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Projetos que disputam competição no Ifal Santana atendem demandas tecnológicas e sociais
Sem esforço ou risco. Nada de subir em cadeiras ou escadas para trocar as lâmpadas de casa. No que depender dos estudantes José Irineu Júnior, Jonathan dos Santos, Renato Oliveira e Victor Ferro, do Campus Palmeira dos Índios do Instituto Federal de Alagoas - Ifal, as pessoas com mobilidade física reduzida poderão baixar as luminárias de teto até o nível em que tenham acesso e assim realizar a manutenção ou limpeza das peças.
Por meio de aplicativo conectado a um celular com sistema Android, é possível acionar o aparato de controle da altura das luminárias, mas a pretensão do grupo de jovens pesquisadores é interligar o sistema aos interruptores residenciais. "Idosos que morem sozinhos, por exemplo, não terão mais dificuldade na hora de trocar as lâmpadas", explicou Irineu.
O invento chamado "I light" é um dos destaques do AVANT IF, competição de ideias inovadoras iniciada no Campus Santana do Ipanema na última sexta-feira, 26. Para Victor Reis, o evento tem sido uma oportunidade de aperfeiçoar as técnicas de empreendedorismo. "No mercado não existe esse protótipo que desenvolvemos. Então acreditamos no potencial da nossa ideia. A dificuldade é saber como vendê-la aos investidores. É o que estamos aprendendo aqui", comentou o aluno de Sistemas de Informação.
De acordo com um dos mentores do grupo e professor de Informática do Ifal Arapiraca, Ari Barreto, "eles amadureceram em relação ao que esperam de uma empresa". A comparação se refere aos avanços registrados no segundo dia de AVANT IF, quando as equipes competidoras completaram 24 horas discutindo a aplicabilidade de seus projetos.
Essa não foi a única proposta inscrita no AVANT IF que atende uma demanda tecnológica. A inovação de Jennifer de Santana, Elizabete Pimentel, Alexandra Pitombeira e Mateus de Holanda, todos estudantes do Campus Maceió, e do professor de Eletrotécnica Marcelo de Assis, também tem esse perfil. Trata-se da criação de uma mini usina domiciliar, que integra energia solar, energia eólica e moto geração de gás natural.
O mecanismo se assemelha a um gerador e, por meio dessas três modalidades de captação de energia, vai carregar baterias estacionárias, aquelas de longa duração, projetadas para suportar ciclos de descarga profundos. A intenção é garantir 3.200W de energia, montante capaz de suprir o funcionamento de todos os equipamentos eletrônicos de uma casa com 4 pessoas.
Um software integrado ao aparelho permite que, por meio do aplicativo intitulado Hibridger, o usuário controle a rede de energia da casa. "Será possível verificar quanto a placa solar está gerando, por exemplo, e dosar o uso", esclareceu Jennifer.
Para Augusto Aielo, um dos mentores da equipe, é notável o comportamento mais confiante e incisivo do grupo em relação ao início da imersão. "Eles entraram, de fato, no mundo do empreendedorismo", aponta o palestrante trazido de São Paulo para o evento. A jovem pesquisadora Elizabete concorda com o posicionamento. "Antes a gente só observava a ideia do ponto de vista técnico, agora ampliamos o olhar, está mais próximo de um negócio", afirmou.
Alimentação saudável
A preocupação com a segurança alimentar e nutricional motivou algumas equipes a desenvolverem, sob diferentes perspectivas, modelos de negócios capazes de atender essa demanda social. A primeira delas é iniciativa dos alunos do Ifal Palmeira dos Índios Emerson Jonas, Ranna Karine e Wesley Cabal. Eles pensaram em uma plataforma de auxílio à alimentação escolar, para atender crianças de 2 a 10 anos de idade. "É quando os pais têm mais controle sobre o que os filhos comem", defendeu Ranna.
A ideia consiste em oferecer um serviço de lanche nutritivo para crianças, a ser contrato em regime de assinatura e entregue diariamente no ambiente escolar. De acordo com um dos mentores da equipe, o analista de sistemas Valdênio Freitas, propor alimentação balanceada e nutricionalmente adequada é uma iniciativa com grandes chances de aceitação. "Falta esse acompanhamento quando o filho está fora de casa. É uma preocupação de muitos pais, mas falta tempo para a maioria cuidar disso", complementou Emerson.
Do Ifal Batalha, o grupo formado pelos discentes José Welington Lima, Hillary Gomes e Jackson Pereira tem a mesma preocupação com a alimentação oferecida nas escolas. A criação deles envolve uma plataforma para fornecer informações sobre agricultura familiar da bacia leiteira de Batalha, com o intuito de intermediar a negociação entre escolas públicas e pequenos produtores.
"Há uma lei que determina que 30% da merenda escolar deve ser oriunda da agricultura familiar. Vamos oferecer um site com detalhamento como endereço de produtores, o que eles estão produzindo e a quantidade. Assim, os órgãos públicos saberão onde, o quê e como comprar", ressaltou Hillary.
Os estudantes Anderson Moraes, Ingrid Alves e Ítalo Alves, do Campus Piranhas, Jaqueline Vieira inovaram também no contexto das alternativas para alimentação saudável. Eles elaboraram uma startup de produção de hortaliças orgânicas para fornecer a restaurantes, redes de supermercados e aos consumidores finais. "Além do cultivo orgânico, o diferencial é a distribuição, com entrega a domicílio. A gente viu que o consumo de orgânico em nossa cidade é escasso e pensamos em facilitar esse acesso", destacou Anderson. "A pretensão é posteriormente articular com outros produtores da região para montar cooperativas e contribuir com o desenvolvimento local".
Produção de biopetróleo
Outra proposta inovadora partiu das discentes do curso técnico de Segurança do Trabalho do Campus São Miguel dos Campos, Carolayne Artemísia, Aline Ramos, Amanda Mirely e Laís Samara. A expectativa delas é gerar biopetróleo por meio de esgoto doméstico.
"Quando o esgoto passa pela estação de tratamento, a parte líquida retorna aos rios e a parte sólida vai para os aterros sanitários ou vira fertilizante. Nós pensamos em coletar esse material logo após o trânsito pelo decantador primário, quando ainda contém matéria orgânica, e submetê-lo a alta pressão e temperatura, em um reator que vai acelerar o processo de transformação desse lodo em biopetróleo", expôs Carolayne. O produto final poderá ser vendido a indústrias de refino de petróleo. A startup recebeu o nome de Estação PetroBio.
Dezenas de projetos na área de agroecologia, educação, sustentabilidade e serviços foram discutidos com os mentores durante o segundo dia do AVANT 2017. A avaliação das propostas com a premiação das melhores equipes está prevista para a tarde deste domingo, 28.