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O que é Pesquisa? E o que é ser pesquisador?

Workshop de Iniciação à Pesquisa e Inovação do Ifal Arapiraca debate a Pesquisa como forma de crescimento acadêmico e pessoal

por Elaine Rodrigues publicado: 07/05/2018 17h30, última modificação: 07/05/2018 17h30
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Professor Carlos durante a palestra no Workshop de Pesquisa

Começou no sábado e segue até esta terça-feira o II Workshop de Iniciação à Pesquisa e Inovação do Ifal Arapiraca. A abertura do evento foi feita pelo professor do Ifal Maceió Carlos Henrique Almeida Alves, que foi pró-reitor de Pesquisa da instituição por sete anos. Atualmente, Carlos Henrique possui alguns projetos na área e mostrou aos alunos os resultados vindos dos investimentos da rede federal de Educação na Pesquisa. Depois da palestra, ele falou um pouco mais sobre a importância da Pesquisa e como seguir na área. Confira!

O que é Pesquisa?

A Pesquisa, basicamente, ela nasce da inquietação. O aluno não chega na escola vazio, ele traz conhecimentos populares, tem a sua ciência popular, tem o senso comum que antes era muito desprezado em determinadas épocas, mas hoje cada vez mais a ciência investiga a questão do senso comum. Então, a Pesquisa nasce da inquietação, nasce do próprio ato de pensar, de você imaginar por que as coisas são assim e não poderiam ser dessa outra forma.

E não é preciso que 100% dos alunos façam pesquisa, no sentido de sistematização. Mas a escola tem que propiciar ao aluno o gosto pela dúvida, o gosto pela curiosidade para que ele, lá na frente, possa encontrar os canais que possam levá-lo a uma sistematização dessa inquietação. Na hora que ele chega nesses canais, ele está fazendo Pesquisa porque esses canais obedecem o rigor metodológico, uma série de processos metodológicos para caracterizar esse objeto como Pesquisa.

Quando o pesquisador atinge o resultado esperado na Pesquisa?

A priori, a ciência se baseia muito na questão dos resultados de publicação. O Brasil tem números incríveis que são por vezes antagônicos. A gente era, até pouco tempo, a 50ª economia do mundo e nós éramos o 17º no ranking de publicações de alto impacto no mundo. Era uma relação boa. Mas quando você começa a ver os resultados de pesquisas em termos de aplicação, em termos de propriedade intelectual, a gente está na 84ª posição. Então, o ideal de um pesquisador para que o crescimento do país seja realmente efetivo é que a gente consiga produzir, fazer publicação de impacto, mas, ao mesmo tempo, proteger aquilo que a gente produz e tentar transferir essa tecnologia. Os países mais desenvolvidos fazem isso, eles têm publicações de alto impacto, mas eles nunca deixam de se preocupar em criar produtos, em fazer a propriedade intelectual daquele produto e ganhar dinheiro com aquele produto.

Então, acho que o pesquisador passa realmente a ser pesquisador quando ele tem a consciência que tem que publicar seus resultados. Ao mesmo tempo, ele tem que dar retorno do investimento de Pesquisa que o país fez nele. Estamos vivendo uma época de recursos muito exíguos e se a gente não buscar formas de parcerias e formas de geração de produtos e renda advinda não somente do Governo, nós vamos ter dificuldades de tocar a Pesquisa. O Governo tem dado sinais para isso, criando os NITs, que são Núcleos de Inovação Tecnológica. Então para mim, o modelo de Pesquisa para os institutos é o modelo que concilia a produção bibliográfica com a propriedade intelectual, a transferência de tecnologia. Isso é o que a gente deve despertar no pesquisador.

Professor Carlos durante a palestra no Workshop de Pesquisa

Quais os outros benefícios da pesquisa?

Tenho convicção de que a pesquisa abre horizontes de várias formas. Horizontes geográficos, horizontes críticos, de formação profissional, acadêmica, como vários exemplos que a gente tem nos institutos. O Ismair Oliveira (que também participou do Workshop) deu um depoimento muito bom sobre como a Pesquisa desenvolveu o seu senso crítico, a sua visão de realidade, as suas inquietações. Hoje, ele é diretor de Pesquisa Acadêmica na Uncisal e falou como a pesquisa abriu o mundo para ele. Ele que até então não tinha saído do seu lugar, praticamente não tinha saído do seu local de origem, conheceu o Brasil e chegou à Europa por meio de um projeto de Pesquisa que deu bons resultados. Assim como ele, outros alunos também conseguiram resultados semelhantes.

Qual seria um exemplo de inquietação que virou pesquisa?

A gente tinha um problema que era gerenciar aquilo que era produzido dentro do Ifal e dentro das próprias submissões de trabalho. Fizemos dois Connepis (Congressos Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação), tivemos problemas enormes nas plataformas de submissão. E aí o que nós fizemos – nosso grupo de Pesquisa do qual sou líder desenvolveu, junto com alguns alunos, uma plataforma de gerenciamento de conhecimento e a gente chegou a uma, chamada Urupemba, que é nome regional, do saber popular. Urupemba é aquela peneira que vai peneirando, vai filtrando, que é justamente a ideia do sistema de submissão. E hoje o Connepi, que é o maior evento de Pesquisa dos institutos federais e o maior evento de Ciência do Norte Nordeste de forma geral, é gerenciado por uma plataforma criada pelo Ifal. E essa plataforma também é utilizada por cinco outros institutos de outras regiões do país. A tendência é que ela ganhe o status de ser a plataforma de gerenciamento de conhecimento da própria rede federal. Criada no Ifal, pela inquietação de professores e alunos que tinham uma necessidade. Então, acho que esse é o tipo de Pesquisa que a gente almeja.