Você está aqui: Página Inicial > Campus > Maragogi > Notícias > Vida indígena, lutas e conquistas foram destaques da roda de conversa
conteúdo

Notícias

Vida indígena, lutas e conquistas foram destaques da roda de conversa

por Bartolomeu Honorato publicado: 26/07/2022 17h54, última modificação: 26/07/2022 18h38

Evidências arqueológicas sobre a vida indígena antes de os portugueses chegarem ao Brasil e lutas dos povos pelo direito à terra foram os destaques da roda de conversa “A presença indígena na história de Alagoas”. O evento ocorreu nos períodos da manhã e tarde desta terça-feira (26), no Campus Maragogi, e foi promovido pela disciplina de História Regional e Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da unidade de ensino.

Os estagiários do Núcleo Voluntário de Eventos do campus confirmava os nomes dos inscritos para ter direito ao certificado de participação, na entrada do auditório. As cadeiras já começaram a ser ocupadas por alunos e servidores antes mesmo de a programação começar, às 9h50. A abertura da atividade foi feita pela professora Artemísia Soares, que explicou ao público os motivos de realização das palestras. Em seguida, a diretora-geral, Sandra Ferraz, deu boas vindas aos participantes e disse ser importante atividades que reconheçam a contribuição de povos originários na formação de Alagoas.

O primeiro a conversar com o público sobre o assunto da roda de conversa foi o professor Adauto Santos da Rocha, que abordou registros históricos e arqueológicos dos indígenas de Alagoas, em quase uma hora de explanação. Logo na abertura de sua participação, questionou alunos e servidores se seria possível reescrever o cotidiano de povos ágrafos.

“Sociedades que não têm registros escritos têm história? Aprendemos desde cedo que a história é a ciência que se fundamenta dentro da escrita, então significa dizer que povos sem escrita não têm história. Isso não é por aí”, argumentou professor ao completar que a história não começa a partir do momento em que os portugueses chegarem à América. “Nossa história tem a ver com o período antes de Cabral”, concluiu.

Adauto ilustrou sua fala ao apresentar em telão descobertas arqueológicas da vida dessa população no período pré-cabralino. “Quando se fala em navegação, por exemplo, registros arqueológicos encontrados no Vale do São Francisco (nas cidades de Paulo Afonso e Delmiro Gouveia) são parecidos com os descobertos em Minas Gerais. Isso evidencia que os povos da região Nordeste utilizaram o rio São Francisco como meio de comunicação e navegação”, destacou. Também apresentou imagens de pinturas rupestres em paredes e de cachimbos feitos de barro.

Adauto elencou direitos sociais conquistados pelos indígenas. Um deles foi a criação do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), em 1910, a fim de reconhecer grupos que estavam surgindo no Brasil. O órgão reconheceu o povo Xukuru-Kariri com a formação da Fazenda Canto em 1952, em Palmeira dos Índios. Outra conquista foram os direitos sociais oriundos da CF/88, como o acesso à educação e à demarcação territorial.

roda de conversa pela manhã.jpg

Sem terra, é impossível o poder público construir as escolas nas aldeias

A importância da terra para o exercício de direitos sociais foi o assunto trabalhado na palestra conduzida pelo professor Cássio Júnio Ferreira da Silva, que é indígena Xukuru-Kariri. “Quando buscamos o poder público para construção de uma escola, eles não podem construí-la em tal aldeia porque lá não tem terra demarcada”, explicou ao acrescentar que o solo é fundamental para manutenção das tradições e costumes.

Cássio afirmou que a ideia de juntar os indígenas é um pensamento colonial, uma vez que existem vários povos com suas peculiaridades, no país. Um exemplo disso, segundo o professor, são os Guaranis que viviam em territórios distantes um do outro para evitarem conflitos. “É preciso ter em mente que demarcar territórios é importante por essa razão”, enfatizou.

Os estudantes e servidores anotaram as perguntas no papel e as enviaram para os convidados responderem-nas. O conteúdo dos questionamentos incluiu questões relativas ao processo de reconhecimento da existência do indígena, a vida deles em centros urbanos e os principais problemas enfrentados no dia a dia por essa parcela da população.