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Projeto do curso de Logística incentiva empresários a disciplinar os custos financeiros
Ações do IF Mais Empreendedor aproximaram alunos e empreendedores do Benedito Bentes
Gerônimo Vicente - jornalista
Tornar-se barbeiro e depois empreendedor foi um desafio que John Tiago traçou como meta, logo após sua tia orientá-lo a fazer um curso profissionalizante na área. Há algum tempo, ela havia percebido o gosto do sobrinho para “mexer” com cabelo. Concluído o curso em 2009, o profissional trabalhou por três anos em uma barbearia, em São Paulo, e retornou a Maceió, em 2013, disposto a montar o seu próprio negócio.
John escolheu o bairro Benedito Bentes, localizado na parte alta de Maceió, para se fixar no comércio da beleza. Atualmente, o empreendimento atende a jovens entre 15 a 35 anos, possui quatro barbeiros e uma concierge (espécie de recepção) e vai de “vento em popa”, segundo o proprietário. Foi por isso que ele pensou em contratar uma consultoria para orientá-lo como melhor gerenciar o seu negócio.
No meio do caminho, o empreendedor se deparou com o programa IF mais Empreendedor, que por meio do projeto “Diagnóstico e Apoio à Readequação das Estruturas Logísticas e de Qualidade de Empreendimentos” selecionou algumas empresas para a realização de consultorias, visando superar as dificuldades enfrentadas por micro e pequenos empreendedores da capital, pós-pandemia da Covid -19.
Desde julho passado, dez alunas e quatro egressos do curso técnico subsequente em Logística, da unidade de ensino Benedito Bentes, do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), vêm realizando o serviço de consultoria financeira de forma gratuita. John comemora a ação.
“Agora, de fato, estou descobrindo os custos diários que eu tinha na minha empresa. Sempre tive organização financeira, mas nunca procurei saber como colocar em prática. Hoje estou tendo a oportunidade e me sinto muito motivado ao estar com esta equipe maravilhosa”, afirmou o empreendedor.
Planejamento financeiro
O projeto envolve ainda empreendedores nos ramos de hortifruticultura, roupas, vendas de açaí e manicure, que estão sendo orientados em questões básicas de administração pelos alunos e voluntários, sob a orientação do professor e coordenador do projeto, Marcos Charles Balthazar. Ele detalha que por meio do IF Mais empreendedor são diagnosticados o custo, a qualidade e a logística dos empreendimentos, em ações separadas em três partes: Empreendedorismo e Qualidade, Eixo Logístico e Custos e Finanças, desenvolvidos de forma integrada, com o intuito de gerar um plano de ação, em conjunto com os empresários.
O docente explicou que o projeto tem auxiliado os envolvidos a garantir informações financeiras e de custos, de forma mais fidedigna. “Tivemos dificuldades em convencer empresários que não tinham essa proximidade, por causa da pandemia, pela falta de tempo e outros motivos particulares”, ressaltou.
Na barbearia do John, por exemplo, o empreendedor disse que aplicará tudo o que vem aprendendo. “Vou fazer uma reunião com minha equipe e passar a padronizar os serviços e custos para tornar minha empresa auto gerenciável. Somente tenho a agradecer a equipe por me oferecer, gratuitamente, por essa oportunidade”, afirmou.
O Nelly Nails também foi um dos empreendimentos que receberam o apoio dos estudantes do Ifal. A proprietária, Junielle Tenório, ressaltou que quando soube da existência do projeto, tomou como oportunidade para administrá-lo melhor, já que não tinha ideia de quanto gastava ou se os clientes estavam saindo satisfeitos com o serviço.
“Não sabia se elas gostavam do ambiente e dos serviços. Tudo isso, eu descobri e melhorei através do projeto. Quando vi que também precisava melhorar alguns serviços, ajustei algumas coisas, como cafezinho e massagem nos pés e nas mãos”, destacou a empreendedora.
O negócio também está localizado no Benedito Bentes e, para se ajustar às recomendações dadas pelos bolsistas do programa, a empresária realizou uma pesquisa de satisfação e ficou bastante feliz com o resultado das clientes.
“Eu tive um aprendizado com relação ao marketing, a contabilidade e ao atendimento ao cliente. Hoje eu tenho uma visão totalmente diferente de como administrar uma empresa e espero melhorar mais e mais a cada dia, para que eu possa investir melhor e crescer profissionalmente. Fico muito feliz em fazer parte desse projeto e saber que ele me fez abrir a mente para detalhes que nunca imaginei e nem percebia no meu dia a dia de trabalho. Espero que ele possa continuar ajudando muitas e muitas pessoas que empreendem suas empresas”, acrescentou.
Teoria na prática
Participam do projeto as estudantes Lays Bruna, Cecília Maria, Joyce Karla Hilário, Tâmara Oliveira Santos, Anna Lauren, Wilza Léia, Nidiane Bezerra, Andrielle Lima, Grazielle Carolayne, e Maria Eduarda, além da egressa Leonita Machado. A iniciativa conta ainda com a participação de profissionais da docência, pedagogia e psicologia, são eles Ana Karla Cavalcante, André Rocha, Káthia Leite, Luiz Antônio Félix, Diego da Guia, Wellington Manoel, Rosângela Cerqueira e Lívia Teixeira.
A equipe chegou à conclusão de que, apesar do crescimento de alguns empreendimentos, estes ainda necessitam do básico do gerenciamento administrativo. Ficou constatado que fato dos empreendedores não se atualizarem faz com que demandem um profissional de logística.
Uma das bolsistas, Anna Lauren contou que no começo a expectativa era colocar em prática o que estava aprendendo na teoria. E assim foram iniciados os contatos com os empresários.
“Alguns se abriam mais e outros menos. Começamos em julho deste ano, mas precisamos trocar alguns nomes, por desistências. A pandemia atrapalhou um pouco, porque nós tínhamos que ir ao empreendedor para ver o empreendimento e saber como funcionava, para tentar melhorar o gerenciamento administrativo”, explicou a estudante.
Para Lays Bruna, também bolsista, durante as consultas aos empreendimentos constatou-se práticas que ainda não foram estudadas nas aulas teóricas, “O que nos auxilia no aprendizado e orientação dos professores. Quando chegar a teoria, a gente vai estar tirando de letra”, pontuou.
A egressa Leonita Machado resolveu voluntaria-se para o projeto, porque a proposta é similar a assessoria que presta às empresas. “Então, me interessei em participar por trabalhar com equipe, por ter grupo com uma discussão muito rica, por levantar muitos problemas e apresentar soluções diferentes. Falei com o professor e ele sempre acolhedor, permitiu”, prosseguiu.
A aluna Joyce Karla Hilário declarou que estava contente em trabalhar com uma equipe praticamente feminina e de bom entrosamento com os professores. Ela relatou que a experiência está despertando ideias para serem trabalhadas em um futuro próximo.
“Participar deste projeto tem sido uma experiência desafiadora, tanto para nós estudantes, quanto para os empreendedores. Desde o início dele, tivemos que trabalhar em equipe e buscar cada vez mais conhecimento, participando de diversas atividades para compartilharmos e analisarmos juntos como solucionar as dificuldades dos empreendedores em gerir seus negócios, principalmente depois dos impactos sofridos por conta da pandemia. São pequenos erros, pequenas falhas que fazem totalmente a diferença na sua empresa e que passam despercebidos no dia a dia”, comentou.
Já a sua colega, Tamara Oliveira, disse que o IF Mais Empreendedor foi uma oportunidade singular. “Desde então, pude colocar em prática com empresas do bairro Benedito Bentes todos os ensinamentos passados pelos professores de Logística do Ifal. Poder ajudar os empreendedores com nossos conhecimentos e poder ter uma experiência no ramo de logística está superando todas as minhas expectativas em relação ao projeto e ao curso técnico no qual faço parte, da turma do segundo semestre”.
O IF Mais Empreendedor é articulado em todo o país pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec) e tem o Ifal como um parceiro em Alagoas. Para conhecer outros projetos desenvolvidos no estado, acesse a série Ifal Empreende com a comunidade.