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Curso de pós-graduação do Ifal Penedo tem sua primeira defesa de TCC realizada

Conclusão do trabalho acontece um ano após o início das atividades da Especialização em Educação Ambiental e Cultural
por Lidiane Neves publicado: 17/08/2023 18h52, última modificação: 18/08/2023 12h41

O primeiro Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da Especialização em Educação Ambiental e Cultural, ofertada pelo Instituto Federal de Alagoas – Campus Penedo, foi defendido na noite da última terça-feira, 15. A aluna Beatriz Alves Ribeiro apresentou para a banca examinadora os estudos que embasaram a construção de um folheto didático sobre a área de manguezal na laguna de Jequiá da Praia, município situado no litoral sul alagoano.

A defesa acontece um ano após o início das atividades do curso na unidade de ensino e marca o começo de um ciclo de entrega de profissionais devidamente qualificados como especialistas à sociedade. “É algo de extrema importância para nós, servidores do Campus Penedo, que trabalhamos na criação dessa pós-graduação. É muito significativo ver dar certo um trabalho que saiu daqui, desde o nome do curso, as ementas das disciplinas, ou seja, cada pedacinho pensado por nós, e em um momento tão difícil”, destaca a coordenadora Bruna Machado Dória, referindo-se ao período da pandemia, entre 2020 e 2021, quando a comissão designada iniciou os trabalhos de elaboração do Projeto Pedagógico do Curso (PPC).

Segundo a docente, além dos frutos que começam a ser colhidos com a formação da primeira turma, a finalização desse primeiro ano da pós-graduação representa um momento de grande aprendizado. “Ao longo desse período, identificamos coisas que colocamos no PPC e que poderíamos ter feito diferente. A partir daí, fizemos alterações para melhorar o projeto e estamos aguardando o parecer do Cepe [Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão]. Ou seja, foi um ano que nos permitiu vivenciar, testar, analisar. O que deu certo, ótimo. O que não deu, voltamos e refizemos”, diz Bruna, que assumiu a Coordenação da Especialização em Educação Ambiental e Cultural em junho deste ano, sucedendo outras duas professoras que, assim como ela, trabalharam na implantação do curso: Kleyse Galdino e Gisele Lima.

Primeiro TCC defendido

 O curso de pós-graduação é ofertado na modalidade totalmente on-line e a primeira defesa de TCC ocorreu via plataforma Google Meet. Para a elaboração do trabalho, a aluna Beatriz Ribeiro teve como orientadora Jhennipher da Silva Pereira, que é mestre em Recursos Pesqueiros e Aquicultura pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e pesquisadora no Instituto Chico Mendes de Biodiversidade e Conservação (ICMBio), na Reserva Extrativista Marinha (Resexmar) Lagoa do Jequiá. O curso permite que profissionais externos ao Ifal também orientem os estudantes, desde que possuam a titulação mínima de especialista e a anuência do colegiado.

A escolha do tema para elaborar o fôlder e apresentá-lo como instrumento norteador de ações de educação ambiental teve como motivação as experiências prévias da aluna. “Desde a graduação, que foi onde tive o primeiro contato direto com estudos envolvendo o manguezal, que tenho interesse na temática. Como em Jequiá da Praia o manguezal tem contato direto com a comunidade tradicional extrativista, isso despertou meu interesse em entender sobre a dinâmica da vegetação na referida área e apoiar as ações de mitigação de possíveis impactos na paisagem”, relata Beatriz, que cursou Ciências Biológicas na Unidade Penedo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), já tem mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) pela Federal de Pernambuco (UFPE) e este ano, enquanto cursava a especialização no Ifal Penedo, conseguiu ingressar no doutorado do mesmo programa.

No TCC, a problemática evidenciada pela autora é a de que o avanço dos processos urbanísticos, para atender o crescimento econômico e a qualidade de vida, tem causado problemas e destruição ao ecossistema, gerando uma necessidade de desenvolver estudos que possam atualizar sobre a situação do manguezal. Segundo Beatriz, os dados que ratificam essa problemática partem de imagens registradas por satélites, em três períodos distintos: março de 2011, outubro de 2016 e novembro de 2022. “Ao analisar os dados sobre a dinâmica do mangue na laguna de Jequiá, foi observado que houve perda da cobertura vegetal entre os anos de 2011 e 2016 e em comparação a 2022, constituindo informações importantes para o monitoramento e conservação do ecossistema”, conclui.

 No fôlder didático, que tem como público-alvo a população em geral, os mapas com a dinâmica da vegetação dessa área aparecem como um dos conteúdos. Além dessas imagens, há informações sobre o ecossistema com fotos em alta resolução, identificação de alguns organismos de fauna, miniglossário, problemas ocasionados pela supressão da vegetação e meios de denúncias para crimes ambientais.

“A ideia inicial era produzir o material com base na percepção ambiental dos alunos de uma escola municipal de Jequiá, mas precisei reajustar o projeto e busquei atender ao público em geral, considerando que o fôlder é uma proposta que pode ser ajustada às demandas específicas de ONGs [organizações não governamentais], órgãos ambientais e escolas, por exemplo”, explica a aluna, com a expectativa de que seu estudo possa colaborar com o desenvolvimento de ações de monitoramento, fiscalização e educação. “Ações em educação ambiental contribuem para aproximar os indivíduos sobre a realidade dos problemas que afetam o meio ambiente, possibilitando práticas mais sustentáveis”, completa.

Composta pela professora do Campus Penedo, Maira Egito Alves de Lima, e pela analista ambiental do ICMBio, Ana Carolina Sena Barradas, a banca examinadora aprovou o TCC, atribuindo a nota 8,7. Com atuação profissional na área estudada pela aluna da especialização, Ana Carolina fez uma avaliação mais voltada para os aspectos de territorialidade do manguezal. “Parabéns pelo trabalho porque é, sem dúvidas, muito importante para a gestão da Reserva Extrativista Marinha Lagoa do Jequiá”, disse a analista ambiental, que também colocou à disposição da aluna o apoio logístico do ICMBio, caso ela queira ir a campo para dar continuidade à ação proposta.

 Já na avaliação feita pela professora Maira Egito, o foco foi no material educacional elaborado e no diálogo que o produto manteve com as disciplinas ministradas na Especialização em Educação Ambiental e Cultural. A partir daí, a docente fez sugestões para melhoria do TCC, entre elas: o aprofundamento teórico acerca do uso de produtos educacionais como ferramenta de educação ambiental; a definição de um público específico para que o conteúdo seja mais assertivo e atinja seu objetivo; a utilização de elementos gráficos de fácil leitura para as pessoas; e a ampliação do material, já que os estudos que embasam o fôlder têm conteúdo para elaboração de um guia didático ou de uma cartilha.

Próximas defesas

Conforme dados do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa), há 36 alunos com matrícula ativa no curso de pós-graduação do Ifal Penedo. De acordo com a coordenadora Bruna Machado Dória, o prazo final para que todos entreguem o TCC é 5 de novembro. Até então, não há um cronograma com as próximas defesas, já que outros estudantes ainda não solicitaram esse agendamento.

Bruna explica que a especialização tem duração total de 15 meses, período que compreende a oferta de disciplinas e o tempo de elaboração do trabalho de conclusão. As disciplinas estão agrupadas em quatro módulos e são ministradas por meio de aulas on-line, nos finais de semana. “Nesse primeiro ano, estruturamos as disciplinas de agosto de 2022 a maio de 2023 e deixamos os meses de junho, julho e agosto de 2023 para a finalização do TCC, permitindo que os alunos fechassem o curso em um ano e pudessem ter três meses de prorrogação. Por isso, que já estamos tendo a primeira defesa. No entanto, quem ainda não concluiu tem a possibilidade de prorrogar até novembro, que é o tempo total de integralização do curso”, detalha a docente.

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