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Ifal integra projeto de pesquisa e formação ambiental da Fundaj na costa do Nordeste

Acordo foi assinado na sexta-feira, 2, mas trabalhos com a participação de docente do Campus Penedo já estavam em andamento
por Lidiane Neves publicado: 06/12/2022 14h27, última modificação: 06/12/2022 16h22

Com colaboração de Imarlan Gabriel (estagiário de Jornalismo) e Jhonathan Pino

O Instituto Federal de Alagoas (Ifal) é uma das instituições parceiras da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) para a realização do projeto “Participação e Governança Ambiental Municipal: Territórios Costeiros”. O acordo de cooperação técnica foi assinado na sexta-feira, 2, na reitoria em Maceió, com a presença de gestores do Ifal e de pesquisadores envolvidos.

Trata-se de uma iniciativa de pesquisa e formação voltada para municípios localizados na costa do Nordeste brasileiro, para a construção de uma agenda de políticas ambientais. Embora a parceria tenha sido oficializada somente neste início de dezembro, os trabalhos já vêm acontecendo há alguns meses, com a coleta de informações na região do Baixo São Francisco de Alagoas e Sergipe.

De caráter interdisciplinar e interinstitucional, a primeira etapa do projeto compreende o levantamento de dados sobre a estrutura das gestões ambientais dos municípios. A partir daí, serão identificadas as demandas para capacitação dos atores sociais locais com interferência no meio ambiente. Além do Ifal, a Fundaj, que tem sede em Recife, conta com a parceria da Universidade de Pernambuco (UPE).

Reunião para assinatura do acordo de cooperação técnica entre a Fundaj e o Ifal, na reitoria.Projetos como esse desenvolvem todas as dimensões da vida humana e este em específico traz uma série de apontamentos para a conduta ética, na pesquisa”, disse a pró-reitora de Ensino, Cledilma Costa, ao destacar a importância simbólica do momento presencial para assinatura do acordo.

Do Ifal, também acompanharam a formalização da parceria a pró-reitora de Extensão, Elisabete Duarte, o Secretário Executivo, Wellington Spencer, o diretor de Pesquisa e Eventos, Eugênio Bastos, a coordenadora da Secretaria de Governança, Integridade, Riscos e Controle, Maria Fabíola Assumpção, e o diretor-geral do Campus Penedo, Felipe Thiago Souza, representando a unidade à qual a pesquisadora do Ifal, Maira Egito, está vinculada.

Beatriz Mesquita, pesquisadora da Fundaj, com os estudantes bolsistas Pedro Lira Filho (UPE) e Athylas Correia (UFPE).Como representantes da Fundação
Joaquim Nabuco, participaram a coordenadora do projeto, Beatriz Mesquita, e os bolsistas Pedro Lira Filho, estudante de Ciências Biológicas da UPE, e Athylas Correia, que cursa Geografia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

No dia da assinatura do acordo, Maira Egito acompanhava alunos do Ifal Penedo em uma visita técnica e não pôde participar. A docente foi responsável pela articulação com a Fundaj e esteve em campo com a equipe de pesquisa, na semana entre 28 de novembro e 1º de dezembro, percorrendo as cidades alagoanas de Penedo, Piaçabuçu e Feliz Deserto para fechar a primeira etapa in loco do projeto.

Pesquisa de campo

Equipe de pesquisa em campo na Área de Proteção Ambiental (APA/ICMBio), na praia do Peba, em Piaçabuçu.O trabalho de pesquisa e formação envolverá a região costeira de todos os estados nordestinos, mas por etapas. “O que está sendo executado neste primeiro bloco, envolvendo a região do Baixo São Francisco, é o que estamos chamando de projeto-piloto. Depois, a pesquisa seguirá para outros municípios do Nordeste”, pontuou Maira Egito, professora da área técnica do curso de Meio Ambiente do Ifal Penedo.

Além das três cidades de Alagoas citadas, o projeto-piloto agrega os municípios de Brejo Grande, Pacatuba, Ilha das Flores e Neópolis, em Sergipe. Nessas localidades, a equipe fez entrevistas com gestores públicos de Meio Ambiente, conselheiros municipais das áreas ambiental e turística e lideranças locais vinculadas a associações e cooperativas ligadas às atividades de pesca, turismo e reciclagem.

Também incluímos na aplicação dos questionários os gestores de unidades de conservação e gerentes de projetos ambientais”, completou Maira. Ela explicou que as entrevistas buscam, de forma geral, saber “como esses órgãos e grupos estão estruturados, como se comunicam internamente, como participam dos espaços coletivos de discussão, se há verbas para executar suas ações, entre outras questões”.

Ouvir para propor

Entrevista com representante da Colônia de Pescadores de Piaçabuçu.Segundo a pesquisadora Beatriz Mesquita, o projeto “Participação e Governança Ambiental Municipal: Territórios Costeiros” nasceu da experiência com o desastre ambiental do óleo no litoral brasileiro, em 2019, que afetou toda a costa do Nordeste e alcançou o norte do Rio de Janeiro.

Naquele ano, foram feitas mais de cinco mil entrevistas e participei ativamente desse trabalho, para tentar identificar quais consequências as manchas de óleo trouxeram para as comunidades de pescadores e para o turismo”, contextualizou. No contato com a população, lideranças e gestores, um dos pontos em comum foi a fragilidade das prefeituras para responder ao desastre.

Para Beatriz, tais fragilidades podem ser amenizadas com atividades de formação para uma melhor gestão ambiental, mas abrange outros atores sociais. No entanto, a definição de quais cursos propor deve ser algo construído com a participação do público-alvo. “Não queremos chegar com um pacote de capacitações prontas. A ideia é tentar preencher lacunas a partir das necessidades dos municípios, e é esse trabalho de campo que nos dará uma visão do que realmente eles precisam”.

Entrevista com mulheres da Associação de Artesãs de Feliz Deserto.Os passos seguintes envolvem a produção de relatório sobre as informações coletadas, para que as demandas de capacitação sejam identificadas. As atividades de formação serão ofertadas gratuitamente pela Fundaj, prioritariamente, para as cidades participantes do projeto, mas outras interessadas também podem ser beneficiadas. A previsão é que, até o final de 2023, as sete cidades envolvidas no projeto-piloto recebam as capacitações definidas com base em suas necessidades.

Nosso foco é ajudar a população que mora nessas regiões a lidar melhor com os fenômenos oriundos das mudanças climáticas e desastres ambientais, maximizando a relação da sociedade com a natureza”, ressaltou a professora Maira, com a expectativa de que os resultados também sejam utilizados como uma fonte de dados pelas prefeituras, através de relatórios, publicações e subsídios, visando à elaboração de políticas públicas para promover ações ambientais e beneficiar a população nordestina.