Notícias
Estudantes de Arapiraca pedem ajuda para apresentar projetos no exterior
Projetos estão em desenvolvimento no Ifal Arapiraca e têm melhorado a realidade da zona rural do município
Como fazer a diferença no mundo? Muita gente nem pensa nessa questão. Outros encontram um caminho logo cedo para contribuir com um mundo melhor. Você vai conhecer agora um pouco da história de jovens do Instituto Federal de Alagoas, Campus Arapiraca, que apostaram na Educação para transformar realidades da zona rural do município. Jovens que também precisam de ajuda para poder divulgar os projetos em eventos internacionais, em Londres e no Chile.
Aprender Matemática brincando
Desde 2017, os estudantes da Escola de Ensino Fundamental Professor Lourenço de Almeida, no Sítio Balsamo, em Arapiraca, ganham reforço para aprender Matemática. A disciplina tão temida é ensinada com a ajuda do teatro e outras atividades desenvolvidas pelos estudantes Carlos Matheus Esperidião da Silva e Tiago dos Santos da Silva, com a orientação do professor José Roberto de Almeida Lima.
O grupo escreve e encena a história do Reino Geométria. O teatro diverte, encanta e desperta os alunos para o aprendizado. Para que a encenação fique ainda melhor, Matheus e Tiago contam com a ajuda dos amigos e até o professor atua nas apresentações.
O nome do projeto de Extensão é ‘O uso do lúdico na Matemática como forma de melhorar o aprendizado para ingressar no Ensino Médio’. “Eu sempre estudei em escola pública e, antes de entrar no Instituto Federal, eu tirava notas legais em Matemática, mas quando eu cheguei no campus, a minha primeira nota em Matemática foi 5. Eu comecei a conversar com Tiago, que falou que estava com o mesmo problema. Então, a gente procurou o nosso professor, Roberto, e começamos a estudar métodos pra ver se conseguíamos melhorar isso. A gente percebeu que no Agreste alagoano, quase todo mundo que entrava no Ensino Médio tinha essa dificuldade, tinha esse impacto e a gente queria mudar isso”, explicou Matheus.
O projeto utiliza teatro, brincadeiras, simulados com fundamentos de vários pensadores, como Jean Piaget. “Ele falava que professor não é o que ensina, mas que desperta no aluno a vontade de aprender. Ele deve despertar o querer, para que o aluno queira aprender o conteúdo”, lembrou Matheus.
Antes do projeto, 58% dos alunos da turma do 5º ano que recebe as aulas extras de Matemática tinham notas entre 2,5 e 5. O número caiu para 11% depois da execução do projeto. Já 8% tinham notas entre 7,5 e 10, índice que aumentou para 61% depois da execução do projeto.
Matheus e Tiago levaram o projeto para vários eventos. Estiveram na Feira Brasileira de Iniciação Científica, em Santa Catarina, no Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, no Rio Grande do Norte, foram premiados com o terceiro lugar da sua categoria na Mostra de Ciência e Tecnologia da Escola do Açaí e no Movimento Científico Norte e Nordeste, em Abaetetuba, interior do Pará. E na Feira Nordestina de Ciências e Tecnologia, a Fenecit, em Pernambuco, conquistaram a credencial para o Fórum Internacional de Ciências e Engenharia, em Santiago do Chile, que vai ocorrer de 28 a 31 de agosto de 2019.
A expectativa é grande para poder apresentar o projeto no evento do Chile. Mas os estudantes comemoram os resultados alcançados. “Pra mim, o maior aprendizado foi se ver no lugar de um professor, tentando buscar metodologias de ensino que facilitem o aprendizado dos alunos. A metodologia de ensino que nós passamos para as crianças é bem diferente da tradicional. E no fundo fica o sentimento de gratidão, de ver a turma feliz e saber que estão aprendendo”, contou Tiago.
Prevenção de choques elétricos
O outro projeto parte de uma constatação preocupante: a alta incidência de choques e acidentes elétricos na zona rural de Arapiraca. A estudante Ana Beatriz Catonio de Vasconcelos analisou as instalações elétricas de 72 residências em seis comunidades de Arapiraca para saber como podia evitar os acidentes. Orientada pelo professor Augusto César de Oliveira e com a ajuda voluntária de Joyse Vitória Pascoal dos Santos, eles descobriram a causa para os acidentes. “Quando a gente começou a pesquisar sobre isso, vimos que a causa foi um atraso que a zona rural teve em relação à zona urbana. A eletricidade chegou primeiro na zona urbana, para depois chegar na zona rural. E isso trouxe várias consequências, que provocaram muitos acidentes”, relatou a estudante.
O projeto de Pesquisa se chama ‘Análise das instalações elétricas prediais quanto à proteção básica contra choques elétricos em residências da zona rural de Arapiraca’. O levantamento mostrou que cerca de 45% das residências estavam em uma situação crítica. “Em relação à idade das instalações, vimos instalações de 40 anos, também registramos ausência de aterramento, ausência de eletroduto, que é quando os fios estão aparentes na instalação, e levamos em consideração também a renda das pessoas, que não conseguem investir para melhorar essa situação”, explicou.
O projeto foi apresentado no Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, em Pernambuco, na Feira Nordestina de Ciências e Tecnologia, a Fenecit, também em Pernambuco, no evento da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Maceió, e no Congresso Acadêmico do Ifal, em Maceió. O trabalho também foi premiado em terceiro colocado na categoria Engenharia na Mostra Científica e Tecnológica da Escola Epial (Arapiraca), conquistando o credenciamento para o London International Youth Science Forum, em Londres, que vai acontecer de 24 de julho a 7 de agosto.
Próximas etapas
Os projetos continuam sendo desenvolvidos pelos estudantes, que contam com bolsas de Extensão do Instituto Federal de Alagoas, Campus Arapiraca.
Neste ano, o grupo da Matemática vai continuar com as aulas na Escola Lourenço de Almeida e também vai levar as aulas temáticas à Escola Manoel Alberto da Costa, nas Batingas. Já Beatriz vai voltar nas casas em que a situação é de maior risco para refazer as instalações elétricas das famílias, para evitar acidentes.
Mas a expectativa dos três é que consigam condições para representar Alagoas nos eventos internacionais. Para isso, os estudantes lançaram duas vaquinhas online, para poderem arcar com os custos da viagem.
Agora, a gente volta para a pergunta que dá início a esse texto. Como fazer a diferença no mundo? Tendo ou não encontrado o seu caminho, você tem uma nova oportunidade: que tal ajudar esses jovens a fazer a diferença?
Vaquinha online da Ana Beatriz, com o projeto de proteção a choques elétricos - http://vaka.me/542204
Vaquinha online de Tiago e Matheus, com o projeto de ensino da Matemática de forma lúdica - http://vaka.me/494469