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"Eu entendi que a mulher pode estar onde ela quiser", diz policial militar feminina em evento alusivo ao Agosto Lilás no Ifal Arapiraca

Depoimentos, debates, peça teatral e dinâmicas compuseram a programação organizada pelo Nugedis local, na última segunda-feira (21)

por Roberta Rocha publicado: 28/08/2023 14h44, última modificação: 28/08/2023 14h44
Exibir carrossel de imagens Policial Rose Francelina comenta episódios de machismo dentro da corporação

Policial Rose Francelina comenta episódios de machismo dentro da corporação

Quem esteve no auditório do Campus Arapiraca, na última segunda-feira (21), teve a oportunidade de ouvir a trajetória de luta contra o machismo vivenciada pela policial militar Rose Francelina, uma das palestrantes do evento "Violência de gênero nas relações afetivas de adolescentes". A iniciativa foi articulada pelo Núcleo de Gênero, Diversidade e Sexualidade - Nugedis da unidade de ensino, em alusão ao Agosto Lilás, mês dedicado à conscientização pelo fim da violência contra a mulher. 

Equipe do Literação é aplaudida pela encenação de "Phyna e Ilusão"A programação se repetiu nos turnos matutino e vespertino, abrangendo peça teatral, dinâmicas e debates. A encenação da abertura do evento ficou por conta da equipe do Literação, projeto de pesquisa voltado ao desenvolvimento de espetáculos teatrais baseados em obras literárias. Com a história da filósofa mirim chamada Phyna e seu urso Ilu, que entra em crescimento desenfreado e passa a tomar o espaço da garota, se transformando no Ilusão, a narrativa trouxe reflexões sobre relacionamentos abusivos, que foram discutidas, em seguida, com o público presente.

Durante a manhã, a enfermeira Thayná Samilla dos Santos esteve presente no evento, compartilhando vivências pessoais e profissionais no contexto da violência de gênero. Já pela tarde, as assistentes sociais Jaqueline Lima e Larissa Melo conduziram uma dinâmica onde a plateia retirava de uma caixa algumas frases para analisar o seu teor.

Trechos como "Tire esse batom vermelho!", "Você não vai encontrar ninguém que te ame como eu", foram discutidos pelas/os estudantes, na tentativa de identificar se a situação em questão representava violência psicológica ou moral. "Pensem o quanto essas frases se propagam dentro das nossas relações", alertou Jaqueline. 

Estudantes participaram lendo frases da caixinha e debatendo o conteúdo delasProfessora Ellen Maianne é coordenadora do Nugedis e do LiteraçãoAssistentes sociais orientam sobre tipos de violência contra a mulher

O momento de diálogo contou com intervenções da docente Ellen Maianne, coordenadora do Nugedis Arapiraca, e foi encerrado com a participação da policial militar Rose Francelina. "Eu fui da primeira turma de policial militar feminina de Alagoas. Sou sertaneja e vim de um histórico de violência familiar em casa", contou a profissional.

Em seu relato, Rose revelou que fugiu de casa e foi para um convento, sendo aprovada um tempo depois para ingressar na corporação. Ela disse que sua trajetória na instituição foi de resiliência, pois enfrentou assédio moral e ataques machistas de colegas de trabalho, que duvidavam da sua capacidade e aptidão física para o exercício profissional. 

"Eu me desafiava para dar o meu melhor. Eu entendi que a mulher pode estar onde ela quiser", declarou a palestrante, sob aplausos. 

"Entrei como soldado. No ano seguinte, fui cabo. Aí bati de frente com oficiais, justamente por conta do assédio. Fui graduada e passei a comandar equipes de guarnição. Então eram desafios constantes. Aprendi, pela força da dor, que eu podia chegar onde eu quisesse", encerrou. 

AGOSTO LILÁS

Ao longo deste mês de agosto, diversos campi do Ifal têm desenvolvido atividades em alusão ao mês de conscientização pelo fim da violência contra a mulher. No próximo dia 31 de agosto, a Coordenação de Ações Inclusivas da instituição irá promover, às 16h, uma live sobre direitos das mulheres. Saiba mais aqui.