Você está aqui: Página Inicial > Campus > Penedo > Notícias > Pesquisa do Ifal Penedo avalia potencial do bagaço de cana no tratamento de efluentes têxteis
conteúdo

Notícias

Pesquisa do Ifal Penedo avalia potencial do bagaço de cana no tratamento de efluentes têxteis

Resultados do estudo foram levados ao Encontro Brasileiro sobre Adsorção, ocorrido entre os dias 20 e 22/11, na capital alagoana
por Lidiane Neves publicado: 26/11/2024 17h39, última modificação: 26/11/2024 18h23

Desenvolvido no Instituto Federal de Alagoas – Campus Penedo, um estudo que explora o uso do bagaço de cana-de-açúcar para o tratamento de efluentes têxteis teve os seus resultados compartilhados no 15º Encontro Brasileiro sobre Adsorção (EBA). O evento, considerado o maior da área no Brasil, ocorreu entre os dias 20 e 22 de novembro, em Maceió (AL), reunindo especialistas de todo o país e do exterior para discutir avanços e aplicações da adsorção, tecnologia usada no tratamento de poluentes e outros processos industriais.

A apresentação foi conduzida pelo estudante do curso superior em Química Industrial, João Igor Andrade Moreira, sob a orientação da professora Simonise Amarante, da área de Engenharia Química. A pesquisa está vinculada ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e inclui como outras duas integrantes a aluna do 3º ano do curso técnico em Química integrado ao ensino médio, Ângella Haíssa Farias Silva, e a docente Martha Suzana Rocha, também da área de Engenharia Química.

Conforme explicou Simonise, o que o estudo buscou foi investigar como o bagaço de cana-de-açúcar pode ser utilizado para limpar a água usada por fábricas de tecidos, que muitas vezes fica contaminada com corantes. Nos testes aplicados, avaliou-se como diferentes condições de uso do bagaço, a exemplo da quantidade do material e da velocidade da água passando por ele, influenciam a remoção desses corantes no processo de despoluição.

A docente ressaltou que a pesquisa trouxe resultados promissores. Segundo ela, a equipe concluiu que o resíduo que sobra da produção de açúcar ou etanol, ao conseguir prender em sua superfície (adsorver) de maneira eficaz os corantes, apresenta-se como uma solução tecnológica de baixo custo, sustentável e acessível para tratar a água de indústrias têxteis, ajudando a preservar o meio ambiente e a dar um novo uso a esse material que é comumente descartado pela indústria sucroalcooleira.

“Os testes mostraram que o bagaço é um adsorvente promissor especialmente para tratar corantes catiônicos, demonstrando grande potencial para aplicações industriais”, reforçou Simonise. Para entender melhor a importância do estudo, no tratamento de águas residuais, os corantes catiônicos são desafiadores porque podem causar impacto ambiental significativo se não forem removidos de maneira eficaz.

“Esse trabalho é resultante do projeto Pibic executado entre 2023 e meados de 2024. A mesma equipe continua trabalhando no Pibic que teve início no segundo semestre deste ano e vai até 2025. Na nova pesquisa, o bagaço de cana será ativado em meio ácido e em meio básico, para fazermos um estudo comparativo com os resultados obtidos com a cana in natura, que foi o material utilizado na pesquisa anterior”, detalhou a professora Simonise.

Do laboratório à comunicação científica

Eventos como congressos, simpósios e encontros acadêmicos integram o que se chama de espaços de comunicação científica, que são fundamentais para a troca de ideias, atualização sobre as últimas pesquisas e disseminação de novos conhecimentos. Estudante do Ifal Penedo desde 2018, quando ingressou no extinto curso técnico em Açúcar e Álcool, João Igor informou ter sido sua primeira apresentação em evento externo ao campus.

 Embora já tenha integrado outros projetos, seja na área de pesquisa, inovação ou extensão, a oportunidade de compartilhar seu trabalho em um congresso do porte do EBA foi, para o jovem, uma experiência única. “Achei muito interessante porque me permitiu um maior entendimento na área que eu estou trabalhando, que é com a adsorção de bagaço de cana. No encontro, eu pude conhecer outras áreas de adsorção com outros materiais”.

Além disso, João Igor revelou ter ficado feliz porque sua apresentação chamou a atenção do público participante e foi elogiada por outros professores pesquisadores. “Inclusive, fui convidado para fazer análises em um laboratório de uma instituição de ensino, em Aracaju (SE)”, contou o aluno, que atualmente cursa o 6º período do bacharelado em Química Industrial.

É muito gratificante ouvir de várias pessoas que o trabalho da gente é bom. Às vezes, você passa um ano se dedicando a um estudo e fica só por ali, sem compartilhar. E aí, quando você vai para um congresso, é como se abrisse um leque. Então você se interessa em buscar outras áreas, em fazer parcerias ou até mesmo em publicar um artigo em revista científica, que é o que eu quero fazer”, completou empolgado.