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Setembro amarelo: Ifal realiza atividades voltadas à prevenção da depressão e do suicídio

Especialista explica características, fala sobre tratamentos e orienta como agir ou como buscar ajuda em casos mais graves

por Bartolomeu Honorato publicado: 30/09/2019 09h35, última modificação: 02/10/2019 15h49
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Ednan de Souza durante palestra no Campus Maragogi

Cada dia mais recorrente entre os jovens, a autolesão tem ligado o sinal de alerta em profissionais de saúde e de educação. Durante o mês de setembro, os campi do Instituto Federal de Alagoas realizaram atividades voltadas para a prevenção de suicídio, depressão e outras doenças. No Campus Maragogi, o médico pós-graduado em Psiquiatria, Ednan de Souza, tirou dúvidas de estudantes e servidores. Ao fim da palestra, ele respondeu às perguntas abaixo, para ajudar a informar a comunidade acadêmica. Na conversa, o médico explica o que é a autolesão, como ela se manifesta nos jovens e orienta pais e professores a identificarem essas práticas em crianças e em adolescentes. Também cita que a depressão, em estado grave, pode levar o paciente a práticas de cortes no próprio corpo ou ao suicídio e afirma que a informação é a melhor forma de prevenir ações como essas.

 

Neste mês de setembro, os debates sobre suicídio e depressão são mais recorrentes em instituições de educação, de saúde e na mídia, mas há quem desconheça as características dessa doença. Quais as mais comuns?

Falar de depressão é fácil. Se eu perguntar a alguém sobre isso, ela vai dizer os sintomas iguais aos que estão nos livros. Para fechar o diagnóstico, precisamos ter três ou quatro deles. Isolamento, perda da vontade de fazer as coisas, não querer ver as pessoas, não querer se alimentar, deixar de se cuidar são sintomas depressivos. A dor é tão forte que a tentativa do suicídio é comum. A depressão tem três graus: leve, moderada e grave. Todo mundo que tem depressão precisa tomar remédio? No grau leve, não precisa.

 

Estudantes do Campus Maragogi durante atividade alusiva ao setembro amareloVocê citou alguns sintomas que caracterizam a depressão. Sempre que alguém os apresenta, pode-se considerar que ela sofre disso?

Como vou dizer que a pessoa tem depressão? Ela pode ter sintomas depressivos: estar sem vontade de fazer as coisas, sem querer sair de casa, sem se arrumar e pensar na morte. Isso pode acontecer um dia e nem todos os dias estaremos assim. Chamamos isso de oscilação no humor. Todos os dias estarei “para cima”? Não; isso é comum. A partir do momento que se passam 15 dias, três, quatro semanas e eu sempre estou “para baixo”, é o momento de procurar o médico. Na adolescência, existe a vergonha em procurar ajuda e a família não aceita isso. Diz que é besteira e que o filho faz charme, mas é preciso de apoio.

 

Todos os dias estarei “para cima”? Não; isso é comum. A partir do momento que se passam 15 dias, três, quatro semanas e eu sempre estou “para baixo”, é o momento de procurar o médico. 

Dá para os pais e os educadores identificarem sinais de autolesão ou de tentativa de suicídio em crianças e adolescentes?

É difícil ter um sinal sutil. Converse com a pessoa ou com os amigos dela e tente saber o que está ocorrendo. Se você encontrar alguma dificuldade, peça para que ela procure um posto de saúde. Com isso, você vai ligar a pessoa à saúde.

Atividades alusivas ao setembro amarelo foram realizadas nos campi do Ifal 


E como é feito o tratamento no Serviço Único de Saúde (SUS)?

Separamos em portas de entradas no SUS. Temos a atenção básica com médicos, enfermeiros. Existe a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que atende casos de pessoas que tentaram se cortar e lá são atendidas na emergência. A UPA, vai tentar tratar o surto, a agressividade das pessoas. Há ainda o Centro de Atenção Psicossocial (Caps). No de Maragogi, fazemos um trabalho diferenciado, fazemos o acompanhamento e hoje a parte de aconselhamento é feita na unidade básica de saúde.

 

É comum pacientes chegarem aos postos de saúde relatando ao médico um mal estar. Há situações em que os exames não o encontram no paciente?

Alguns alunos chegam ao posto do Programa de Saúde da Família (PSF) contando que estão com uma falta de ar que não passa ou sentindo uma dor no peito. E quando a gente olha os exames, está tudo normal. Mas em hipótese alguma a gente não falou que aquela dor no peito ou falta de ar não existe. Há o problema que sai da cabeça e afeta os órgãos, que são os somáticos. Ou seja, você começou a somatizar isso no seu corpo.

 

Atividades alusivas ao setembro amarelo foram realizadas nos campi do IfalAtividades alusivas ao setembro amarelo foram realizadas nos campi do IfalAtividades alusivas ao setembro amarelo foram realizadas nos campi do Ifal

O Instituto Federal de Alagoas tem realizado, ao longo do mês, atividades alusivas ao setembro amarelo, levando informações e profissionais qualificados para conversar com servidores e estudantes. Como a comunidade acadêmica pode dar continuidade a essas ações?

Usamos muito intersetorialidade: educação e saúde juntas num mesmo evento. Visitamos escolas com Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), fazemos passeatas, palestras. Informação vale tanto quanto o tratamento. O mais interessante é focar na informação para prevenção.

 

Se você estiver precisando de ajuda ligue para o número 188, do Centro de Valorização da Vida. Nele você terá apoio emocional, com profissionais capacitados que atendem voluntariamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, 24 horas por dia, todos os dias. Em Alagoas também é possível ligar para Centro de Amor à Vida (Cavida), pelo número 9 8879-2710, e para o grupo Acolha-me, pelos números 9 9941-0326, 9 8891-0820 e 4101-1539. Busque ajuda, você não está sozinho!

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