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Educação e sustentabilidade: quanto vale o seu lixo?
Ifal Arapiraca lança campanha para promover a coleta seletiva de lixo na instituição
Com um brilho no olhar, dona Quitéria Maria dos Santos, 56, conheceu o novo campus do Ifal Arapiraca. Ela ficou encantada com a estrutura, as salas, os laboratórios, mas nada comparado à alegria de encontrar locais específicos para promover a coleta seletiva do lixo.
É que dona Quitéria é catadora de lixo em Arapiraca. Ela trabalhou em locais que promoviam a reciclagem dos materiais, mas há cerca de oito anos perdeu o emprego e precisa ir de casa em casa olhar o lixo descartado e pegar o que pode ser vendido para ser reaproveitado. “Nas ruas eu trabalho dois meses para fazer R$ 200 de material. Catando lixo nas bolsas, pegando vermes. É difícil, minha vizinha já se cortou com um pedaço de vidro”, contou.
A realidade de dona Quitéria é semelhante à de 14 famílias que também moram no bairro Itapoã, na comunidade Vila Contente. Atualmente, eles trabalham na reciclagem de lixo com a ajuda da ONG Casa de Caridade. “Nós temos 80 famílias cadastradas e 15 estão trabalhando com a reciclagem. Para essas famílias, 80% da renda está na reciclagem”, explicou o presidente da ONG, Alex Gomes da Silva. Ele acrescenta que, além da dificuldade de catar lixo nas ruas, o risco de se cortar e ficar um tempo parado para cuidar do ferimento, ainda tem a violência e a humilhação do trabalho. “Algumas pessoas já foram agredidas porque estavam em busca de materiais recicláveis no lixo. E a autoestima das pessoas não é boa. Mas agora, com o Ifal, a autoestima desse pessoal já está melhorando”, acrescentou.
Parceria com o Ifal
A Comissão de Sustentabilidade do Ifal Arapiraca fechou uma parceria com a ONG para encaminhar o lixo coletado no campus. Locais específicos para recolher vidro, papel, metal, lixo orgânico e plástico estão espalhados pela unidade.
“O nosso desafio maior é realizar a separação do lixo. Nós não estamos habituados a isso, a gente vem de um histórico em que não tivemos essa preocupação até agora. Mas se a gente continuar descartando lixo da forma atual, como fica a nossa relação com o futuro, com a sustentabilidade?”, questiona a professora Adriana Ferreira, integrante da comissão.
A preocupação também inclui os gastos de energia e de água. O objetivo da comissão é promover o consumo consciente dos recursos. Para isso, sistemas de irrigação sustentáveis são estudados para implementação no campus, orientação sobre o uso de ar-condicionado e lâmpadas é feita e, em breve, a instituição vai deixar copos descartáveis para adotar copos reutilizáveis. “Em 2017, nós compramos 125 mil copos descartáveis de plástico e todos foram utilizados”, lembrou Adílson Correia, chefe do Departamento de Administração do campus.
As medidas vão ser implementadas aos poucos, com campanhas e a conscientização dos integrantes da instituição, como as reuniões que vem sendo realizadas com estudantes, servidores e colaboradores do Ifal. “Não é uma questão somente da Comissão de Sustentabilidade, é uma questão de todos. A responsabilidade é de todos. E a instituição também educa dando o exemplo”, finalizou Adriana.