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Projetos de extensão do Ifal chamam atenção pela interação com a rede pública de ensino

publicado: 09/09/2016 09h16, última modificação: 08/11/2023 10h15
Exibir carrossel de imagens Aluno do Ifal Arapiraca expõe trabalho de resgate de histórias locais realizado em Coité do Nóia

Aluno do Ifal Arapiraca expõe trabalho de resgate de histórias locais realizado em Coité do Nóia

Os projetos extensionistas de alunos e servidores do Instituto Federal de Alagoas - Ifal apresentados em banners no Congresso Brasileiro de Extensão Universitária (CBEU), nesta quinta-feira (8), em Ouro Preto/MG, se destacaram pelas parcerias estabelecidas com instituições de ensino municipais e estaduais. Os trabalhos envolveram a comunidade escolar da rede pública em atividades culturais, ambientais e sociais.

Uma dessas ações partiu do discente do Campus Arapiraca, Luiz Antônio Oliveira, que desenvolveu, com 30 alunos da Escola de Ensino Fundamental José de Sena Filho, um projeto voltado à recuperação de histórias orais e imagens do município de Coite do Nóia, no Agreste alagoano. O estudante incentivou essa turma de jovens a fazer vídeos, entrevistas e gravar áudios com idosos da comunidade para resgatar a história do local, suas lendas e tradições.

"Sou morador da região, sempre ouvia relatos de meus avós e me preocupa que com o passar do tempo essas histórias vão se perdendo, morrendo a cada geração. Queremos preservar isso, até para despertar o interesse pela memória da cidade e contribuir com a formação da identidade cultural dos integrantes da iniciativa", contou Luiz Antônio. Os registros capturados durante a execução do projeto de extensão foram transcritos e parte desse material está disponível no blog hoimagens.blogspot.com.br. 

Já os estudantes Bruno Carvalho e Sérgio Murilo executaram o projeto de suporte de aprendizagem "O lúdico como estratégia nas aulas de matemática" na Escola Municipal Pedro Tenório Raposo, em Murici, e apresentaram no CBEU os frutos dessa experiência. "Levamos em conta a dificuldade dos alunos em aprender matemática e inserimos jogos manuais e softwares para facilitar a assimilação nas duas turmas onde atuamos", esclareceu Bruno. De acordo com o bolsista, a interação entre os participantes no decorrer das dinâmicas surpreendeu positivamente, além do interesse despertado até nos alunos considerados mais rebeldes.

Também do Ifal Murici, a aluna Elaine Santos expôs na mostra de banners um projeto de extensão focado em boas práticas de manipulação do leite e derivados na merenda de quatro escolas públicas de União dos Palmares. Com seus colegas extensionistas, Elaine ofertou capacitação para 12 merendeiras sobre noções básicas de higiene na cozinha, preparo de iogurtes e doces de leite, além da entrega de cartilhas educativas.

"Foram aprendizados que obtivemos na disciplina de Tecnologia do leite e derivados e que reproduzimos nas escolas. As beneficiadas, inclusive, alegaram que há mais de três anos não recebiam nenhum tipo de capacitação. Fiquei muito feliz de levar para elas um pouco do que aprendi no Ifal", assegurou a estudante.

Outro empreendimento articulado para favorecer membros da rede pública de ensino partiu da docente Ellen Abreu e bolsistas do curso de Agroecologia do Ifal Piranhas, a partir da produção agroecológica de hortaliças em escola pública de Canindé de São Francisco. Os alunos de lá aprenderam, observando o grupo extensionista, a montar sistema de irrigação, produzir mudas, construir canteiros, fazer compostagem e manejo ecológico de pragas e doenças, tudo que envolve o desenvolvimento de uma horta agroecológica. 

Em São Miguel dos Campos, o projeto da Vanessa Dias, do curso de Segurança do Trabalho, abrangeu, além de escolas de nível médio, postos de saúde. Nesses ambientes é que a estudante e outros envolvidos no trabalho, preocupados com o descarte inadequado de óleo de cozinha, pilhas e baterias no meio ambiente, deixaram caixas de coleta e promoveram palestras de sensibilização sobre o tema. "Esse é meu primeiro projeto de extensão, tive que pesquisar muito, atualizar dados, então aprendi bastante", destacou a discente em sua exposição. 

Como ela, Cláudio José Júnior, aluno de Química do Campus Maceió, apresentou com visível empolgação os resultados do curso básico de educação ambiental realizado em duas escolas públicas. "Atendemos um total de 50 crianças, explicando sobre questões ambientais, sustentabilidade, reciclagem e propondo intervenções, como a implantação da coleta seletiva em uma unidade de ensino e a realização de uma feira de educação ambiental na outra", informou.

Os conhecimentos adquiridos nas salas do Ifal também foram repassados a estudantes de uma escola pública da comunidade Novo Jardim, no bairro Eustáquio Gomes em Maceió, por meio da proposta de Kelly Tcham, do curso de licenciatura em Letras, e Adson Moura, da licenciatura em Matemática, ambos do Campus Maceió. O projeto deles consiste em ajudar uma turma de 25 alunos a superar o desafio da aprendizagem de português e matemática.

"Eu trabalho a leitura e produção de textos com esse grupo e já percebo muitos avanços. Sem contar a contribuição à minha própria formação. Eu não tinha noção do que era sala de aula, então a experiência abriu novos horizontes e reforçou minha certeza da escolha do curso, de que é isso mesmo que eu quero fazer", relatou Kelly.

Do Ifal Santana do Ipanema, o discente Floriano Damasceno demonstrou aos expectadores do CBEU a importância do projeto de produção de mudas de umbuzeiro para reflorestamento da caatinga, do qual faz parte. "Em uma turma de 15 alunos, damos minicursos, palestras e oficinas. Fazemos a nossa parte, passamos adiante a mensagem da preservação do meio ambiente", resumiu.

Outras propostas

Dos 36 trabalhos aprovados pelo Ifal para apresentação em pôster no primeiro dia de atividades do CBEU 2016, alguns deles contemplaram espaços diferentes do escolar. É o exemplo do projeto "Sociedade Melhor", apresentado no CBEU por Katiane Mendonça, aluna do Ifal Murici. A iniciativa beneficia meninas carentes atendidas pelo Centro Rainha da Paz, em União dos Palmares.

"Nossa ação leva conhecimentos sobre direitos da criança e do adolescente, sobre dispositivos de proteção social. Desenvolvemos atividades de estímulo ao convívio social, peças teatrais abordando temas atuais, como abuso sexual, por exemplo. Fazemos rodas de leitura, reforço escolar, ensinamos artesanato. É uma junção de coisas que aprendemos no instituto em disciplinas como Sociologia, Artes e Língua Portuguesa", disse a jovem. 

Para Daniel Cavalcante, aluno de Design do Interiores no Campus Maceió, a vivência com a extensão impacta não só a realidade do público atendido, mas também a vida acadêmica do extensionista. Ele alega ter experimentado isso na execução do projeto "Olhares etnográficos: percursos do artesanato alagoano", onde foram articuladas visitas a postos de artesanato de Alagoas, bem como às feirinhas de artesanato de Maceió.

A partir daí, elaborou-se um catálogo de mais de 100 páginas com banco de imagens, memoriais e diários de bordo, tudo que foi registrado nessa jornada. "As comunidades tiveram seu trabalho revisitado, valorizado. Estamos contribuindo para que essas feiras não fiquem no anonimato. Mas do ponto de vista pessoal, ter contato com tanta riqueza cultural é transformador", avaliou o futuro designer.   

Centrada no potencial revolucionário da extensão, a ideia de Lucas Rocha é alcançar melhorias no setor produtivo, mais especificamente nas obras de engenharia de pequeno porte no bairro de Palmeira de Fora, em Palmeira dos Índios. Aluno do bacharelado em Engenharia Civil, o rapaz e sua equipe pesquisam obras em andamento ou prestes a iniciar na região, fazem o acompanhamento e identificam as principais dificuldades, montam uma capacitação e convidam os operários da construção civil para palestras no Campus Palmeira dos Índios. "Em dois anos de projeto, já atendemos cerca de 120 operários", comemorou o estudante. 

Diversos campi envolvidos 

A participação do Ifal na mostra de banners do 7º CBEU contou com exibições de projetos dos mais diversos campi da instituição. As propostas em desenvolvimento tanto na capital quanto no sertão carregam a marca do entusiamo de alunos e servidores, por estarem disponibilizando ao público externo conhecimentos adquiridos no ensino e na pesquisa aplicada.

Assim tem sido para o estudante Nataniel Santos, do Ifal Maceió, cuja iniciativa apresentada nesta quarta-feira, em Ouro Preto, contempla a oferta de oficinas profissionalizantes para jovens e adultos de baixa renda, onde são abordados conteúdos como informática básica, rotinas administrativas, gestão de carreira, noções de empreendedorismo, cidadania e sustentabilidade. 

Com o mesmo ímpeto, a aluna de Agroecologia do Ifal Murici, Ana Carolina Rocha, visitou cem residências em União dos Palmares para aplicar questionários referentes ao uso de plantas medicinais. Seu projeto englobou ainda oficinas sobre o cultivo de ervas e o preparo de chás e atraiu a atenção de visitantes da mostra de banners do CBEU porque, segundo ela, "muita gente não sabe a função de cada espécie vegetal". 

Apontar comportamentos mais adequados é igualmente foco da discente Maria Cecília Filho, do curso de Edificações do Ifal Coruripe. No caso do projeto exposto por ela, a mudança desejada refere-se à adoção, por parte de moradores de um conjunto habitacional de Coruripe, de práticas sustentáveis para consumo de energia. Para isso, sua equipe de extensionistas faz a conscientização dos envolvidos sobre a redução de desperdício e uso eficiente de recursos energéticos, através da criação de dados de consumo, produção de cartilhas de orientação e indicação de métodos de utilização dos eletrodomésticos.

Servidores em ação

Servidores do Ifal também foram destaque nas apresentações em pôsteres no Centro de Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto. Ronny Souza, do Ifal Piranhas, expôs o projeto sobre levantamento do uso da energia solar no alto sertão alagoano. O trabalho envolveu alunos do Ifal e moradores de três localidades de Piranhas e baseou-se em uma sondagem acerca das concepções desse público sobre energia solar. "O objetivo é divulgar a importância e possibilidades de uso dessa fonte energética. Para isso, implantamos inclusive uma área de convivência no Campus Piranhas alimentada por energia solar", explicou o professor.

Já o docente Cosme Rogério exibiu o projeto "Literatura, imagem e memória: as representações do sertão nas cartas de Graciliano Ramos", no qual analisou, nas referidas publicações, as interfaces entre texto literário e texto visual como instrumento de compreensão da realidade sertaneja. No banner, ele dispôs reflexões acerca dos processos de construção de identidade nordestina e da necessidade de elaboração de política de preservação de determinados espaços.

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