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Ensino do Campus Penedo reúne estudantes para discutir possível retorno do calendário letivo
O Departamento de Ensino reuniu na quarta-feira, 15, estudantes de todos os cursos técnicos do Ifal Penedo para um debate sobre a situação atual da pandemia e o possível retorno do calendário letivo 2020, que está suspenso desde meados de março. Realizada por meio da ferramenta on-line Google Meet, a reunião foi conduzida pelo chefe da pasta, Wellinghton Santos, e as discussões também contaram com a participação de mães e pais dos alunos, além de alguns docentes e técnicos do campus diretamente ligados ao Ensino, totalizando cerca de 200 pessoas.
Conforme explicou o diretor Wellinghton no início do encontro, tratou-se de um momento para avaliação conjunta do contexto e das possibilidades de condução das atividades acadêmicas nos próximos meses. “É um bate-papo, não estamos aqui para tomar decisões ainda, uma vez que estas são tomadas institucionalmente envolvendo o Ifal como um todo, ou seja, reitoria e os campi, com cada um considerando as suas especificidades”.
Na ocasião, os participantes expuseram suas preocupações e, entre os pontos mais levantados, citaram a problemática do tempo sem aula (cerca de quatro meses) e discorreram sobre a situação de exclusão de parte dos estudantes devido à falta de acesso à internet, as dificuldades da rotina de estudo em casa resultado das diferentes realidades socioeconômicas do corpo discente, a situação de estudantes com necessidades específicas e as particularidades dos cursos técnicos com relação à parte prática das disciplinas, indispensável à formação.
Perspectiva inicial
Antes de apresentar o que o Ifal vem discutindo como proposta para a retomada do calendário, o chefe do Departamento de Ensino fez um resgate dos últimos quatro meses para contextualizar as discussões atuais. “Quando a decisão de suspender as aulas foi tomada, tínhamos como expectativa a possibilidade de ensino híbrido, isto é, atividades presenciais e remotas. A ideia era voltar agora no segundo semestre com o ensino presencial e, na pior das hipóteses, somente em setembro com o ensino híbrido”, informou.
Segundo ele, nos primeiros meses da pandemia, a instituição não considerava um retorno apenas com atividades remotas por quatro principais razões: necessidade de formação da equipe docente, já que ensinar a distância requer habilidades específicas e domínio de ferramentas virtuais de aprendizagem (atualmente há quatro cursos em andamento); formação discente, pois os alunos também precisam ser capacitados para utilização das ferramentas on-line escolhidas; limitação de acesso do corpo discente quanto à conectividade e condições de estudo; e, por fim, a qualidade da educação ofertada pelo Ifal, que seria posta em xeque com uma prática de ensino sem considerar todas as razões anteriores.
Sobre as condições de conectividade dos estudantes, os campi realizaram pesquisa e a de Penedo mostrou que, dos 341 alunos que responderam o questionário, 12,6% afirmaram não possuir acesso à internet em suas residências (CLIQUE AQUI para conferir o arquivo completo). “É um dado que preocupa porque, além desse percentual confirmado, há os estudantes que nem chegaram a preencher o formulário disponibilizado de forma on-line”, ressaltou Wellinghton, acrescentando que o campus tem cerca de 700 matrículas ativas e somente metade participou da pesquisa realizada no início de abril. “Mesmo com essa limitação, não perdemos o foco em manter o vínculo com nossos estudantes. Então continuamos a desenvolver algumas atividades remotas e colocamos em prática a ação pedagógica de tutorias para uma maior aproximação entre as turmas e a equipe docente”.
Caminhos possíveis
No contexto atual, segundo afirmou o diretor de Ensino do Campus Penedo, a visão do Ifal é diferente, dado o cenário de condução da pandemia no país, que gerou a impossibilidade de ensino presencial com segurança ainda este ano. “Nesse contexto de impossibilidade de retorno às escolas em 2020, temos algumas razões que nos obrigam a tomar alguma decisão no sentido de retomar nosso calendário: a portaria 544 do Ministério da Educação, que autoriza, em caráter excepcional, até dezembro deste ano, a substituição de disciplinas presenciais por atividades letivas que utilizem recursos educacionais digitais; a realização do Enem em janeiro; a urgente necessidade de retomar e fortalecer o vínculo com estudantes; e a evasão escolar, já que temos alguns casos de estudantes com intenção de pedir transferência para outras redes de ensino”, justificou Wellinghton.
A proposta então apresentada na reunião foi a que vem sendo discutida pela Pró-reitoria de Ensino do Ifal com os dirigentes dos campi de retorno remoto do calendário de forma gradual, começando pelas turmas concluintes, em caráter experimental de 30 dias. “Essa proposta pautou uma reunião que aconteceu semana passada com a equipe gestora da reitoria, na qual se autorizou a construção da minuta, e o Departamento de Ensino do Ifal Penedo, considerando as suas condições locais, sugeriu que o retorno remoto também abrangesse as turmas de 1º e 2º ano. Levamos essa ideia inicial para as equipes docente e técnica ligadas ao departamento e agora estamos aqui compartilhando com estudantes e responsáveis porque precisamos ouvi-los”, disse Wellinghton, enfatizando que nada está ainda decidido e que o debate sobre a proposta será ainda aprofundado localmente em mais reuniões com o corpo docente e técnico e discentes.
“É preciso aprofundar as discussões dessa proposta de retorno remoto porque o outro único caminho possível é manter a suspensão do calendário, o que tem, cada vez mais, levado a um distanciamento entre instituição e estudantes, apesar dos esforços em manter o vínculo”. Sobre a inclusão digital, condição indispensável para que a proposta se torne real e não colabore para o aprofundamento de desigualdades sociais, o diretor de Ensino informou que há um plano interno de conectividade sendo traçado pelo Ifal para conseguir abranger todos os alunos. Ao final da reunião, os participantes avaliaram o encontro como positivo e ficou acertado que as preocupações levantadas e sugestões dadas serão levadas em conta no processo de construção da minuta da proposta institucional.