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Pesquisa de iniciação científica do Ifal Penedo é levada ao Encontro Recifal Brasileiro

Resultados apresentados durante evento no RJ estão relacionados a estudo em andamento nos recifes do Litoral Sul de Alagoas
por Lidiane Neves publicado: 11/07/2024 18h52, última modificação: 12/07/2024 16h06

Os recifes de duas praias no Litoral Sul de Alagoas são objeto de pesquisa de um projeto de iniciação científica em andamento no Instituto Federal de Alagoas – Campus Penedo. O estudo tem previsão de conclusão em setembro deste ano, mas seus resultados parciais já foram compartilhados em âmbito nacional durante a edição 2024 do Encontro Recifal Brasileiro (EreBra), que ocorreu na cidade de Niterói (RJ).

Sob a orientação da professora Lilian Freitas, o grupo formado por quatro jovens pesquisadores, todos do curso técnico em Meio Ambiente, viajou ao estado do Rio de Janeiro em maio deste ano. No EreBra, o bolsista José Arthur de Brito Fernandes e os voluntários Augusto Ferreira Correia, David Calyel dos Santos Silva e Jhenison Estácio Rocha tiveram a oportunidade de expor os dados até então coletados no recife de arenito do Pontal do Peba, em Piaçabuçu. O outro local incluído na pesquisa é o Pontal do Coruripe, praia localizada no município de mesmo nome.

Grupo formado por quatro jovens pesquisadores, todos do curso técnico em Meio Ambiente, atua sob a orientação da professora Lilian Freitas.“O projeto tem como objetivo realizar um levantamento dos organismos habitantes na superfície emersa dos recifes desses dois locais. Esse levantamento é simples e servirá de base para ações de monitoramento e projetos futuros”, resumiu a docente orientadora. Segundo ela, o que motivou a realização desse trabalho de identificação foi justamente a escassez de estudos sobre a comunidade bentônica nos recifes do Litoral Sul alagoano e a consequente ausência desse tipo de informação na literatura acadêmica, principalmente, com relação ao Pontal do Peba.

“Embora já seja esperado quais organismos ocorram na região, por estimativa de resultados de regiões próximas, precisávamos dessa base de dados publicada”, acrescentou Lilian. Bióloga e mestre em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos, a professora da área técnica do curso de Meio Ambiente contou, por exemplo, que estava com um projeto de pesquisa engavetado desde 2020 por não ter encontrado nenhum levantamento para citar como justificativa, mesmo o Pontal do Peba fazendo parte de uma unidade de conservação federal, que é a Área de Proteção Ambiental (APA) de Piaçabuçu.

Para coletar os dados, a equipe da pesquisa utilizou como método o transecto linear.Para coletar os dados, a equipe utilizou como método o transecto linear, que consiste basicamente em traçar uma linha e, em cada espaço pré-selecionado, procurar pelos organismos que interessam à pesquisa. “Nesse caso, a cada 5 metros foi colocado um quadrado de 50x50 cm e contabilizado os organismos da superfície do recife”, detalhou a orientadora. Conforme a apresentação levada ao Encontro Recifal Brasileiro, o trabalho de observação visual no Pontal do Peba resultou na identificação de 17 espécies, incluindo algas e corais.

Todos os dados tabulados são fundamentais para a compreensão da biodiversidade local, mensuração da interferência humana no ambiente natural e elaboração de estratégias de manejo e conservação. “Temos corais no Peba que podem ser pisoteados ou simplesmente sofrerem o branqueamento. Além disso, com o monitoramento, é possível observar se há presença de espécies invasoras. Nós observamos também espécies que estão branqueando no Pontal do Coruripe, dados que já foram repassados para um projeto maior de nível nacional”, destacou Lilian, que, após a apresentação do projeto e algumas conversas no EReBra, ficou como uma das responsáveis pelo acompanhamento de corais na região estudada.

Da iniciação à imersão na pesquisa científica

Além de colaborar com a produção de conhecimento científico, a realização de pesquisas que envolvem estudantes de ensino médio proporciona uma formação técnica em que se pode elencar uma série de benefícios, entre eles, o estímulo à curiosidade intelectual, as habilidades de se trabalhar em equipe, de aprofundar temas abordados em sala de aula, de lidar com desafios metodológicos e de desenvolver um olhar crítico na análise de dados, além de melhor prepará-los para a universidade.

Para o bolsista José Arthur, por exemplo, sua experiência no projeto sobre a comunidade bentônica dos recifes dos pontais do Peba e do Coruripe tem sido marcante e transformadora. “Adquiri um profundo conhecimento sobre ecossistemas marinhos e diversas oportunidades profissionais e acadêmicas se abriram. Desde o início, fiquei fascinado pela diversidade dos recifes de corais e, ao pesquisar na APA de Piaçabuçu, pude entender a dinâmica desses ecossistemas, contribuindo significativamente para suprir a falta de estudos na região”, relatou o jovem que, até então, nunca havia atuado como pesquisador em um trabalho científico.

Segundo ele, as atividades de coleta e análise de dados, a colaboração com colegas voluntários e sua orientadora, e a imersão no universo da pesquisa científica ampliaram seus horizontes e consolidaram seu interesse pela área ambiental. “Sempre tive grande interesse pelo meio ambiente, e esse projeto me mostrou as inúmeras possibilidades de atuação na área, destacando a importância de monitorar e conservar ecossistemas marinhos. Agora, estou mais determinado a seguir uma carreira acadêmica, buscando graduação em Ciências Biológicas ou Engenharia Ambiental, com interesse especial em biologia marinha, ecologia de recifes de corais e conservação ambiental”, disse José Arthur.

Apresentação dos resultados parciais do projeto durante o Encontro Recifal Brasileiro 2024, em Niterói (RJ).Com relação à participação de toda a equipe do projeto em um evento nacional de divulgação científica, como o EreBra, a professora Lilian Freitas destacou como relevante, em especial para os alunos, pelo de fato de ajudá-los “a sair da bolha, a dialogar com outras pessoas que realizam trabalhos semelhantes, trocar ideias, se atualizar, já que nesse tipo de encontro eles veem outros trabalhos, até mesmo mais complexos, sendo desenvolvidos”.

O estudante Jhenison, um dos voluntários do projeto, classificou como “incrível e enriquecedora” a experiência de participar pela primeira vez de um congresso fora de Alagoas. “Foi um marco na minha trajetória acadêmica. A interação com pesquisadores de diversas áreas e regiões ampliou minha visão sobre a ciência e suas múltiplas aplicações. Além do enriquecimento acadêmico, a experiência de estar em outro estado, conhecer lugares diferentes foi extremamente gratificante. O congresso não só fortaleceu minhas habilidades técnicas e de pesquisa, mas também contribuiu significativamente para o meu crescimento pessoal. Sou muito grato ao Ifal por esta oportunidade”, concluiu.