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Histórias que ganham vida no teatro e se eternizam em páginas de livro
Obra “Quando a vida vira teatro” é lançada online nesta sexta-feira (18), às 20h, pelo professor do campus Maragogi, Ricardo Araújo
Qual ligação haveria entre as lutas da década de 90 dos moradores do bairro Jacintinho, em Maceió (AL), e o romance que nasceu na internet e quase terminou numa tragédia? Ambas histórias são reais e foram parar nos palcos teatrais sob direção do professor Ricardo Araújo, do Instituto Federal de Alagoas, campus Maragogi. Agora, ele as transporta para o livro “Quando a vida vira teatro”, que é lançado nesta sexta-feira (18), em evento online, às 20h, na conta @ricardo64araujo.
O escritor se define como “um encenador de teatro, que transforma a história de uma pessoa ou lugar em obra teatral”. Nas 240 páginas, o professor apresenta ao leitor um pouco de sua carreira agitada no movimento teatral em Maceió e em cidades do litoral Norte de Alagoas. Detalha ainda cenas inspiradas em problemas enfrentados por moradores da periferia e em romance trágico de jovens.
Logo no começo, o autor apresenta ao leitor o seu encantamento nas idas aos circos, no Jacintinho, nos anos 70. Depois fala um pouco do seu envolvimento com comunidades eclesiais, da Igreja Católica. Já nos anos 80 e 90, as encenações passam a ter cunho de crítica social. “Trazíamos questionamentos que estavam ocorrendo naquele bairro, como a falta de água, segurança”, conta o encenador.
O ponto alto da obra envolve três momentos marcantes na carreira dele. O primeiro é ainda no Jacintinho. Lá se desenrola a peça “Aqui nem se nasce nem se morre”, em 1999. Alunos de uma escola estadual abordaram a história do bairro e as lutas dos seus moradores por melhores condições de vida. A produção foi premiada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 2002, em Salvador (BA).
Um poeta sem seus poemas guardados é uma história incomparável que Ricardo colocou nos palcos, em 2007. “Encontramos um mito sobre Benedito Augusto: não achamos seus poemas, em Matriz de Camaragibe. Estivemos com a família dele e ela acredita que os textos sumiram, na cheia de 2002”, narra o professor. Um fato da trajetória do poeta é o dia em que ele tirou o santo do altar da paróquia da cidade e o escondeu em casa. “Ele enlouqueceu. Também teria até matado o cavalo de um juiz e o magistrado o teria assassinado. A justiça matou a poesia”, destaca.
Romance virtual quase virou tragédia e é contado por estudantes do Ifal
O campus Maragogi ganhou destaque na produção artística de Ricardo Araújo. A montagem “Prometemos não chorar” reuniu estudantes da unidade de ensino, em 2013, para encenar um romance que surgiu nas redes sociais e quase terminou em morte. “Foi um amor virtual em que os dois não se conheceram pessoalmente e durou apenas três meses”, resumiu. Essa foi a terceira criação de grande relevância da carreira do encenador.
Segundo ele, sua experiência artística e os espetáculos descritos no livro entregam ao público uma reflexão sobre a importância da vida, teatro e arte. Para chegar a esse ponto, ele começou a escrever a obra, em 2004, enquanto fazia mestrado. Do ano passado para cá, acelerou o processo de escrita para concluí-lo.