Encontro de formação com educadores fortalece rede intercampi na Educação de Jovens e Adultos

O tema da aula de Biologia era IST, as infecções sexualmente transmissíveis. Quando a professora Patrícia Emanuelle percebeu que um modelo tradicional de avaliação não seria eficiente na turma, decidiu tentar algo diferente: ela pediu que os estudantes escrevessem uma carta para alguém querido, explicando tudo o que tinham aprendido sobre o assunto. O resultado foi uma série de escritos detalhando de forma amável como as IST atuam no organismo humano e como preveni-las.

"Foi surpreendente, até emocionante. Além de perceber que a turma havia compreendido muito bem o tema na área biológica, vi estudantes aproveitando aquele momento de avaliação para se comunicar com pessoas da família com quem, na prática, não conseguem ter um bom diálogo", conta a professora Patrícia.

A experiência foi apenas uma das várias compartilhadas no Encontro de Formação com Educadores da Educação de Jovens e Adultos (EJA), realizado de forma intercampi pelo Instituto Federal de Alagoas (Ifal), em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O encontro foi realizado na última sexta-feira (2), no Campus Marechal Deodoro, como parte de uma pesquisa coletiva sobre permanência e cultura organizacional escolar na EJA/EPT (Educação Profissional e Tecnológica).

Pesquisa tem participação de educadores dos campi Marechal Deodoro, Maceió, Satuba e Piranhas

O Encontro com Educadores promoveu um debate mediado por docentes que coordenam a pesquisa, com participação de membros do grupo de pesquisa Multieja/Ufal e educadores do Ifal, dos campi Marechal Deodoro, Maceió e Satuba.

Docentes do Campus Marechal Deodoro compartilharam experiências de ensino integrado em diversas áreas, além da Biologia, como Língua Portuguesa, Matemática, Língua Inglesa, Informática, Administração e disciplinas técnicas. No diálogo coletivo, a avaliação aplicada pela professora Patrícia Emanuelle iniciou um debate sobre as cartas pedagógicas utilizadas pelo educador Paulo Freire como instrumento de escrita e reflexão do processo de ensino-aprendizagem.

"Foi mais um importante momento para fortalecer a rede da EJA na EPT. Encontros como esse são fundamentais para trocas e planejamento coletivo, para refletirmos sobre as práticas educativas e podermos, assim, transformá-las em diálogo interdisciplinar", avaliou a pedagoga Vanda Cardoso, uma das coordenadoras da pesquisa no Campus Marechal Deodoro.

Para a coordenadora sistêmica da EJA no Ifal, Fátima Amorim, o engajamento dos professores na pesquisa intercampi é importante para ampliar a oferta de cursos na instituição. "Precisamos, cada vez mais, trazer para nossa instituição pessoas que não conseguiram concluir o Ensino Médio durante a adolescência, por diversas razões. A parceria com a Ufal e o envolvimento dos campi Marechal Deodoro, Maceió, Satuba e Piranhas é fundamental nesse processo, pois eleva a possibilidade de permanência dos jovens e adultos na escola, e de eles concluírem os estudos com êxito e transformarem as suas vidas", diz Fátima.

A coordenadora lembra que a pesquisa conta com a participação do professor Paulo Marinho, da Universidade do Porto, que consolidou a internacionalização do estudo e trouxe a possibilidade de que servidores do Ifal possam cursar mestrado, doutorado e pós-doutorado na universidade portuguesa. A pesquisa também iniciou um diálogo entre a Pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do Ifal (PRPPI) e o Centro de Educação da Ufal (Cedu), sobre a oferta de um Curso de Doutorado Interinstitucional (Dinter), como demanda gerada a partir dos docentes e técnicos que fizeram adesão a pesquisa.

Sobre a pesquisa

A pesquisa intitulada Permanência e Cultura Organizacional Escolar na EJA/EPT: a construção de comunidades de aprendizagens será feita de 2022 a 2024, vinculada à Pró-Reitoria de Ensino (Proen) do Ifal, em parceria com o grupo de pesquisa Multieja da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O estudo longitudinal será financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e deverá produzir uma série de publicações com os resultados obtidos.

O Encontro com Formadores no Campus Marechal Deodoro teve participação ainda da professora Marinaide Freitas, líder do grupo de pesquisa Multieja, da Ufal; do professor Paulo Marinho, da Universidade do Porto; do TAE Manoel da Silva, do Ifal - Campus Satuba; da professora Iolita Lira, do Ifal - Campus Maceió; do professor Antônio Freitas, da Ufal; da professora Daniella Bezerra, representando a Direção de Ensino do Campus Maceió; do diretor-geral do Ifal-Campus Marechal, Éder Souza; do diretor de Ensino do Ifal-Marechal, Rodrigo Lucena; entre outros servidores.

O Ifal oferece cursos de nível técnico integrados ao Ensino Médio na modalidade EJA nos campi Marechal Deodoro, Maceió e Piranhas. São cursos técnicos em Cozinha, Hospedagem, Artesanato e Alimentos, de acordo com a vocação de cada região onde os campi estão inseridos. Além deles, o Campus Satuba também oferece os cursos de qualificação profissional (FIC) em Processamento de Alimentos e Informática.

Professora Marinaide Freitas (Ufal) doou livros para a pesquisa intercampi no Ifal.