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E-book traz capítulo sobre pesquisa de professor do Ifal Penedo com espécies de pimenta
Contrariando a expressão popular, de fato, pimenta nos olhos dos outros não é refresco. Mas, para além do sabor e ardência que ela confere à culinária, a pimenta pode gerar um impacto positivo na produção de alimentos. Isso foi o que indicou uma pesquisa coordenada pelo professor de Química do Instituto Federal de Alagoas - Campus Penedo, André Luiz Oliveira, ao utilizar o óleo essencial das espécies malagueta e bode como matéria-prima para o desenvolvimento de defensivo agrícola natural biodegradável. As informações sobre o estudo integram um dos capítulos do livro digital Avanços e Atualidades na Botânica Brasileira, recentemente publicado pela Stricto Sensu Editora (ver link abaixo).
Conforme aponta o trabalho científico iniciado quando o docente atuava no Instituto Federal de Rondônia (IFRO), a utilização de óleos essenciais como inseticidas naturais é uma prática cada vez mais difundida no meio agrícola. Na pesquisa realizada, o que a torna particular é a cultura escolhida, no caso, a pimenta. Ambas as espécies testadas apresentam substâncias inibidoras que podem ser eficazes no ataque de pragas e doenças veiculadas pelos alimentos, funcionando como uma alternativa saudável e ecologicamente correta ao uso de agrotóxicos.
Desenvolvimento da pesquisa
A metodologia envolveu a seleção das amostras, lavagem, picagem do fruto para separar as sementes, pesagem, retirada de umidade, extração do óleo essencial e determinação da concentração mínima inibitória. Os resultados foram obtidos a partir dos testes com diferentes concentrações de substratos diluídos e depois aplicados em ensaios laboratoriais de microescala com cepas bacteriológicas da Escherichia coli, bactéria transmitida aos humanos pelo consumo de alimentos contaminados, entre eles, os vegetais crus. "Todos os grupos testados apresentaram atividade antibacteriana em relação ao controle, o que sugere o uso eficaz da pimenta nas lavouras, visando prevenir algumas doenças entéricas [que afetam o estômago ou intestino] veiculadas pelos alimentos", explica André Luiz.
O estudo começou a ser idealizado pelo docente em 2016, no Campus Colorado do Oeste do IFRO. "Utilizei a temática extração de óleos essenciais como práticas de ensino da Química nas atividades laboratoriais do curso técnico em Agropecuária e da graduação em Engenharia Agronômica e, com o retorno satisfatório dos alunos no tocante à aplicação da Química no cotidiano ou no desenvolvimento de novas tecnologias, resolvi elaborar um projeto de pesquisa, tendo como principal objetivo desenvolver um novo método de controle bacteriológico a partir de extração de óleos essenciais de duas espécies de pimenta de fácil adaptação da Região Amazônica", conta o professor.
Ele relata que, na época, até decidir utilizar a pimenta como matéria-prima do estudo, foi realizada a extração de diversas culturas: coentro, limão, laranja, citronela, coco seco, cravo, canela, castanha-do-pará e hortelã. "Depois de termos os extratos prontos, aplicávamos em determinadas lavouras com o intuito de desenvolver métodos que permitissem a extração de substâncias com propriedades inibidoras para serem aplicadas na agricultura, visando à produção de alimentos sem o uso de agroquímicos", complementa.
O início dos trabalhos de pesquisa com a pimenta se deu oficialmente em setembro de 2017, após seleção da proposta pela Pró-reitoria de Pesquisa do IFRO. "Em junho de 2018, fui redistribuído para o Ifal e tive que transferir a coordenação do projeto para o então professor colaborador Nélio Raniele e fiquei atuando a distância até a finalização dos trabalhos, em setembro do ano passado", explica André Luiz, acrescentando que os demais autores do capítulo publicado eram os bolsistas e voluntários do ensino técnico de nível médio e do ensino superior, totalizando cinco estudantes.
A publicação no e-book resulta do convite de um dos membros do corpo editorial do livro digital Editora Stricto Senso, André Renato Zan, que é professor do IFRO no Campus Jí-Paraná. "O convite foi para que eu submetesse uma proposta exitosa na área de Ensino, Pesquisa ou Extensão e resolvi ajustar o projeto às regras de formatação do e-book. Em março deste ano, tivemos a resposta positiva da editora, que estipulou até 10 de abril o prazo para as últimas correções. A tarefa envolvia retificar alguns dados de tabulação, pequenos erros que passaram despercebidos. Comecei então uma verdadeira corrida contra o tempo, em meio à pandemia que estamos enfrentando", relata o pesquisador.
Continuidade em Alagoas
O estudo foi concluído de acordo com o objetivo inicial do projeto, mas o docente pensa em dar continuidade no Ifal, pois, segundo ele, ainda cabe fazer análise química do óleo, cálculos de desvio padrão no que se refere às práticas de controle, aplicação do óleo com colônias de bactérias e testagem em larga escala ou em campo. "No estudo de que trata a publicação no livro digital, os testes foram realizados in vitro, sendo necessária, portanto, a realização de mais pesquisas para uma futura aplicação e transferência de tecnologia aos pequenos produtores, indústrias e outras instituições", diz, acrescentando que a matéria-.prima pode ser facilmente adquirida de produtores de Alagoas. "No povoado Pindorama, em Coruripe, encontramos esses pequenos agricultores de pimenta", conclui.
CLIQUE AQUI para conferir o estudo publicado no capítulo 5 do livro digital com o título "Biotecnologia utilizando o óleo essencial de duas espécies de Capsicum adaptadas na Região Amazônica para o desenvolvimento de defensivo agrícola natural biodegradável com aplicação em alimentos".