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Campus Penedo sedia reunião entre Núcleos de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas do Ifal
O Instituto Federal de Alagoas (Ifal) reuniu, na última quarta-feira, 21, no Campus Penedo, integrantes do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) de todos os campi. Tratou-se do primeiro encontro presencial pós-pandemia promovido pela Coordenação de Ações Inclusivas do Ifal, para a discussão de temas de interesse comum e articulação de iniciativas conjuntas.
Dividida em dois momentos, a reunião também permitiu ao Neabi do campus anfitrião compartilhar os êxitos de sua atuação, que tem como foco fortalecer a temática das relações étnico-raciais na unidade de ensino e em parceria com grupos locais e comunidades próximas. Na recepção ocorrida no auditório, as boas-vindas aos visitantes foram dadas pelo diretor-geral do Ifal Penedo, Felipe Thiago Souza, e pela musicalidade do Grupo Gingar Capoeira, parceiro do Neabi Penedo em eventos culturais. “Espero que seja um momento bastante rico de troca de conhecimento e experiência entre os núcleos dos diferentes campi, para que possamos crescer mais enquanto Ifal”, disse Felipe Thiago.
Ações do Neabi Penedo
A apresentação geral de como a equipe local faz o seu planejamento para a utilização dos recursos financeiros coube à coordenadora Selma Bezerra. A implantação do Neabi no âmbito do Ifal foi oficializada em dezembro de 2018, por meio da Resolução nº 29 do Conselho Superior. O documento estabelece que, anualmente, deve ser reservado, no mínimo, 1% do orçamento do campus para o fortalecimento das ações do núcleo. No entanto, segundo manifestações durante a reunião, algumas unidades ainda têm dificuldades sobre o caminho burocrático a ser percorrido para acessar esse recurso.
Ao compartilhar a experiência do Campus Penedo, Selma destacou que a articulação com a Direção-Geral sempre acontece no final do ano anterior ao prazo para execução do orçamento aprovado. “Isso permite que a gente já saiba quanto teremos para trabalhar no ano seguinte e defina as prioridades. Uma delas é lançar, a cada início do ano, o edital para selecionar o estudante monitor que receberá uma bolsa mensal para auxiliar os trabalhos do núcleo e administrar nossa rede social [@neabi_ifal.penedo]”, explicou a coordenadora do Neabi Penedo.
Dentre a variedade de ações que a equipe vem conseguindo executar anualmente, Selma destacou os eventos “Motirõ” e “Quilombos Ontem e Hoje”, alusivos ao abril indígena e ao novembro negro, respectivamente, e o lançamento de editais específicos de seleção de projetos de ensino, pesquisa e extensão e de natureza artístico-cultural. “No ano passado, também conseguimos promover discussões sobre diversidade religiosa, trazendo para o campus representantes de religiões de matriz africana, e sobre educação indígena, com a participação de integrantes da comunidade Karapotó Plaki-ô, localizada no município de São Sebastião”.
Ainda durante a apresentação no auditório, outra ação destacada foi a visita técnica realizada à Serra da Barriga, em União dos Palmares, para que estudantes do Ifal Penedo conhecessem a região que abrigou o Quilombo dos Palmares. Símbolo da resistência africana contra a escravidão no Brasil, o lugar é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), desde 1986. “Sorteamos os nomes de 33 estudantes, que viajaram num fim de semana acompanhados de cinco servidores, recebendo ajuda de custo para dois dias, dentro do orçamento do Neabi”, disse Selma, ressaltando a importância da ação, que rendeu trabalhos dos alunos sobre o que conheceram e aprenderam na viagem.
O momento conduzido pela equipe do Campus Penedo na reunião presencial dos Neabi’s foi encerrado com a exposição em banners de ações e projetos ligados ao núcleo e visita à sala onde funciona o setor. Ao todo, foram cinco iniciativas expostas no hall e na área de convivência da unidade de ensino: 1) Monitoria Neabi; 2) projeto de extensão “Trançando Vivências Quilombolas”; 3) projeto de ensino “O uso das plantas medicinais nas religiões de matriz africana”; 4) projeto artístico-cultural com a peça de teatro “Palmares: a história que não te contaram”; 5) trabalho sobre o Quilombo dos Palmares, resultado da visita à Serra da Barriga.
Programação vespertina
À tarde, a reunião foi conduzida pela equipe da Coordenação de Ações Inclusivas (CAI) e da Diretoria de Políticas Estudantis (DPE), tendo como pauta a adesão do Ifal ao Programa Bolsa Permanência; a escolha dos representantes dos Neabi’s no Fórum Permanente de Assistência Estudantil do Ifal (Forpae); e a participação na 7ª edição do Encontro Nacional de Neab's, Neabi's e grupos correlatos da Rede Federal (Enneabi), que acontecerá entre os dias 14 e 16 de setembro, em Minas Gerais.
O Programa Bolsa Permanência é uma iniciativa do governo federal destinada à oferta de bolsas para estudantes de graduação presencial que sejam quilombolas ou indígenas. O edital para a seleção dos alunos do Instituto Federal de Alagoas foi lançado pela Pró-reitoria de Ensino (Proen) no início de junho. Os interessados devem realizar o cadastro no Sistema de Gerenciamento de Bolsas até o dia 30 deste mês, por meio do site http://sisbp.mec.gov.br/primeiro-acesso. O valor da bolsa a ser paga aos contemplados será de R$ 1.400,00, com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
No que se refere à representação dos Neabi’s no Forpae, ficaram definidos os nomes de Luiz Domingos, do Neabi Coruripe, e Jaqueline Lima da Silva, do Neabi Satuba, como respectivos titular e suplente. O próximo fórum acontecerá nos dias 13 e 14 de julho, no Campus Piranhas, e terá como tema “Políticas Estudantis no IFAL: Gênero, Diversidade e Sexualidade e suas implicações na permanência e no êxito”.
A interseccionalidade entre diversidade sexual e de gênero e relações étnico-raciais também ficou definida como tema para a próxima formação a ser promovida pela CAI em conjunto com os Neabi’s, em data a ser ainda definida. “Esse foi um dos principais encaminhamentos da reunião. Também acordamos que o próximo encontro dos núcleos, em agosto, será virtual, e que, em outubro, teremos um outro presencial e o local escolhido é o Campus Palmeira dos Índios”, informou a coordenadora de Ações Inclusivas do Ifal, Bárbara Guerreiro.
“Essas reuniões que realizamos a cada bimestre são importantes porque promovem a articulação entre os Neabi’s dos diferentes campi do Ifal e a articulação desses núcleos com a equipe da reitoria. De forma geral, é um momento para debate, discussão, encaminhamentos, trocas e compartilhamento de informações para que possamos identificar demandas e conversar sobre elas”, concluiu a gestora.