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Conheça os projetos apresentados por estudantes do Ifal em eventos científicos no Pará
Dos sete projetos, quatro foram premiados e dois receberam credenciais na Mostra de Ciência e Tecnologia da Escola Açaí e no Movimento Científico Norte e Nordeste
Ciência, tecnologia, inovação e empreendedorismo. Tudo isso esteve presente nos eventos científicos realizados entre os dias 3 e 7 de dezembro, em Abaetetuba, no Pará. O Instituto Federal de Alagoas foi representado por sete projetos, quatro deles foram premiados e dois receberam credenciais para outros eventos científicos.
Dos sete projetos de Alagoas, quatro foram do campus Arapiraca e outros três do campus São Miguel dos Campos. São eles: “O uso do lúdico na Matemática como forma de melhorar o aprendizado para ingressar no ensino médio”, “ProIfal e o ensino de Língua Portuguesa”, “Desenvolvimento de um kit didático de robótica educacional”, “Incidência de suicídio em Arapiraca: uma alternativa tecnológica de prevenção”, “Alfabetização de jovens e adultos: um pedido de acesso à sociedade”, “Biblioteca Sustentável” e “Educação ambiental com utilização de jogos reciclados”.
Os projetos foram apresentados na Mostra de Ciência e Tecnologia da Escola Açaí e no Movimento Científico Norte e Nordeste. Cerca de 150 trabalhos participaram das feiras. Uma iniciativa que promove o desenvolvimento da ciência e motiva mais estudantes a se interessarem pela pesquisa e pelo desenvolvimento de soluções criativas para problemas das comunidades.
ProIfal e o ensino de Língua Portuguesa
O ProIfal é um programa de Extensão que, em 2017, teve o objetivo de levar oportunidade para 40 alunos de escolas municipais de Arapiraca. O projeto voltado para o ensino da Língua Portuguesa é assinado pelo estudante Daniel Ferreira Silva, com a orientação da professora Sandra Araújo L. Cavalcante. O projeto conquistou a segunda colocação nos eventos científicos do Pará e garantiu a credencial para a Mostra Científica Latinoamericana, que vai acontecer ano que vem no Peru.
“A gente considerou pesquisas que mostram a defasagem da Língua Portuguesa. Nós brasileiros deveríamos dominar a nossa língua, mas não acontece isso. Vários desvios que temos na oralidade vão para a grafia, para a escrita. Então, o nosso projeto busca amenizar essa situação educacional com o suporte para alunos de escolas públicas, para que eles ingressem no Instituto Federal de Alagoas, campus Arapiraca”, explica Daniel.
Eles utilizaram a plataforma Kahoot com metodologia para incentivar os estudantes. “É basicamente um jogo online que os alunos utilizam o celular dentro da sala de aula, mas num aspecto positivo”. E ao final do ano, 11 estudantes foram aprovados no exame de seleção do Ifal. O resultado motivou a expansão do projeto, que este ano atingiu cerca de 160 estudantes de escolas de Arapiraca e da região, como Taquarana, Junqueiro, Coité do Noia e Feira Grande.
O projeto foi apresentado na Feira Nordestina de Ciência e Tecnologia, a Fenecit, em Recife, e conseguiu a segunda colocação na categoria Linguística, Letras e Artes. Ele também foi credenciado para ser apresentado em Assunção, no Paraguai, em uma feira chamada Ciencap.
Incidência de suicídio em Arapiraca: uma alternativa tecnológica de prevenção
O projeto é desenvolvido pelos estudantes Igor Silva de Oliveira e Mylena Ribeiro Duarte, sob a orientação do professor Geraldo Ramires de Lima Júnior. Nos eventos do Pará, ele conquistou o terceiro lugar na categoria Humanas.
De acordo com Igor, o projeto é uma extensão da Pesquisa já realizada no Ifal. “É de nosso conhecimento que a taxa de suicídio em Arapiraca é duas vezes maior que a média nacional, chega a quase perto de três. Então, nosso objetivo não é apenas entender o suicídio em Arapiraca, mas também criar um ambiente em que universitários e pesquisadores possam ter dados concretos e fazer a ligação com o CVV, que é o Centro de Valorização da Vida. O canal 188, disponível 24 horas por dia, sete dias por semana, busca trazer essa ajuda psicológica a essas pessoas que estão com intenção suicida”.
O grupo quer desenvolver uma plataforma e também criar essa rede de ação e prevenção, para conscientizar sobre o bullying e a contribuição do mesmo nos casos de depressão e suicídio. Mas também levar a prevenção de forma lúdica, para que as pessoas se sintam acolhidas. “Nosso projeto tem como principal objetivo a prevenção, para que os índices baixem”, reforça.
Na Moncitepial, em Arapiraca, o projeto conquistou a credencial para participar de um evento científico na Universidade do Minho, em Portugal, em 2019.
O uso do lúdico na Matemática como forma de melhorar o aprendizado para ingressar no ensino médio
O projeto conquistou a terceira colocação na categoria Exatas. Ele é desenvolvido pelos estudantes Carlos Matheus Esperidião da Silva e Tiago dos Santos da Silva, com a orientação do professor José Roberto de Almeida Lima.
Matheus conta como o projeto teve início: “Eu sempre estudei em escola pública e, antes de entrar no instituto federal, eu tirava notas legais em Matemática, mas quando eu cheguei no Instituto, a minha primeira nota em Matemática foi 5. E aí eu comecei a conversar com Tiago, que falou que estava com o mesmo problema. Então, a gente procurou o nosso professor, Roberto, e começamos a estudar métodos pra ver se conseguíamos melhorar isso. A gente percebeu que no Agreste alagoano, quase todo mundo que entrava no ensino médio tinha essa dificuldade, tinha esse impacto e a gente queria mudar isso”.
O projeto utilizou fundamentos de vários pensadores, como Jean Piaget. “Ele falava que professor não é o que ensina, mas que desperta no aluno a vontade de aprender. Ele deve despertar o querer, para que o aluno queira aprender o conteúdo”, lembra e ressalta Matheus.
O trabalho foi desenvolvido na Escola de Ensino Fundamental Professor Lourenço de Almeida, no Sítio Bálsamo. Os estudantes aplicaram uma avaliação antes e depois do projeto. Antes, 58% dos alunos tinham notas entre 2,5 e 5. O que caiu para 11% depois da execução do projeto. Já 8% tinham notas entre 7,5 e 10, o que aumentou para 61% depois da execução do projeto.
“Três alunos que queriam fazer a prova do Ifal conseguiram passar numa boa colocação. E assim, a gente conseguiu provar que o lúdico com o conteúdo motiva as pessoas a quererem estudar. Então, este ano a gente começou a trabalhar com a educação básica, com a matemática teatral. A gente dentro do teatro consegue passar o conteúdo da Matemática aos alunos”, explica o estudante. Para o próximo ano, a intenção é renovar o projeto ampliando o número de escolas em Arapiraca.
Na Fenecit, o projeto conquistou a credencial para o Fórum Internacional de Ciências e Engenharia, em Santiago do Chile, em 2019. Ele também ganhou o segundo lugar na categoria Ciências Exatas e da Terra.
Educação ambiental com utilização de jogos reciclados
O projeto é desenvolvido pelas estudantes Jucielle da Silva Fonseca e Josefa dos Santos do Nascimento, com a orientação do professor Laelson de Lira Silva. Ele ficou na terceira colocação, na categoria Sociais e ainda recebeu a credencial para participar da Fetec 2019, Feira de Tecnologias, Engenharias e Ciência de Mato Grosso do Sul.
“O projeto surgiu por uma problemática da minha cidade, Anadia. A gente percebeu que a gestão não tem um olhar tão ativo para a questão ambiental. Então, a gente decidiu conscientizar a nova geração. Sabemos que é bem mais fácil conscientizar crianças do que adultos. Então, junto com o orientador, fiz uma pesquisa da idade que as crianças estão formando suas mentalidades para esta questão e chegamos à conclusão de que são as crianças de oito a doze anos, que são do quarto ano do ensino fundamental, nosso público-alvo”, diz Jucielle.
Outro objetivo do projeto é promover a educação ambiental. As estudantes estimularam a reutilização de materiais e a reciclagem, com jogos educativos, gincanas, premiações. “A gente tenta formar parcerias com as escolas, secretariais e a gente vai para a sala de aula fazer um treinamento bem lúdico para as crianças. Ensinando o que é lixo, o que é coleta seletiva, os cinco ‘Rs’ da sustentabilidade, que são reciclar, reutilizar, repensar, reduzir e recusar”, conta a estudante.
Em Boca da Mata, foram atendidas quatro escolas e, em Anadia, cinco instituições. Por volta de 300 crianças foram avaliadas. O grupo encerrou o projeto, mas já analisa novas possibilidades de atuação. “Estamos lutando para que as Gestões municipais olhem de uma forma diferente para esse projeto, para que ele continue nas escolas”, espera Jucielle.
Biblioteca Sustentável
O projeto foi desenvolvido pelos estudantes João Carlos Araújo Duarte, José Edílson dos Santos Júnior, Leandro Rodrigues dos Santos e Evelyn Monique Peixoto de Lima, com a orientação das professoras Wilma Karlla Paixão Silvestre e Kathia Maria Barros Leite.
Ele visa incentivar a leitura aos alunos, ampliando, assim, o universo cultural deles, com um ambiente aconchegante e atraente. “Vendo que o município de São Miguel dos Campos não tinha um lugar propício para a leitura, surgiu o projeto. Nós realizamos uma pesquisa pelas escolas e utilizamos o Método Ergonômico do Ambiente Construído”, conta João.
A biblioteca em que foi aplicado o projeto era praticamente um depósito de livros, que recebeu estrutura adequada para acolher os estudantes, com materiais que seriam descartados, mas foram reutilizados. “Era uma biblioteca apagada, um depósito de livros. E demos uma repaginada, utilizando materiais doados por alunos e pela comunidade. Transformamos o ambiente em um lugar aconchegante e atrativo para os estudantes, propício para a leitura”, explica Leandro. O projeto reforça que todo o material não biodegradável pode ser reutilizado. “Só basta criar, projetar e dar início à montagem do ambiente”, ressalta Júnior.
Os estudantes ficaram em segundo lugar na categoria em que concorreram, na Fenecit, em Recife. Eles também ganharam credencial para a Bélgica e para o México. Com a ajuda da orientadora, vão apresentar o projeto em Angola. Agora, a ideia é expandir o projeto a outras bibliotecas da região.
Desenvolvimento de um kit didático de robótica educacional
O projeto é desenvolvido pelo estudante Ádson Vital Correia, orientado pelo professor José Henrick Viana Ramalho. “Inicialmente, tratava-se de uma ferramenta para auxiliar o ensino da matéria microcontroladores, que é uma matéria que trata de eletrônicos programáveis. E o objetivo era tornar o ensino dessa matéria mais didático, mais lúdico. Mas, no desenvolvimento do projeto, a gente percebeu que conseguiria levar essa ferramenta tanto para o curso de Informática, quanto para as matérias normais de ensino médio lá do instituto. Através de sensores e da programação em si”, explica Ádson.
A iniciativa tem o objetivo de trazer uma metodologia diferente para as aulas, proporcionando ao aluno e ao professor uma nova ferramenta. “Como Paulo Freire diz, é tirar o aluno de uma posição de somente receptor da informação e torná-lo atuante na sala de aula”.
A ferramenta se encaixa nos níveis médio e fundamental e a proposta é que ela acompanhe o aluno desde o início do aprendizado da robótica até os assuntos mais avançados, adaptando-se a diversos projetos. “A gente quer que o aluno se desenvolva também, depois de dominar o kit, ele consiga trocar os sensores, mudar a programação, aperfeiçoar isso, ao seu gosto e a sua precisão”, conta o estudante.
O projeto foi apresentado na Fenecit e conseguiu credenciamento para os eventos científicos que foram realizados no Pará.
Alfabetização de jovens e adultos: um pedido de acesso à sociedade
O projeto foi elaborado pelas estudantes Patrícia Barros dos Santos e Dalvaní Maria dos Santos, sob a orientação da professora Káthia Maria Barros Leite. “A gente elaborou o projeto com base no número muito grande em Alagoas de analfabetos e analfabetos funcionais. As ações foram executadas durante seis meses no distrito Peri-Peri, em Boca da Mata, com dez senhoras que não sabiam ler, nem escrever”, conta Patrícia.
O grupo organizou um plano com aulas práticas, rodas de conversa, atividades com pintura e teve o cuidado de não tratar as alunas de forma infantilizada. As aulas aconteciam em uma sala alugada, depois que foi feito um contato com a Secretaria de Educação do município.
“A gente obteve um grande resultado. Fizemos com que elas se sentissem acolhidas e, assim, conseguimos segurar as dez alunas, sem evasão, durante o período de seis meses. Elas finalizaram sabendo ler e escrever, não grandes textos, mas é um início. E o sonho de cada uma era renovar o RG, porque todas tinham vergonha de não saber assinar o próprio nome”, relata a estudante.
As alunas desta modalidade de EJA diferenciada foram orientadas a procurar a modalidade tradicional para continuar os estudos. E atualmente, elas estão no processo para conseguir a nova documentação, desta vez, com a assinatura.