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Ifal vai à China com pesquisa inovadora para recuperação de fraturas

Trabalho será apresentado em conferência internacional de ciências

publicado: 07/06/2017 11h48, última modificação: 07/06/2017 11h48
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Anthony, Djalma e Wagner: tudo pronto para a China.

Produção: Acássia Deliê (Campus Marechal) e Gabriela Rodrigues (Campus Maceió)

Um professor e dois estudantes do Ifal (Instituto Federal de Alagoas) já estão se preparando para passar mais de 20 horas dentro do avião. Destino: a China. No próximo sábado (10), eles embarcam para a cidade de Dalian, onde participam da 2ª Conferência Internacional sobre Ciências Aplicadas de Superfícies, de 12 a 15 de junho, representando uma equipe de oito pessoas, de diversas instituições de ensino do Brasil.

A expectativa sobre a participação no evento é grande. Lá, irão apresentar uma pesquisa química com potencial para influenciar os tratamentos de fraturas ósseas. Hoje, uma das maiores dificuldades nesse tipo de tratamento é a rejeição do organismo humano a materiais usados nos implantes. A pesquisa do Ifal busca, então, alterar a forma desses materiais antes que sejam inseridos nos locais de fratura.

“Estamos trabalhando especificamente com a hidroxiopatita sintética, que é hoje o componente mais utilizado em implantes, por causa da semelhança de sua composição química com os ossos e dentes humanos. Usamos esferas micrométricas de látex para melhorar a porosidade da hidroxiapatita obtida por método de coprecipitação química”, explica o professor Djalma Barros Filho, coordenador da pesquisa.

O filme é branco mas possui um aspecto cintilante/furta cor, devido ao fenômeno de espalhamento da luz na síntese.Em outras palavras, antes de ser implantada no local da fratura, a hidroxiapatita é “perfurada” pelas esferas de látex, o que facilitaria a penetração de músculos e nervos do nosso corpo. A consequência, explicam os pesquisadores, seria uma maior capacidade de absorção pelo organismo, ou seja, uma cicatrização mais rápida.

“Este projeto começou em 2013 e já apresentamos resultados preliminares em congressos brasileiros. Agora, vamos à China, que é hoje uma referência em tecnologia e engenharia de materiais. Caso haja interesse de patrocinadores, a pesquisa poderia evoluir ao ponto desse método estar disponível no mercado a preços tão acessíveis quanto os praticados hoje”, afirma Djalma, que é doutor em físico-química pela USP (Universidade de São Paulo) e pós-doutor pela Universidade de Toronto.

Integração e experiência Internacional

A pesquisa que será apresentada na China tem sido desenvolvida pelo Ifal com o apoio de profissionais e estruturas de outras instituições de ensino de Alagoas e de outros estados: nos laboratórios do Ifal em Maceió e em Marechal Deodoro ocorrem os tratamento térmicos das hidroxiopatitas. Na Ufal (Universidade Federal de Alagoas), são feitas, por exemplo, a microscopia eletrônica e a varredura. Já em São Paulo, as medidas de porosidade foram feitas na Unesp de Araraquara, enquanto os espalhamento de raio-x ocorria no Instituto de Física da USP.

Por meio de um processo denominado Modelagem Química é possível replicar em laboratório substâncias e fenômenos ja existentes na natureza como o preenchimento de espaços entre células com  hidroxiapatita.Essa integração com outras instituições e, principalmente, a preparação para a primeira viagem internacional têm sido experiências fundamentais na vida profissional dos estudantes do Ifal envolvidos no projeto. Wagner Rodrigues, de 20 anos, é aluno do curso técnico em Meio Ambiente no Campus Marechal Deodoro. Anthony Silva, de 23, cursa Licenciatura em Química no Campus Maceió. Os dois viajarão juntos para a China e esperam ver a pesquisa crescer ainda mais.

“Vou seguir a carreira de professor e esse projeto é um estímulo muito forte. Ele me dá ideias de novas linhas de pesquisa para mestrado e doutorado, que possam ser otimizadas e aplicadas para a sociedade”, diz Anthony.

Já Wagner, que trabalha há três anos com o professor Djalma Barros, acredita que pode incentivar outros amigos a se envolverem com projetos de pesquisa. “Podemos fazer pesquisas importantes dentro do Ifal, trabalhos que se voltem para o coletivo, que tenham impacto social e científico. Esse trabalho me permitiu conhecer detalhes de processos químicos, dos laboratórios, aperfeiçoar meus estudos em física e em química. Está ampliando os meus horizontes”, conta Wagner.

Também são autores do projeto de pesquisa a professora Giovana Webler, do Ifal - Campus Palmeira dos Índios; Antônio Silva e Eduardo Fonseca, professores da Ufal; Cristiano Oliveira, professor da USP; e Larissa Otubo, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/Cnen-SP).

Professor Djalma e os alunos Wagner e Anthony em laboratório do Ifal. Agitar e aquecer a síntese são os momentos principais da experiência, que vai resultar em um filme depositado no fundo do recipiente.