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Pesquisa sobre idosos favorece desempenho de discentes do Ifal Arapiraca no Enem 2025
Estudo sobre cognição e inclusão digital de idosos desenvolvido no campus embasou argumentos na redação do exame
Neste domingo (16), segundo dia de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio - Enem 2025, enquanto milhares de estudantes brasileiros encaram com apreensão as questões de Ciências da Natureza e Matemática, um grupo de alunas do Instituto Federal de Alagoas - Ifal Campus Arapiraca celebra uma tranquilidade inesperada: a de sentir mais confiança para fazer a prova, após escrever, na semana passada, uma redação cujo tema dialogava diretamente com a pesquisa que desenvolveram ao longo de um ano. A expectativa de um bom desempenho na redação deu novo ânimo para as candidatas nesta segunda etapa do processo seletivo.
O tema do Enem 2025, "Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira", coincidiu com o projeto “Jogos lúdicos no meio digital estimulam a cognição e incluem idosos? Uma análise na Zona Agreste de Alagoas”, conduzido, entre setembro de 2024 e setembro deste ano, pelas estudantes do curso técnico em Informática Anny Beatriz de Oliveira, Francyele Dias dos Santos, Maria Vitória Correia de Farias e Wanessa Fernanda André Bastos, sob orientação do professor Maurício Vieira Dias Júnior.
Com o envelhecimento populacional no foco das discussões no país, o trabalho realizado pelas jovens pesquisadoras ganha ainda mais atualidade. Por meio dele, foi analisado como jogos lúdicos instalados em smartphones podem contribuir para a inclusão digital e o desenvolvimento cognitivo de um público de 40 pessoas idosas residentes em Arapiraca, Craíbas, São Sebastião e Teotônio Vilela.
A iniciativa envolveu visitas domiciliares, entrevistas presenciais e a aplicação prática de 12 jogos selecionados a partir de critérios de acessibilidade, design e potencial cognitivo. A maioria dos participantes nunca havia jogado antes. Ainda assim, houve interesse crescente em jogos como Bubble Pop, Memo Game, Farm Heroes Saga e Médico Infantil: Dentista.
Segundo o relatório final do estudo, foram identificadas preferências marcantes entre os idosos na testagem dos jogos: cores claras, sons calmos, botões espaçados, textos curtos e letras grandes. Em contrapartida, jogos com muitos elementos gráficos, comandos complexos ou instruções longas geraram cansaço e frustração.
Vivência que atravessa a sala de aula e chega ao Enem
A coincidência entre o tema da redação e a pesquisa desenvolvida deu às alunas envolvidas uma oportunidade de aplicar o conhecimento construído durante meses.
A estudante Anny Beatriz de Oliveira, uma das bolsistas do projeto, ressaltou que a experiência prática fez toda a diferença na hora de elaborar o texto. “Nós ficamos mais calmas, por ser um tema que passamos um ano trabalhando durante o projeto. Então, a experiência nos ajudou a desenvolver melhor os argumentos e entender sobre a exclusão social que o envelhecimento traz. Conseguimos até mesmo relacionar com trabalho e educação”, afirmou.
Da análise dos jogos às entrevistas e interpretação dos dados coletados, a vivência com idosos, segundo elas, ajudou a compreender nuances do envelhecimento que dificilmente são captadas apenas pela teoria, tais como: ansiedade diante do uso de tecnologia, dificuldades motoras, resistência inicial e, sobretudo, o impacto emocional positivo quando o idoso consegue realizar uma tarefa digital sozinho.
Resultados apontam caminhos para tecnologias mais inclusivas
Entre as conclusões, o estudo reforça que a inclusão digital da pessoa idosa depende não apenas do acesso ao dispositivo, mas de projetos que valorizem o ritmo próprio do envelhecimento, com interfaces adaptadas e apoio presencial. Jogos com instruções simples, sons suaves e feedback positivo se mostraram mais eficazes para gerar conforto, estímulo cognitivo e senso de pertencimento no ambiente digital.
Os dados obtidos também podem ajudar no desenvolvimento de novos jogos voltados à terceira idade, além de subsidiar políticas públicas e de educação digital no interior de Alagoas.
Pesquisa aplicada e o papel do Ifal na formação cidadã
No dia em que mais uma prova do Enem mobiliza estudantes em todo o país, o Ifal Arapiraca destaca o orgulho por ver suas alunas conectando ciência, sociedade e vivências acadêmicas em contextos reais.
A instituição reforça sua torcida para que todos os estudantes realizem a prova com tranquilidade, confiança e capacidade de relacionar conteúdo escolar com os desafios contemporâneos — como demonstrado pela equipe que investigou o universo do envelhecimento e da inclusão digital.