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Experiências de egressas na linha de frente da Covid-19 marcaram o primeiro dia da 3ª Semana de Enfermagem

por Gerônimo Vicente Santos publicado: 21/05/2021 09h20, última modificação: 21/05/2021 21h10

O protagonismo da enfermagem, os desafios do SUS e a experiência de egressos durante a pandemia foram os temas de relevância no primeiro dia da 3ª Semana de Enfermagem promovida pela Coordenação do curso técnico subsequente em Enfermagem do Campus Benedito Bentes do Instituto Federal de Alagoas (Ifal). O evento que começou na manhã desta quinta-feira (20), encerra-se nesta sexta-feira (21) e envolve profissionais, docentes e estudantes do curso.

A 3ª  Semana de Enfermagem foi aberta na manhã desta quinta-feira pelo diretor-geral do campus Alexandre Bonfim que foi acompanhado, na composição da mesa solene pela pró-reitora de Ensino, Elizabeth Duarte Ensino, pelo  chefe do Departamento de Ensino, Pesquisa e Extensão, Max Manhas, pelo  coordenador do curso técnico em Enfermagem, Salomão Patrício França, pela chefe do Departamento de Administração, Paula Pradines, pelo representante dos estudantes, Carlos Henrique Lima e pela  presidente da Associação Brasileira de Enfermagem- seção-Alagoas, Maria Lucélia Sales.

O coordenador do curso técnico em Enfermagem, Salomão Patrício França  destacou que esse é o momento crítico devido à pandemia do coronavírus, mas também “é um momento para fortalecer a enfermagem, cujos profissionais ainda convivem com a precariedade do trabalho e com a desvalorização profissional. Por isso não podemos romantizar a categoria mediante essas dificuldades que  ainda enfrentamos”, declarou o coordenador. 

O diretor-geral do campus, Alexandre Bonfim destacou a essencialidade do trabalho dos profissionais de enfermagem neste período de pandemia e se solidarizou com as reivindicações da categoria em busca do reconhecimento profissional como, uma jornada de trabalho mais justa. Maria Lucélia Sales, da Aben, enfatizou a importância  do profissional como pessoa que dedica a vida para  cuidar do próximo.

A primeira conferência do evento teve como tema “ Em Defesa do Trabalho e da Educação da Enfermagem; Saúde, Dignidade e  Valor'' que foi ministrada pela professora e enfermeira Hulda Tenório, professora do Centro Universitário Cesmac e da Faculdade Estácio de Sá. A docente expôs  sobre o protagonismo da  profissão no Brasil e no mundo e contou experiências profissionais  desenvolvidas em outros estados.

A presidente da Cooperativa de Enfermagem, Edilma Fernandes foi a segunda palestrante do período da manhã e abordou o tema “Em Defesa da Sustentabilidade do SUS, da saúde e da Vida em sua Diversidade”. A profissional destacou que o SUS é um patrimônio do povo brasileiro e  uma referência no mundo inteiro. “É um sistema universal  onde todos os brasileiros têm direito e que dispõem de assistência em três níveis: prevenção, tratamento e recuperação”, disse. A mediação do evento no primeiro período foi das professoras Kaline Delgado e Kelly Regina. 

O evento teve sequência no período da tarde e foi iniciado pela professora Patrícia Cavalcante com um resumo sobre o evento no período matutino. O tema “Experiências da Enfermagem na Linha de Frente da Covid-19”  teve a  participação de  três estudantes egressas do curso técnico.n.A professora Roberta Carozo foi a mediadora da mesa-redonda e  lembrou que as profissionais  são da primeira turma do curso técnico do campus Benedito Bentes

Experiências na linha de frente


Evely, ex-aluna e técnica em enfermagem que atua na linha de frente da Covid-19A primeira a se apresentar foi Evely Gabriele, técnica em enfermagem, formada pela unidade de ensino do Ifal, graduanda em Serviço Social pela Universidade Tiradentes e, atualmente na UTI-Geral do Hospital de Câncer Nevrálgico e no Hospital Regional da Mata, em Alagoas. Evely foi formada em  dezembro de 2019 e participou do projeto de extensão “Saúde na Feira”, idealizado pelos professores Salomão França e Paulyanne Araújo. ”Hoje tenho três vínculos de empregos e a minha atuação na UTI foi uma rica experiência, tanto pela persistência quanto pela paciência. O Ifal foi uma porta aberta, porque depois do curso, além de obter esses vínculos fui aprovada em alguns processos seletivos”, destacou a egressa.

Na sequência se apresentou a ex-estudante Josilene Araújo de Lima, que  atua na UTI do  Hospital Getúlio Vargas, emJosilene Araújo, técnica em Enfermagem que atua no  setor de Trauma, em Recife Recife. Ela disse que saiu da zona de conforto que eram os setores que gostava de atuar na enfermagem. ”Sai do ambiente seguro que era perto da família, fiquei sem ver minha mãe, filha e marido e cai de paraquedas na Emergência. É apaixonante e viciante trabalhar no setor de Trauma. É cansativo pelo momento que estamos vivendo, como por exemplo lotação da unidade hospitalar. Tudo que conquistei  graças ao Ifal. Se pudesse ter nova oportunidade para estudar faria de novo”, ressaltou.

A professora  Roberta Carozo lembrou que Josilene era da área de Ciências Humanas. “Eu gostava de trabalhar com a Saúde da Mulher e, até hoje pesquiso sobre isso. Saí de um campo teórico para uma coisa complexa como a disciplina Emergência”,  lembrou a  egressa.

Relato de Ana Cleide emocionou os participantes do eventoA terceira egressa convidada foi Ana Cleide Pereira, que atua no Hospital Dom Moura, de Garanhuns-PE. Ela foi aluna da primeira  turma. “Tudo que a gente viveu enquanto aluna do Ifal fez muita diferença. Trabalho no hospital que abrange  toda  uma região da zona da mata Pernambucana. Atuo na Emergência em um setor denominado Transferência com atuação dentro de uma ambulância. Foi onde surgiu  o contato com pacientes com Covid-19. No início, nós não trabalhávamos com os equipamentos de proteção individual (EPI), o que era um fator preocupante porque sou mãe, tenho uma mãe com mais de 90 anos e morava em Maceió, apesar de atuar no interior de Pernambuco. Então foi muito  complicado”, explicou a ex-aluna.

Ana Cleide demonstrou também a insatisfação salarial que aflige ainda os profissionais de enfermagem. “Pela necessidade de prestar um bom trabalho e ser uma boa técnica você acaba  esquecendo um pouco o que recebe, porque a necessidade de quem estar ali para ser atendido é muito grande, principalmente quando se trabalha dentro de uma ambulância e fazendo a transferência de um paciente que está em estado grave por quase quatro horas com esse paciente na estrada, muita vezes correndo risco de ele não chegar .E agora com a Covid-19, a situação piora porque o paciente não pode ter acompanhante. Tivemos uma experiência bem marcante, porque saímos do curso e logo em seguida veio a pandemia e a necessidade dos profissionais. Durante esse período ocorreram perdas de pacientes na estrada e perdas que nos deixam amedrontados, não só o de levar para casa a doença, mas também o medo era chegar nos hospitais e não encontrar aquele colega que  esteve no plantão anterior e isso aconteceu, porque eu tive colegas que atendiam pacientes e no outro dia estavam sendo  internados. Algumas pessoas, a gente  não encontrava mais. Tínhamos que usar três máscaras cirúrgicas por 24 horas. É muito angustiante”, declarou a aluna em um relato emocionante. Contudo, Ana Cleide incentivou os  estudantes  a prosseguir com seus objetivos que, segundo ela, dependem da capacidade individual de cada um.

Assista ao primeiro dia da 3ª Semana de Enfermagem: pela manhã e à tarde