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Vítimas de violência, alunas de programa de capacitação feminina do Ifal gravam músicas sobre o tema

Álbum intitulado "Mulheres Mil pelo fim da violência contra a mulher" está disponível na plataforma Soundcloud

por Roberta Rocha publicado: 09/03/2016 18h13, última modificação: 09/03/2016 23h42

Alunas do programa Mulheres Mil do Instituto Federal de Alagoas - Ifal, uma iniciativa voltada à qualificação profissional de populações femininas em situação de vulnerabilidade social, transformaram suas experiências com a violência contra a mulher em canções. Sete dessas composições foram lançadas na plataforma virtual Soundcloud, na terça-feira (8), em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

"Estamos disponibilizando para o público um material amador, mas de uma essência rica. São mulheres cantando suas próprias histórias, suas vivências; soltando a voz por mais respeito e igualdade. Produzir o álbum foi a nossa forma de endossar esse coro", definiu a gestora institucional do Mulheres Mil - Ifal, Luiza Jaborandy.

O projeto musical surgiu a partir de uma atividade proposta pela equipe sistêmica do programa, em alusão aos 106 anos da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. Onze unidades de ensino onde o Mulheres Mil atua em Alagoas receberam a missão de realizar a Gincana Florescer. Para as equipes participantes, entre outras atividades lúdico-pedagógicas, constava a tarefa de apresentar músicas inéditas sobre o tema "Juntos pelo fim da violência contra a mulher", com ênfase na Lei Maria da Penha.

"Nós estudamos sobre os direitos da mulher nas aulas e juntamos à nossa realidade. Eu mesma faço parte das estatísticas de violência, porque não é só bater que conta. A maioria de nós ou já foi vítima ou conhece alguém do sexo feminino que já foi agredida fisicamente pelo companheiro, que sofreu algum tipo de assédio, ameaça ou humilhação por aí", expôs Edna Silva, aluna do Mulheres Mil em Arapiraca.

Com as colegas de curso, Edna participou da gravação da faixa "Mulheres Guerreiras" e elogiou a experiência. "Eu nunca tinha entrado em um estúdio. Foi muito especial. Sem contar que, por meio das nossas músicas, poderemos ser instrumento de mudança na vida de outras mulheres", comemorou.

Além das composições da equipe de Arapiraca, também integram o álbum "Mulheres Mil pelo fim da violência contra a mulher" faixas criadas pelas alunas de Santana do Ipanema, Viçosa, Branquinha e Coruripe. Apenas no caso de Estrela de Alagoas, a música cantada pelo grupo é de autoria de Paulo César de Souza Lopes, marido de uma das beneficiadas.

O projeto teve repercussão tão boa, segundo Luiza Jaborandy, que vai virar CD e já tem data certa para ser lançado. "No dia 30 de abril, o coral Mulheres Mil - Cantoras de Paripueira se apresentará com esse repertório disponibilizado na SoundCloud, que é uma seleção entre todo o material produzido na gincana. Com o lançamento do CD, queremos fazer ecoar ainda mais essas vozes que durante tanto tempo foram silenciadas", enfatizou a gestora.

É possível acessar as canções gravadas pelas alunas do Mulheres Mil - Ifal no endereço: soundcloud.com/mulheres-mil-ifal.

Sobre o programa

O Mulheres Mil é uma iniciativa do governo federal vinculada ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e executada pelos institutos federais, no intuito de promover a emancipação social, econômica e educacional de milhares de brasileiras . 

Em Alagoas, o programa já atendeu mais de 3.000 mulheres, com a oferta de cursos profissionalizantes aliados à formação cidadã, por meio de componentes curriculares como inclusão digital, empreendedorismo, economia solidária, sustentabilidade, saúde e direitos da mulher.

Faz parte da metodologia do Mulheres Mil a utilização de instrumentos que permitam conhecer a trajetória de cada aluna, dificuldades enfrentadas, abusos sofridos, sonhos e perspectivas pessoais. Apenas no último diagnóstico situacional aplicado, mais de 250 beneficiárias relataram casos de violência dos quais foram vítimas.