Mostra combina inovação, entomologia e carro inteligente em um só dia

Empreendedorismo digital para mulheres e uso de insetos do bem no controle de pragas em lavouras foram os assuntos das palestras que marcaram o primeiro dia da IV Mostra de Ensino, Pesquisa e Extensão do campus Maragogi, nesta terça-feira (22). O evento acaba nesta quarta-feira (23) com outras oficinas, minicursos e momentos culturais voltados ao público interno da unidade de ensino.

Com o tema “Os desafios de conectar mulheres ao universo do empreendedorismo digital”, a avaliadora de projetos de inovação do Instituto Federal do Espírito Santo, Gesyca Santos, abordou a falta de igualdade de gênero no mercado de trabalho. “Quando vamos ao ambiente de tecnologia e inovação, é muito mais difícil para a mulher porque nós temos que comprovar dez vezes mais a nossa capacidade intelectual e de comunicação. A tecnologia e inovação é um espaço muito masculino”, problematizou.

Gesyca destacou que a representatividade feminina é apenas 20% no segmento de tecnologia e inovação. Além disso, mulheres continuam ganhando 20% a menos que os homens nesse mercado. “Por mais que existam programas e pesquisas, ainda não conseguimos visualizar essa igualdade de gênero. Temos de falar, nas instituições do ensino, o papel da mulher dentro dos ambientes de inovação para que elas possam ocupar esses espaços em editais de inovação e na liderança de processos”, enfatizou a palestrante, que também é consultora do Sebrae de Alagoas.

“O que vou apresentar é proibido a quem tem fobia a insetos”, foi desse jeito que e engenheira agrônoma Jakeline Maria dos Santos convidou adolescentes e jovens a assistirem a sua palestra, no auditório do campus Maragogi. Ela usou sua paixão por entomologia (estudo dos insetos) para exemplificar que o primeiro passo para se dar bem na profissão é gostar dela. Destacou ainda que um bom profissional precisa trocar conhecimentos, participar de congressos. “Temos de abraçar todas oportunidades”, resumiu a autora da palestra, cujo título foi formação e atuação: da teoria à prática”.

Um dos pontos altos da fala foi quando Jakeline compartilhou sua experiência na identificação de três pragas quarentenárias, em Alagoas. “Elas não existiam aqui e uma delas é de importância mundial, que ataca mais de 200 culturas. O nome científico é Helicoverpa armigera . Em Alagoas, acabou com 30 hactares de feijão”, descreveu. A engenheira explicou que agricultores aplicaram inseticidas, fungicidas, bactericidas na tentativa de matar o organismo. Insetos do bem surgiram e controlaram a lagarta após eles suspenderem a aplicação de produtos.

Mostra conta com 39 atividades que vão da tecnologia 4.0 à música

Quem passou pelos corredores do campus Maragogi se deparou com carro inteligente movido a partir de sensores de desvio de obstáculos e torneira de irrigação acionada se o solo estiver seco. Outra atração do estande do Centro de estudos e capacitação em soluções para a Agricultura 4.0 foram os sensores de chama, fumaça, temperatura e umidade para monitoramento de plantações. “Todos esses exemplos fazem parte da tecnologia 4.0 desenvolvida pelos participantes do nosso projeto”, disse um dos coordenadores do projeto, Eric Oliveira.

A oficina Música, emoção e expressividade animou os participantes no auditório do campus Maragogi. A psicóloga Ellen Carvalho Moate apresentou a canção “o bêbado e o equilibrista”, eternizada pela voz da cantora Elis Regina, a fim de tirar lições em relação ao contexto histórico da década de 80 e a expressividade da comunicação não verbal na hora do canto. A dinâmica foi cantar duas vezes a mesma música para que o público pudesse identificar as diferenças na entonação da voz e na expressão corporal.

A IV Mostra de Ensino, Pesquisa e Extensão do campus Maragogi recebeu mais de 430 participantes. Também oferece aos inscritos 39 atividades: palestras, minicursos, oficinas e programação cultural. Uma das diferenças da edição deste ano em relação às anteriores é que só conta com produções de alunos e servidores relativas a 2021. Além disso, houve limitação de público em respeito aos protocolos sanitários de prevenção à Covid-19. “Mudamos o formato para atender a demanda de participantes. Embora só com o público interno, tivemos aceitação muito boa do evento”, avaliou o coordenador do evento, Joabe Gomes de Melo. Outra novidade é que as publicações constarão nos anais do evento e qualquer pessoa poderá ter acesso ao conteúdo da Mostra.