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Autolesão não suicida, o que é? Como buscar ajuda?
A psicóloga Renata Pires, que atua no Ifal, fez uma pesquisa sobre o número de casos em Maceió e traz informações e orientações nesta entrevista
Entre março e outubro de 2017, durante os estudos do mestrado, a psicóloga Renata Pires, coordenadora de Ações Inclusivas do Ifal, fez uma pesquisa com adolescentes de Maceió. Foram ouvidos 505 adolescentes, de 13 bairros pertencentes a oito regiões administrativas da capital alagoana. O resultado do levantamento é preocupante – 45,5% dos adolescentes relataram que apresentaram pelo menos um episódio de comportamento autolesivo no último ano e 6,53% desses adolescentes possivelmente têm o Transtorno de Autolesão Não Suicida.
Renata explica que as autolesões mais utilizadas são cortar, arranhar, bater, beliscar e cutucar até sangrar alguma parte do próprio corpo. Os motivos para isso são diversos, mas indicam que o adolescente precisa de ajuda. E para saber mais sobre esse transtorno e qual a melhor forma de buscar ajuda, a psicóloga respondeu as perguntas abaixo, confira!
Quem pode ser diagnosticado com o transtorno?
O indivíduo que durante um ano teve em cinco ou mais dias um dano intencional autoinfligido à superfície do seu corpo com a expectativa de que a lesão levasse somente a um dano físico menor ou moderado. É importante ressaltar que não há intenção suicida dessa pessoa. Mas há expectativa de obter alívio de sentimentos negativos, resolver uma dificuldade interpessoal ou induzir um estado de sentimento positivo.
Por que a autolesão aparece?
Ela surge como uma tentativa de lidar com os sentimentos negativos. É uma forma que o adolescente utiliza quando ele não sabe lidar com a dor, com o sofrimento, com a tristeza, com a autocrítica, com a ansiedade. Quando ele está passando por uma dor emocional, a dor física às vezes parece mais fácil de lidar do que uma dor emocional. A solidão e a questão da impulsividade também têm relação com a autolesão.
Qual o grupo de risco?
Adolescentes e adultos jovens. A partir de 11 anos até os vinte e poucos anos. Mas é mais comum na faixa de 13, 14 e 15 anos.
O que fazer se eu perceber que estou desenvolvendo o transtorno?
Quem estuda Instituto Federal deve buscar o setor de Psicologia, se não tem setor de Psicologia no campus, é preciso buscar na Rede Federal por psicólogo, psiquiatra ou profissionais de Saúde que possam te orientar em relação a isso. E tem sites também que podem dar orientações, como o CVV, Centro de Valorização da Vida, onde é possível fazer uma ligação ao passar por um momento difícil e conversar com um profissional. O site é o www.cvv.org.br.
O que fazer se eu desconfio que um amigo está desenvolvendo o transtorno?
Pode buscar o setor de Psicologia para conversar com o profissional para saber o que fazer – indicar qual é o amigo, tentar levar esse amigo para o setor, conversar com ele para saber por que não procura ajuda. A pessoa pode ainda tentar agendar um horário no setor para o amigo. E também podemos agendar uma data para dar uma palestra aos estudantes. O importante é incentivar a busca por ajuda.