio ácido e em meio básico, para fazermos um estudo comparativo com os resultados obtidos com a cana in natura, que foi o material utilizado na pesquisa anterior”, detalhou a professora Simonise.
Do laboratório à comunicação científica
Eventos como congressos, simpósios e encontros acadêmicos integram o que se chama de espaços de comunicação científica, que são fundamentais para a troca de ideias, atualização sobre as últimas pesquisas e disseminação de novos conhecimentos. Estudante do Ifal Penedo desde 2018, quando ingressou no extinto curso técnico em Açúcar e Álcool, João Igor informou ter sido sua primeira apresentação em evento externo ao campus.
Embora já tenha integrado outros projetos, seja na área de pesquisa, inovação ou extensão, a oportunidade de compartilhar seu trabalho em um congresso do porte do EBA foi, para o jovem, uma experiência única. “Achei muito interessante porque me permitiu um maior entendimento na área que eu estou trabalhando, que é com a adsorção de bagaço de cana. No encontro, eu pude conhecer outras áreas de adsorção com outros materiais”.
Além disso, João Igor revelou ter ficado feliz porque sua apresentação chamou a atenção do público participante e foi elogiada por outros professores pesquisadores. “Inclusive, fui convidado para fazer análises em um laboratório de uma instituição de ensino, em Aracaju (SE)”, contou o aluno, que atualmente cursa o 6º período do bacharelado em Química Industrial.
“É muito gratificante ouvir de várias pessoas que o trabalho da gente é bom. Às vezes, você passa um ano se dedicando a um estudo e fica só por ali, sem compartilhar. E aí, quando você vai para um congresso, é como se abrisse um leque. Então você se interessa em buscar outras áreas, em fazer parcerias ou até mesmo em publicar um artigo em revista científica, que é o que eu quero fazer”, completou empolgado.